Notícia: Boas maneiras para evitar um ‘mico’ numa sala de espetáculos – Fragmento
Quando a gente se programa para um
evento, faz de tudo para que seja uma noite alegre e memorável. Tenta-se
eliminar ao máximo os fatores de estresse: chegar cedo, comprar ingresso
adiantado, escolher o melhor lugar etc. Tudo para acompanhar confortavelmente
aquela atração que se queria tanto ver. Mas nem sempre tudo sai como
gostaríamos. O fator ‘espectador inconveniente’ pode ser o balde de água fria
num programa que tinha tudo pra ser maravilhoso.

“Um vizinho de poltrona inconveniente
tira a paciência, a concentração para curtir e apreender a obra e nos faz
perder o humor. Certa vez, no cinema, uma turma de adolescentes gritava e fazia
zorra com um laser vermelho mirado para a tela. A sessão ficou tão insuportável
que saí no meio do filme”, conta a historiadora Emanuele de Maupeou, que
reclamou na gerência da sala do Multiplex do Shopping Recife, e recebeu
ingressos para ver o filme em outra oportunidade.
Quem
nunca passou por situações incômodas, como um chato que bate as pernas na
poltrona dianteira, um vizinho que conversa ou atende ao celular ou mesmo
aquele fã arvorado que grita no ouvido alheio achando que o cantor lá no palco
vai ouvir o seu backing vocal de banheiro, que atire a primeira pipoca.
Casos como o vexame coletivo promovido
pela plateia presente na estreia da peça Sopros de Vida, que passou no Recife
na última semana, suscitam a pergunta ‘Por que algumas pessoas não sabem como
se comportar numa casa de espetáculos?’. Carmem Peixoto, jornalista e
consultora de etiqueta social e empresarial, é taxativa: por falta de educação
e postura.
“Isso começa muito antes de se
transformar num adulto que frequenta produções culturais. Começa quando as
crianças não sentam à mesa na hora das refeições, passam como um furacão pela
casa e não aprendem a arrumar sua própria bagunça. Isso vai incutindo que todo
comportamento é válido, daí pra ir pra rua é só um passo”, conta Carmem Peixoto.
“A geração pós-movimento hippie passou
tempos negando as regras sociais e considerando-as piegas, mas hoje em dia o
bom senso precisa ser resgatado. Chegamos ao ponto em que é preciso ter assento
reservados para idosos, coisa que deveria ser estabelecida pela gentileza. As
pessoas pensam que etiqueta se restringe a como segurar o talher ou mastigar de
boca fechada, mas é fundamental para o bem-estar na convivência”, avalia a
consultora.
E a falta de maneiras na privacidade
das famílias facilmente se expande para as relações públicas. Os jovens de
outros tempos se trancavam em seus quartos e aquele era seu universo
particular. Hoje as pessoas estão interligadas o tempo todo, pelas tecnologias
e redes sociais, e as distancias inexistem. “Na cabeça dessas pessoas, é como
se o próprio o mundo fosse uma extensão desse seu espaço e acham natural agir
em qualquer situação como fazem com seus pares”, conclui Peixoto.
Esse é o perfil dos inconvenientes, ou
‘folgados’, que acabam recebendo coros de Psssssiu! ou Silêncio! no escurinho
das salas. Para evitar que os bons cidadãos involuntariamente cometam gafes na
hora de assistir a algum espetáculo, o JC Online preparou uma
cartilha básica para a boa convivência durante a sessão:
Atraso
– Já não é de bom tom chegar depois do espetáculo iniciado, mas brigar
por lugares marcados, mesmo com as entradas em mão, atrapalha todo mundo. Mesmo
que tenha ‘direito’, não é educado. Afinal de contas, se chegou atrasado e
conseguiu entrar já é lucro. De resto, é melhor deixar pra lá e, discretamente,
ir sentando nas poltronas traseiras, sem incomodar ninguém.
Comida
– No cineminha até é sugerido a clássica pipoca e outras guloseimas.
Porém, no teatro, principalmente quando a casa não permite, não é indicado
abrir embalagens e nem mesmo mastigar durante um espetáculo. Nem se fala sobre
esconder alimentos ou bebidas na bolsa, não é?
Interação
com o artista – O melhor agrado que você pode dar ao artista é a
concentração do silêncio e o reconhecimento com aplausos. Não é elegante soltar
gritinhos de 'Lindo’, ‘Maravilhoso’. Em shows em que a plateia fica de pé, até
vale cantar junto e acompanhar o repertório. Num teatro, nem pensar.
Cochilo –
É uma tremenda saia justa. Alguém próximo à sua poltrona caiu no sono e
está soltando aquele ronco. O que fazer? Não perca a paciência nem o
espetáculo. Delicadamente deve-se acordar o dorminhoco e relembrá-lo onde está.
Pernas
e pés – Nem sempre as poltronas são as mais confortáveis. Às vezes,
falta até lugar para colocar as pernas. Mas nada serve de desculpa para ficar
batendo pernas ou recostando os pés na cadeira à frente. Tirar os sapatos é
ainda mais execrável. Você não está no sofá da sua casa!
[...]
Celular
– Todo mundo sabe que é para manter o aparelho desligado. Mesmo que
esteja no modo silencioso e não soe o ringtone, atendê-lo em público é
inadmissível.
Conversa
– Se você pretende conversar com seu acompanhante ou cumprimentar
conhecidos, o ideal é chegar com folga, pelo menos uns 30 minutos antes. Depois
que o terceiro toque é entoado e as luzes baixam, silêncio é obrigatório.
Diálogos só no palco, nada de conversas paralelas. A dica serve para beijos e
carícias também. Casais apaixonados devem deixar os momentos mais íntimos para
depois.
Crianças
– A classificação indicativa não é simplesmente uma censura moral.
Eventos adultos não devem ser frequentados por crianças, mesmo na presença dos
pais, por mais modernos e liberais que eles sejam. É chato para os pequenos,
que ficam inquietos, e inconveniente para quem está perto. Existem espaços e
espetáculos destinados ao público infantil, onde eles podem se comportar com
liberdade e espontaneidade características da idade.
Vestimentas
– Não vivemos mais nos tempos coloniais em que o teatro era o grande
evento social, em que ver uma ópera era como um grande baile. Então, mesmo nas
casas mais tradicionais, é de bom tom um casual chic ou esporte fino bem
comportado. Brilhos, paetês, sedas, trajes de gala, saltos altíssimos e
finíssimos são desnecessários. E, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Os
shortinhos com aquele ar de quem saiu da praia também são dispensáveis.
Geisa Agricio. JC
Online, 5 maio 2010. Disponível em: http://ne10.uol.com.br/canal/cultura/noticia/2010/05/25/boas-maneiras-para-evitar-um-mico-numa-sala-de-espetaculos-223025.php.
Acesso em: 8 fev. 2015.
Fonte: Universos –
Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 8º ano – Camila Sequetto
Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª
edição, 2015. p. 150-152.
Entendendo a notícia:
01 – Qual é o principal fator
que pode "estragar" um programa de lazer em uma sala de espetáculos,
de acordo com o texto?
O principal fator
que pode estragar um programa é o "espectador inconveniente", cujas
atitudes podem tirar a paciência, a concentração e o bom humor dos demais.
02 – Qual exemplo de
experiência negativa a historiadora Emanuele de Maupeou compartilha?
Emanuele de
Maupeou relata que, no cinema, uma turma de adolescentes gritava, fazia zorra e
mirava um laser vermelho na tela, tornando a sessão insuportável a ponto de ela
ter que sair no meio do filme.
03 – Segundo a consultora de
etiqueta Carmem Peixoto, qual a principal razão para o mau comportamento em
casas de espetáculos?
Carmem Peixoto
afirma que a principal razão é a falta de educação e postura, que se inicia na
infância, quando as crianças não aprendem regras básicas de convivência e
organização.
04 – Como a consultora Carmem
Peixoto relaciona a negação de regras sociais pela "geração pós-movimento
hippie" com a necessidade atual de bom senso?
Ela explica que
essa geração negou as regras sociais, considerando-as "piegas", mas
que hoje o bom senso precisa ser resgatado, pois a falta de gentileza e
etiqueta social básica tem levado a situações como a necessidade de assentos
reservados para idosos.
05 – O que o texto sugere para
quem chega atrasado a um espetáculo com lugar marcado?
Para quem chega
atrasado, o texto aconselha a não brigar por lugares marcados, mesmo tendo
direito, e, discretamente, sentar nas poltronas traseiras para não incomodar os
outros, considerando a entrada já como um "lucro".
06 – Quais são as orientações
do texto sobre o uso de celular durante uma sessão?
A orientação é
manter o aparelho desligado. Mesmo no modo silencioso, atendê-lo em público é
inadmissível, pois o brilho da tela ou a simples ação de mexer no aparelho pode
distrair.
07 – Qual é a recomendação do
texto sobre a interação da plateia com o artista em diferentes tipos de
espetáculo?
Para a maioria dos
espetáculos, o melhor agrado é o silêncio, a concentração e os aplausos. Soltar
gritinhos de "Lindo" ou "Maravilhoso" não é elegante. Em
shows em que a plateia fica de pé, é aceitável cantar junto, mas em teatro,
isso não é recomendado.
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