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quinta-feira, 6 de março de 2025

CONTO: A CHAVE DO TAMANHO - CAP. II - FRAGMENTO - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 Conto: A chave do tamanho – Cap. II – Fragmento

           Monteiro Lobato

        [...]

        Ficou algum tempo deitada de costas, os braços estendidos, sem pensar em coisa nenhuma. Primeiro descansar; depois o resto. Ergueu os olhos para as chaves da parede. Não viu na parede chave nenhuma. "Que história é esta? Será que as chaves se evaporaram?" Firmando a vista, verificou que não. As chaves lá estavam, mas em ponto muitíssimo mais alto. A parede crescera tremendamente. Parecia não ter fim. Tudo aumentara dum modo prodigioso. E no chão viu uma coisa nova, que não existia antes; um pedestal atapetado de papel amarelo.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjg5eMnLWZW-zuxTquhhuaBFRCcq9gmf0Zi24Lhe1AAVCyzmSBs4fJJ3CxCeWfb_yMYkEYtej9OhkJ664qCQ1ETKvgRDvH1zYnPvIL2uYKLCizvES_E1ziyJOYg-GVF2Cm2YuvXeIg92Ro_gCKLRjLGifvRQGIEeBQGRuKx9mwpDXlgLrruIloF2TNrvOQ/s320/a-chave-do-tamanho-edicao-de-luxo.jpg


        Emília achava-se deitada justamente sobre esse pedestal. Depois, olhando para o seu corpinho, verificou que estava nua.

        — Que história é esta? Eu, nua que nem minhoca, em cima deste pedestal amarelo cheio de riscos pretos, ao lado duma montanha de pano — e as chaves lá em cima — e tudo enormíssimo... Será que estou sonhando?

        Pôs-se a pensar com toda a força. Examinou o tapete do pedestal. Percebeu que os riscos eram letras e teve de ficar de pé para lê-las uma por uma. A primeira era um F; a segunda, um O; a terceira um S. Chegando à última, viu que formava a palavra FÓSFOROS. Em seguida vinha um D e um E, formando a palavra DE. E as últimas letras formavam a palavra SEGURANÇA. Tudo reunido dava a expressão FÓSFOROS DE SEGURANÇA.

        — Será possível? — exclamou Emília consigo mesma. — Será que estou em cima da maior caixa de fósforos que jamais houve no mundo? Mas se é assim, então cada pau de fósforo deve ser uma verdadeira vigota de pinho — e como a caixa estivesse aberta, espiou. Não viu lá dentro vigota nenhuma, sim uma espécie de areia grossa, da cor exata do superpó do Visconde.

        Nesse momento um raio de luz iluminou-lhe o cérebro.

        — Hum! Já sei. Isto é a caixa de fósforos que eu trouxe e está do tamanho que sempre foi. Eu é que diminuí. Fiquei pequeníssima; e, como estou pequeníssima, todas as coisas me parecem tremendamente grandes. Aconteceu-me o que às vezes acontecia a Alice no País das Maravilhas. Ora ficava enorme a ponto de não caber em casas, ora ficava do tamanho dum mosquito. Eu fiquei pequenininha. Por quê?

        [...]

Monteiro Lobato. A chave do tamanho. São Paulo: Círculo do Livro, 1989.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 541.

Entendendo o conto:

01 – Qual a primeira estranheza que Emília percebe ao acordar?

      Ao acordar, Emília percebe que as chaves que estavam na parede estão muito mais altas do que antes, como se a parede tivesse crescido.

02 – Que descoberta Emília faz sobre o local onde está deitada?

      Emília descobre que está deitada sobre um pedestal atapetado de papel amarelo, que na verdade é uma caixa de fósforos gigante.

03 – Qual a palavra que Emília forma ao ler as letras no pedestal?

      Emília forma a expressão "Fósforos de Segurança".

04 – Qual a conclusão que Emília chega sobre o tamanho das coisas ao seu redor?

      Emília conclui que não foram as coisas que aumentaram de tamanho, mas sim ela que diminuiu, ficando pequeníssima.

05 – A que personagem de outra obra famosa Emília se compara?

      Emília se compara a Alice, do livro "Alice no País das Maravilhas", que também vivenciava mudanças de tamanho.

06 – Como Emília se sente ao perceber que está nua?

      Emília se sente confusa e intrigada, questionando a situação inusitada em que se encontra.

07 – O que a leva a desvendar o mistério da caixa de fósforos gigante?

      A curiosidade e a observação atenta das letras no pedestal levam Emília a desvendar o mistério da caixa de fósforos gigante.

 


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