Política de Privacidade

quinta-feira, 6 de março de 2025

NOTÍCIA: CHEGA-SE A MARTE, MAS NÃO SE CHEGA AO PRÓXIMO - (FRAGMENTO) - JOSÉ SARAMAGO - COM GABARITO

 Notícia: Chega-se a Marte, mas não se chega ao próximo – Fragmento

              José Saramago

        [...]

        Neste meio século não parece que os governos tenham feito pelos direitos humanos tudo aquilo a que moralmente estavam obrigados. As injustiças multiplicam-se, as desigualdades agravam-se, a ignorância cresce, a miséria alastra. A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicVNgE-3VGuRn8xU2TIiFbFAUGCN2ljkZ-jKEWrP_Efiup93-vpdwSQ7_nIR7XQsy8F40EnmZ6kBllE1HrG5UKYZeHJ6z8wxRThtR9vHa21SoAMlrwZ5D-dl2vsAeWf8csIVxFhG58BXEnjMRQNwRqFreupK-dxj_oiFjyAIgrHbGGKCryrpauewxejOY/s320/MARTE.jpg


        Alguém não anda a cumprir o seu dever. Não andam a cumpri-lo os governos, porque não sabem, porque não podem, ou porque não querem. Ou porque não lhe permitem aquelas que efetivamente governam o mundo, as empresas multinacionais e pluricontinentais cujo poder, absolutamente não democrático, reduziu a quase nada o que ainda restava do ideal da democracia. Mas também não estão a cumprir o seu dever os cidadãos que somos. Pensamos que nenhuns direitos humanos poderão subsistir sem a simetria dos deveres que lhes correspondem e que não é de esperar que os governos façam nos próximos 50 anos o que não fizeram nestes que comemoramos. Tomemos então, nós, cidadãos comuns, a palavra. Com a mesma veemência com que reivindicamos direitos, reivindiquemos também o dever dos nossos deveres. Talvez o mundo possa tornar-se um pouco melhor.

        [...]

Trecho do discurso de José Saramago ao receber o Prêmio Nobel de Literatura. In: Folha de S. Paulo, 11/12/1998.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 566.

Entendendo a notícia:

01 – Qual a principal crítica de José Saramago em relação ao progresso da humanidade?

      Saramago critica a discrepância entre os avanços tecnológicos, como a exploração de Marte, e a incapacidade da humanidade de resolver problemas básicos como a fome e a desigualdade.

02 – Quem o autor responsabiliza pela falta de progresso nos direitos humanos?

      Saramago responsabiliza tanto os governos, por sua inação ou incapacidade, quanto as empresas multinacionais, por seu poder não democrático. Ele também inclui os cidadãos, por não exigirem seus direitos e deveres.

03 – Qual a relação entre direitos e deveres na visão de Saramago?

      Saramago defende que os direitos humanos só podem ser efetivos se forem acompanhados pelos deveres correspondentes, e que os cidadãos devem reivindicar ambos.

04 – O que o autor propõe como solução para melhorar o mundo?

      Saramago propõe que os cidadãos comuns tomem a iniciativa, reivindicando seus direitos e cumprindo seus deveres, para que o mundo possa se tornar um lugar melhor.

05 – Qual a metáfora usada para demonstrar a falta de compromisso com o ser humano?

      "Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante."

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário