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domingo, 2 de março de 2025

POEMA: AOS VÍCIOS - (FRAGMENTO) - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 Poema: Aos vícios – Fragmento

              Gregório de Matos 

Eu sou aquele que os passados anos 

Cantei na minha lira maldizente 

Torpezas do Brasil, vícios e enganos. 

[...]

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVLom877M237KiKcZVVDe-OJHOQQNyZUtojyAGpBAZ_Nr7aNAx4jeSmMA7lmjnhyAfyELF7-RBtsRamGfDRSHYUOpjwT0sV3fB6RLuCXe0EdYm681f1i5OFXdXhbWa-rMUBJKJZFgXNuhoauT65ao-1JAzy6kbG8tzpzeUHS8XaSeq-la05HihNWFXqc4/s1600/SILENCIO.jpg


De que pode servir calar quem cala? 

Nunca se há de falar o que se sente?! 

Sempre se há de sentir o que se fala. 

 

Qual homem pode haver tão paciente, 

Que, vendo o triste estado da Bahia, 

Não chore, não suspire e não lamente? 

[...]

Se souberas falar, também falaras, 

Também satirizaras, se souberas, 

E se foras poeta, poetizaras. 

 

A ignorância dos homens destas eras 

Sisudos faz ser uns, outros prudentes, 

Que a mudez canoniza bestas feras. 

 

Há bons, por não poder ser insolentes, 

Outros há comedidos de medrosos, 

Não mordem outros não — por não ter dentes. 

 

Quantos há que os telhados têm vidrosos, 

e deixam de atirar sua pedrada, 

De sua mesma telha receosos? 

 

Uma só natureza nos foi dada; 

Não criou Deus os naturais diversos; 

Um só Adão criou, e esse de nada. 

 

Todos somos ruins, todos perversos, 

Só os distingue o vício e a virtude, 

De que uns são comensais, outros adversos. 

 

Quem maior a tiver, do que eu ter pude, 

Esse só me censure, esse me note 

Calem-se os mais, chitom, e haja saúde. 

MATOS, Gregório de. Aos vícios. Op. Cit. Vol. II, p. 468.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 91.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tom geral do poema e qual o principal tema abordado?

      O tom do poema é de crítica e indignação. O principal tema abordado é a hipocrisia e os vícios da sociedade da Bahia na época de Gregório de Matos, com destaque para a corrupção e a omissão.

02 – Qual é a intenção do poeta ao escrever esses versos?

      A intenção do poeta é denunciar os vícios e a hipocrisia da sociedade, expondo as mazelas e contradições presentes na Bahia de seu tempo. Ele busca provocar reflexão e incitar a mudança através de sua poesia satírica.

03 – Que tipo de linguagem Gregório de Matos utiliza no poema?

      O poeta utiliza uma linguagem satírica, com ironia e sarcasmo, para criticar os vícios da sociedade. Ele também emprega expressões fortes e de tom acusatório para enfatizar a gravidade dos problemas que denuncia.

04 – Quem são os alvos da crítica de Gregório de Matos no poema?

      Os alvos da crítica são diversos, incluindo os poderosos, os corruptos, os hipócritas e a sociedade como um todo, que se omite diante dos problemas. O poeta não poupa ninguém em sua sátira.

05 – Qual é o significado da afirmação "Todos somos ruins, todos perversos"?

      Essa afirmação expressa a visão pessimista do poeta sobre a natureza humana, corrompida pelos vícios e pela hipocrisia. Ele não faz distinção entre as pessoas, afirmando que todos são passíveis de cometer erros e atos perversos.

06 – O que o poeta quer dizer com "Quem maior a tiver, do que eu ter pude, / Esse só me censure"?

      Com essa afirmação, o poeta desafia aqueles que se consideram justos e virtuosos a criticá-lo, caso tenham uma conduta moral superior à sua. Ele se coloca como alguém que reconhece seus próprios vícios, mas que não se cala diante dos vícios alheios.

07 – Qual a importância do poema "Aos Vícios" para a literatura brasileira?

      O poema "Aos Vícios" é importante por ser um retrato crítico da sociedade colonial brasileira, expondo seus problemas e contradições. Além disso, a poesia de Gregório de Matos é marcante por sua irreverência, sarcasmo e linguagem expressiva, características que o consagraram como um dos maiores poetas do Barroco no Brasil.

 

 

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