TEXTO: Puroburá, djiahój, xipáya e kuruáya são línguas virtualmente extintas
Dentro do grupo das línguas em risco de extinção
incluídas no levantamento [feito pelo Instituto Socioambiental e pelo
laboratório de línguas indígenas da Universidade de Brasília], quatro delas
enfrentam uma situação especial: são lembradas, e não faladas, por um número
muito reduzido de pessoas, que dominam apenas palavras e termos isolados dos
idiomas. O puroburá e o djiahój contam apenas com seis lembrantes cada, que
dominam somente termos soltos de cada uma delas.
Também lembrada por seis pessoas, a língua kuruáya
é da família Mundurukú, segundo levantamento de 1995 do linguista Aryoon
Rodrigues, originalmente falada pela tribo de mesmo nome, que foi considerada
extinta em 1960 e hoje vive um movimento pendular entre a aldeia na região de
Altamira (PA), e a cidade, segundo o Instituto Socioambiental. Situação mais
grave ainda é enfrentada pela língua xipáya, falada originalmente pelo povo de
mesmo nome, que também habita a região de Altamira e conta atualmente com
apenas um lembrante, que conhece vocabulários e frases do idioma, mas não tem
domínio pleno da língua.
Línguas
em risco de extinção no Brasil. Disponível em:
www.terra.com.br/noticias/educacao/infograficos/linguas-extintas. Acesso em:
out. 2015.
Fonte da
imagem-https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Famazonialatitude.com%2F2019%2F08%2F09%2Ffalar-e-existir-o-caso-de-linguas-ameacadas-no-brasil-e-no-equador%2F&psig=AOvVaw2mDGUTxYslWtl_eqZZq5H8&ust=1623406981957000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCJCiy8fsjPECFQAAAAAdAAAAABAJ.
ENTENDENDO O TEXTO
1.A situação das línguas puroburá, djiahój, xipáya
e kuruáya é mais grave ou menos grave do que a da aldeia onde vive Ariabo?
A
situação é mais grave, pois, mesmo tendo anciões vivos, nenhum é falante da
língua. São apenas "lembrantes", termo definido no texto.
2.Explique o uso das aspas no trecho seguinte:
A cada
dia, o estudante Luciano Ariabo Quezo, 25, percebia que a língua portuguesa
ocupava mais espaço na aldeia indígena onde nasceu e "engolia" sua
língua materna, o umutina-balatiponé.
Sugestão: As aspas servem para destacar a
palavra ou para indicar que ela não foi empregada em seu sentido próprio. Nesse
caso, o enunciador emprega as aspas a fim de indicar um emprego da palavra que
fugiria às situações de uso em que ela em geral aparece. É possível que isso
tenha ocorrido porque o enunciador deve ter considerado que a forma verbal
engoliu foi empregada metaforicamente. (As aspas são sinais que, do ponto de
vista enunciativo, estão ligados à expressão da alteridade.)
3. Na notícia lida aparecem três siglas.
a) Você sabe o que é uma sigla? Se souber, localize
as que aparecem no texto e escreva-as.
Aparecem as siglas MT, UFSCar e Fapesp.
b) Qual é a sigla do estado em que você mora?
Resposta pessoal.
Boxe complementar:
O jovem indígena que tenta salvar seu idioma nativo
explica: "Falamos 'facebook' mesmo".
Nascido na aldeia Umutina, em Mato Grosso, o
estudante de Letras Luciano Ariabo Quezo, de 22 anos, fala sobre o livro
didático bilíngue que prepara para garantir a sobrevivência do seu idioma
nativo
Quantas pessoas falam umutina?
A aldeia tem 600 pessoas, mas só os mais velhos
falam. Os novos aprendem só português. Eu só sei falar porque um ancião me
ensinou.
Além de traduzir palavras, você vai codificar a
estrutura da língua?
Sim, é fundamental para ensinar as crianças. Por
exemplo, para o plural, não usamos a letra s no final. O que fazemos é colocar
uma palavra que indica "grande quantidade" perto do substantivo.
Assim: peixe é "haré"; peixes, "haré makeawá".
E os verbos?
Muitas vezes, não temos necessidade de usá-los.
Para dizer "o rio Paraguai tem muitos peixes", por exemplo, é só
acrescentar Olaripó, que é o nome que damos ao rio, à frase anterior:
"Olaripó haré makeawá".
Há distinção entre gêneros?
Para substantivos e adjetivos, não. A distinção é
só para alguns nomes próprios.
Como ficam palavras que designam coisas novas, como
Facebook?
Fazemos como em português: adotamos o
estrangeirismo. Não há nenhum problema nisso. Na aldeia, nós falamos
"facebook" mesmo.
Os índios umutina usam Facebook?
A 15 quilômetros da aldeia há uma conexão com a
internet. Todos os meus amigos usam.
SETTI, Ricardo. Veja, 18 abr. 2012. Disponível em:
veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tema-livre/o-jovem-indigena-que-procura-salvar-seu-idioma-nativo-explica-falamos-facebook-mesmo/.
Acesso em: out. 2015.
LEGENDA: Indígenas umutina em Barra do Bugres (MT),
em 2013.
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