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domingo, 27 de junho de 2021

CONTO: OS DOIS PEQUENOS E A BRUXA - CONSIGLIERI PEDROSO - COM GABARITO

 Conto: OS DOIS PEQUENOS E A BRUXA

           Consiglieri Pedroso

        Era uma vez uma mulher que tinha um filho e uma filha. Um dia a mãe mandou o filho buscar cinco réis de tremoços e depois disse para os dois:

        -- Meus dois filhinhos, até onde acharem as casquinhas de tremoços, vão andando pelo caminho afora, e em chegando ao mato lá me hão de encontrar apanhando lenha.

        Os pequenos assim fizeram.

        Depois da mãe sair, foram andando pelas castanhas de tremoços que ela ia deitando para o chão, mas não a encontraram.

        Como já era noite, viram ao longe uma luz acesa. Foram caminhando para lá e viram uma velha a frigir bolos.

        A velha era cega de um olho, e o pequeno foi pela banda do olho cego e furtou- lhe um bolo, porque estava com muita fome.

        Ela, julgando que era o gato, disse:

        -- Sape, gato! Bula que não bula, que te importa a ti?

        O pequeno disse para a irmã:

        -- Agora vai lá tu!

        A pequena respondeu:

        -- Não vou lá que eu pego-me a rir!

        O pequeno disse que ela havia de ir, e a irmã não teve mais remédio, e foi. Foi pelo lado do olho cego e tirou outro bolo.

        A velha, que julgava outra vez que era o gato, disse:

        -- Sape, gato! Bula que não bula, que te importa a ti?

        A pequena largou-se a rir.

        A velha voltou-se, viu os dois pequenos e disse para eles:

        -- Ai, sois vós, meus netinhos! Comei, comei para engordar.

        Depois agarrou neles e meteu-os num caixão cheio de castanhas.

        No outro dia chegou ao caixão e disse para eles:

        -- Deitai os vossos dedinhos, meus netinhos, que é para ver se estais gordinhos.

        Os pequenos deitaram o rabo de um gato, que acharam dentro do caixão.

        A velha disse então:

        -- Saí, meus netinhos, que já estão gordinhos.

        Tirou-os para fora do caixão e disse-lhes para irem à linha com lenha.

        Os pequenos foram para o mato por uma banda, e a velha foi por outra. Quando chegaram a um certo lugar, encontraram uma fada.

        A fada disse-lhes:

        -- Andais à lenha, meninos, para aquecer o forno, mas a velha quer assar-vos nele!

        Depois contou que a velha havia de dizer para eles: Sentai-vos, meus netinhos, nesta pazinha, para vos ver balhar dentro do forno! E que eles lhe haviam de dizer que se sentasse ela primeiro, para eles verem como era.

        A fada foi-se embora.

        Daí a pouco encontraram-se os pequenos com a velha do mato.

        Apanharam a lenha toda que tinham cortado e foram para casa acender o forno.

        Depois de acenderem o forno, a velha varreu-o muito bem varrido e depois disse para eles:

        -- Sentai-vos, meus netinhos, nesta pazinha, para vos ver balhar dentro do forno!

        Os pequenos responderam como a fada os tinha ensinado:

        -- Sentai-vos aqui primeiro, avozinha, nesta pazinha, para nós vos vermos balhar dentro do forno!

        A velha, como queria assá-los, sentou-se na pá, e eles mal a viram sentada, empurraram a pá para dentro do forno.

        A bruxa deu um grande estouro e morreu queimada, e os pequenos ficaram senhores da casa e de tudo quanto ela tinha.

CONSIGLIERI, Pedroso. Contos populares portugueses. São Paulo: Landy, 2001.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 7º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 173-5.

Entendendo o conto:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Balhar: assar.

·        Tremoso: são sementes de plantas conhecidas como tremoceiros. É uma semente de cor amarela, geralmente consumida em conserva como petisco ou aperitivo em bares portugueses.

·        Frigir bolos: fritar bolinhos.

·        Irem à linha com lenha: cortar lenha.

02 – Releia esse trecho do texto.

        -- Meus dois filhinhos, até onde acharem as casquinhas de tremoços, vão andando pelo caminho afora, e em chegando ao mato lá me hão de encontrar apanhando lenha.”

a)   Que conflito foi gerado por essa recomendação da mãe?

As crianças foram seguindo a pista fornecida pela mãe, mas em determinado momento perceberam que não iam encontra-la, conforme tinham combinado. Desse modo, ficaram perdidos no mato.

b)   Qual solução as crianças encontraram para se abrigar?

Avistaram a luz aces de uma casa e se dirigiram para esse local.

03 – Qual era a intenção da bruxa ao querer que as crianças engordassem?

      Ela queria assá-los no forno e comê-los.

04 – Os acontecimentos narrados em “Os dois pequenos e a bruxa” lembram outro conto conhecido. Que conto é esse?

      João e Maria.

05 – Observe a capa ao lado, do livro do qual o conto “Os dois pequenos e a bruxa” foi retirado.

a)   Por que será que no título do livro há a expressão contos populares?

Resposta pessoal do aluno.

b)   Com que nome você conhecia contos como esse?

Resposta pessoal do aluno.

06 – Leia as informações do quadro e responda às questões.

        O texto “Os dois pequenos e a bruxa” é um conto maravilhoso, também conhecido como conto de fadas ou conto de encantamento.

        Há muitas e variadas versões de contos maravilhosos espalhadas pelo mundo. A história “Os dois pequenos e a bruxa” foi recolhida em Portugal, por isso são chamados contos populares por lá.

        O conto equivalente recolhido na Alemanha chama-se “Hansel e Gretel”; no Brasil, é “João e Maria”. Isso também acontece com outras histórias, e não se sabe ao certo a origem de cada uma delas.

        Cada conto traz elementos da cultura de seu povo manifestados no vocabulário, no ambiente, nos personagens e na maneira de contar a história, pois quem conta um conto costuma mesmo aumentar um pouco.

a)   Quais elementos implícitos ou explícitos remetem a esse conto?

Duas crianças perdidas na floresta encontram a casa de uma bruxa que deseja comê-los, mas os personagens conseguem enganá-la e matá-la.

b)   Todas as histórias como “João e Maria”, “Os dois pequenos e a bruxa” e “Hansel e Gretel” surgiram de nativas orais. Quem registrou a maior parte desses contos que você conhece? Se necessário, pesquise na internet.

Resposta pessoal do aluno.

TEXTO: O QUE É CONSUMISMO? ROCK CONTENT - COM GABARITO

 Texto: O que é consumismo?


Por Redator Rock Content

Publicado em 21 fev. 2017.

Atualizado em 3 maio 2018

        O consumismo é o hábito de adquirir produtos e serviços sem precisar deles. É a compra pelo desejo, e não pela necessidade.

        Geralmente, é marcado pelas compras por impulso e estimuladas pela ansiedade. Em casos mais graves, pode vir a se tornar uma compulsão.

        Além disso, o consumismo está ligado à noção de que comprar mais vai trazer sensações de felicidade e prazer momentâneo.

        É também resultado da influência de propagandas abusivas, que insistem em relacionar o consumo à felicidade e, muitas vezes, criam uma imposição de necessidades, mostrando como certos produtos ou serviços são capazes de tornar a vida das pessoas melhor.

        O maior problema surge quando o consumismo fica tão intenso que evolui para um comportamento compulsivo.

        Por exemplo: há quem use as compras como um gatilho para ajudar a melhorar o humor e, por isso, frequentam o shopping sempre que se sentem estressados ou angustiados.

        São consumidores que precisam de ajuda, porque muitas vezes se endividam devido à falta de planejamento financeiro e de prioridade de despesas.

        Inclusive, o consumismo tem uma outra face — também problemática —, que é o consumismo infantil.

        Quando os produtos são associados a brindes, a personagens famosos ou a campanhas de publicidade que focam em despertar a atenção das crianças, os pequenos conseguem facilmente influenciar a decisão dos pais, especialmente em datas comemorativas.

        Mas sabemos que não é só no Dia das Crianças e no Natal que os consumidores compram além do necessário.

        O Dia das Mães, o Dia dos Pais e o Dia dos Namorados também são exemplos de datas em que as pessoas se sentem induzidas a irem às compras.

        [...]

Consumismo no Brasil: Entenda o que realmente é e conheça o panorama no país. Marketing de conteúdo, 21 fev. 2017. Disponível em: https://bit.ly/2KOr18W. Acesso em: 28 set. 2018.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 252-3.


Entendendo o texto:

01 – Considerando o valor polissêmico da palavra gatilho destacada no texto, indique, entre as alternativas abaixo, aquela que traz o sentido com que essa palavra foi empregada pelo autor.

I – Pequena peça presa a um fecho que, ao ser puxada, faz uma arma disparar.

II – Peça de metal que funciona como uma alavanca por meio de determinado mecanismo.

III – Algo que desencadeia um processo ou uma reação à maneira de um gatilho.

02 – Que relação é possível estabelecer entre o tema consumismo e a palavra gatilho na acepção indicada como resposta à questão anterior?

      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O desejo de consumir de maneira exagerada é disparado (ativado) quando as pessoas estão angustiadas ou estressadas. Isso as leva a buscar lojas de produtos comerciais e a consumir excessivamente como forma de melhorar o estado de ânimo ou de espírito.

03 – Como você se comporta, enquanto consumidor, nas datas comemorativas, em que as pessoas se sentem induzidas a comprar?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Releia este trecho do texto:

        “Quando os produtos são associados a brindes, a personagens famosos ou a campanhas de publicidade que focam em despertar a atenção das crianças, os pequenos conseguem facilmente influenciar a decisão dos pais, especialmente em datas comemorativas.

        Mas sabemos que não é só no Dia das Crianças e no Natal que os consumidores compram além do necessário.

        O Dia das Mães, o Dia dos Pais e o Dia dos Namorados também são exemplos de datas em que as pessoas se sentem induzidas a irem às compras.”

a)   Muitas vezes, para se evitar repetições de substantivos no texto, são usadas outras palavras ou expressões que façam referência a eles. Que expressões são usadas nesse trecho para se referir a Dia das Crianças, Natal, Dia das Mães, Dia dos Pais e Dia dos Namorados?

As expressões: datas comemorativas e datas.

b)   Que termo o pronome relativo que substitui e qual a sua função no primeiro período do trecho destacado?

O pronome relativo que substitui o termo campanhas de publicidade. Sua função é ligar as orações e estabelecer relação de sentido entre elas.

c)   O uso da conjunção mas indica a introdução de que tipo de ideia: adição, consequência, causa, adversidade ou explicação? Explique.

Adversidade, ou seja, de uma ideia contrária. Essa conjunção introduz a ideia de que não é somente em datas como o Dia das Crianças e no Natal que os consumidores compram além do necessário: isso também acontece em outras datas comemorativas.

d)   Reescreva o período que traz a conjunção mas, substituindo-a por outra d igual sentido, ou seja, sem alterar o sentido expresso no trecho original.

Porém/ Contudo/ Todavia sabemos que não é só no Dia das Crianças e no Natal que os consumidores compram além do necessário.

e)   Você é capaz de dar exemplos de outras conjunções? Qual é a utilidade dessas palavras?

Resposta pessoal do aluno.

 

 

 

 

 

PROPAGANDA: CAMPANHA DO MOVIMENTO INFÂNCIA LIVRE DE CONSUMISMO - COM GABARITO

 Propaganda: Campanha do Movimento Infância Livre de Consumismo 



Campanha do Movimento Infância Livre de Consumismo, 1° out. 2013. Disponível em:
https://bit.ly/2Frgi2L. Acesso em: 29 set. 2018.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 249-250.

Entendendo a propaganda:

01 – Essa propaganda está vendendo que ideia ao público? Justifique.

      Está vendendo uma “ideia” que Dia das Crianças não é para promover o consumismo, mas a presença, com leitura e abraços.

02 – Qual é o nome da Campanha? Quem a promove? Pesquise na internet o proponente da campanha.

      Dia das Crianças Sem Consumismo, promovida pelo Movimento Infância Livre de Consumismo. De acordo com o site, trata-se de um movimento formado por mães, pais e cidadãos comprometidos com uma infância livre de publicidade dirigida as crianças.

03 – Toda propaganda tem um público-alvo, ou seja, é dirigida a uma parcela específica da população. A quem se dirige essa propaganda?

      Aos pais com filhos ainda na infância.

04 – Observe os recursos visuais e verbais:

a)   O que você vê na imagem?

Mãe e filho abraçados, enquanto ela lê para a criança.

b)   Qual é o slogan dessa peça publicitária? Quais palavras apresentam sons parecidos? Que efeito produz?

Dia das crianças sem consumismo tem troca de livros, histórias e abraços. As palavras crianças e histórias terminam com “as”; Abraços e livros com “os”. Produzem ritmo, parecendo poesia.

c)   A imagem relaciona-se com o slogan? Explique.

Sim. A imagem é a descrição do slogan da propaganda.

05 – Releia o slogan da campanha:

        “É de pequeno que se aprende”

a)   Nesse slogan, qual som se repete?

Há a repetição da vogal “e”: É de pequeno que se aprende.

b)   Pesquise a figura de linguagem que consiste na repetição desse som.

A figura de linguagem que consiste na repetição do mesmo som vocálico é a assonância.

c)   Que efeito essa figura de linguagem produz?

Produz musicalidade para chamar a atenção e conquistar o público.

06 – Você conhece esse tipo de propaganda? Em caso afirmativo, comente com os colegas as que lhe chamam mais atenção.

      Resposta pessoal do aluno.

07 – Será que essas propagandas, realmente, sensibilizam as pessoas a aderirem a causas ou a transformar ações? Por quê?

      Resposta pessoal do aluno.

 

 

TEXTO: SÃO MUITAS AS MARCAS CONHECIDAS - LILIANA IACOCCA - COM GABARITO

 Texto: São muitas as marcas conhecidas

        São muitas as marcas conhecidas.

        Algumas são os nomes das firmas que fabricam os produtos; outras, os nomes dos próprios produtos; outras, ainda, um simples desenho, um símbolo, uma letra, que fazem a gente imediatamente identificar o produto.

        Esses desenhos, essas letras, esses símbolos são chamados de logotipos. E são criados e desenhados por artistas especializados em comunicação visual.

        Pela TV, [...] os programas mostram as marcas das formas mais variadas e movimentadas. Andando na rua, basta observar, as marcas estão em todos os lugares, na frente dos bancos, dos postos de gasolina, das farmácias, das lojas, dos supermercados.

        E estão também nos automóveis, nas camisetas que as pessoas usam, nas calças, nos sapatos, nas bolsas...

        Sem dúvida, existem marcas boas, que oferecem qualidade e preço justo do produto, nas quais o consumidor adquire confiança.

        Como também existem as marcas que se aproveitam de certas modas ou da fama e cobram muito mais do que realmente o produto vale.

        Será que vale a pena fazer grandes sacrifícios, pagar muito dinheiro, só para ter uma determinada marca e se exibir para sua turma?

        Ou será que você também é um produto que vai ser vendido, e a marca que você comprou funciona como sua embalagem?

 IACOCCA, Liliana; IACOCCA, Michele; WHITE, Oriana M. Consumir é.... São Paulo: DeLeitura, 1999.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 242-3.

Entendendo o texto:

01 – Seus hábitos de consumo foram, de alguma forma, representados nesse texto? Comente.

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Explique que relação pode ser estabelecida entre os questionamentos apresentados nesse texto e as ideias da escritora Maria Helena Martins.

      O texto defende uma ideia semelhante ao que falou a escritora Maria Helena Martins em sua entrevista, pois questiona o leitor quanto aos seus hábitos de consumo, chamando a atenção para o fato de que comprar para sentir-se aliviado, realizado e feliz não é um bom caminho, as sensações passam rapidamente, o que cria uma compulsão por comprar.

03 – Releia este trecho:

        Será que vale a pena fazer grandes sacrifícios, pagar muito dinheiro, só para ter uma determinada marca e se exibir para sua turma?

        Ou será que você também é um produto que vai ser vendido, e a marca que você comprou funciona como sua embalagem?”

a)   Em sua opinião, esses questionamentos são válidos?

Resposta pessoal do aluno.

b)   De que forma você responderia a essas perguntas?

Resposta pessoal do aluno.

04 – Você já conhecia a palavra logotipo? Releia os três primeiros parágrafos do texto e explique o que ela significa.

      Resposta pessoal do aluno.

05 – Observe as imagens a seguir:

    



    

a)   Que símbolo é apresentado na imagem 1? O que ela representa?

Símbolo Olímpico. Representa o Comitê Olímpico Internacional.

b)   O que representam os arcos e suas cores da imagem 1? Se necessário, faça uma pesquisa.

Os cincos arcos se referem aos cincos continentes do planeta: o azul, à Europa; o amarelo, à Ásia; o preto, à África; o verde, à Oceania; e o vermelho, às Américas.

c)   O que a imagem 2 representa?

A Copa do Mundo de Futebol da Rússia 2018.

d)   Com que objetivo ela foi criada?

Com o objetivo de promover e divulgar o evento.

e)   É possível dizer que esse símbolo é um logotipo? Explique.

Sim. A imagem corresponde a um conjunto formado por elementos verbais e visuais que identifica e simboliza uma marca – nesse caso, a Copa do Mundo de Futebol da Rússia 2018.

ENTREVISTA: "O JOVEM É ESPECIALMENTE SUSCETÍVEL AOS APELOS DO CONSUMISMO" - THAIS PAIVA - COM GABARITO

 Entrevista: O jovem é especialmente suscetível aos apelos do consumismo

                    Especialista fala sobre as relações entre juventude e consumo desenfreado

Thais Paiva

24 de janeiro de 2017

        Prazer, sucesso, felicidade, alívio. Todas essas sensações costumam surgir como consequência da realização de um objetivo ou meta. No entanto, são também esses sentimentos que costumam respaldar o ato de comprar compulsivamente e, portanto, explorados pelo consumismo, modo de vida orientado para uma crescente propensão ao consumo de bens e serviços, em geral, supérfluos.

        Autora do livro O prazer das compras – o consumismo no mundo contemporâneo (Ed. Moderna), Maria Helena Pires Martins fala sobre a importância de debater esse tema com os jovens em fase escolar, se valendo de diferentes elementos do cotidiano deles, tais como o acesso a smartphones, moda e funk ostentação.

        Na entrevista abaixo, a especialista falou sobre a diferença entre necessidades reais e supérfluas, os reflexos do consumo desenfreado e a relevância de formar cidadãos que sejam consumidores responsáveis.

        Carta Educação: Em que contexto histórico a sociedade começou a ganhar ares consumistas?

        Maria Helena Martins: O consumo sempre existiu: consumimos alimentos, oxigênio, água, etc. Isso é essencial para a manutenção da vida. O consumismo é um fenômeno econômico e social que apareceu com maior ênfase após os anos 1960. É definido como sendo uma ideologia que encoraja a compra de produtos e serviços em quantidade sempre maior. Para manter esse nível de consumo, a indústria instituiu o que chamamos de “obsolescência programada”, ou seja, a introdução planejada de aperfeiçoamentos nos produtos para que sejam substituídos pelos modelos mais novos. Com isso, o consumidor descarta o produto que já tem, e que ainda funciona para os fins para os quais foi criado, e deseja o produto mais aperfeiçoado. O ciclo do desejo e a vontade de comprar são mantidos ativos dessa forma.

        CE: Como a juventude se relaciona com esse contexto? Quais são os principais fatores que levam o jovem a querer comprar cada vez mais?

        MHM: O jovem é especialmente suscetível aos apelos do consumismo. As mídias, tanto as mais antigas, como revistas, jornais, televisão, quanto as novas, difundidas pela internet, incluindo as mídias sociais, mostram propagandas de todos os tipos de produtos. Além disso, os blogs apresentam modos de vida considerados “desejáveis” pelos seus desenvolvedores, que ganham para mostrar certos produtos. O aval desses formadores de opinião tornou-se extremamente importante para os jovens que querem projetar uma determinada imagem. Por isso, tanto a moda adotada pelo grupo ao qual deseja pertencer, quanto o grupo em si, são importantes na formação desses valores consumistas.

        CE: Também podemos dizer que, hoje, os pais – mais ausentes – tentam recompensar essa falta de tempo compartilhado com itens de consumo?

        MHM: Sim, a família deveria ser o primeiro lugar de aprendizado do consumo consciente. É evidente que crianças e mesmo os adolescentes mais jovens não têm o autocontrole suficiente para frustrar seus desejos de consumo. Caberia aos adultos responsáveis da família discutir o que são as necessidades de sobrevivência e o que é supérfluo; propor o reaproveitamento de vários itens e a reciclagem de outros; apontar as consequências do consumismo para a sobrevivência humana no planeta; conversar sobre outros modos de se ter satisfação que não seja o consumo desenfreado. Mas os pais teriam, também, de ser educados dentro dessa perspectiva.

        CE: Muitas manifestações culturais como o funk fazem ode à ostentação. Isso é reflexo de uma sociedade que valoriza a posse?

        MHM: Não podemos nos esquecer das origens do funk carioca: as favelas do Rio de Janeiro. O funk ostentação, criado em São Paulo por volta de 2008, enfatiza, em suas letras, o consumismo, a conquista de bens materiais e a ambição de sair das favelas e conquistar seus objetivos de riqueza. Para essa parcela da população, em geral invisível, a única maneira de ser é por meio dos bens materiais. As ideias difundidas pelo funk ostentação foram abraçadas pela “nova classe média”, que ascendeu economicamente a partir de 2005 e mudou significativamente seu padrão de consumo.

        CE: Em contrapartida, temos uma série de serviços que já apostam em um consumo colaborativo, desde aluguel de roupas até serviços de caronas. Estamos começando a repensar nossa relação com o consumo e o desperdício?

        MHM: Sim, estamos começando a pensar nossa relação com o consumo e desperdício, por isso a educação é tão importante: antes de satisfazer todas as nossas vontades, precisamos pensar nas consequências de nossas ações para o futuro do planeta e para as gerações futuras. Hoje, já temos o uso compartilhado de bicicletas. Não tardará a chegar o uso compartilhado de carros, principalmente os elétricos. Precisamos de políticas públicas que enfatizem a necessidade do consumo consciente, do reuso, da transformação de objetos em matéria-prima para outros objetos, do descarte apropriado de pilhas, baterias, aparelhos eletrônicos, lâmpadas fluorescentes, tintas, pneus, óleo, além de políticas que incentivassem o uso de energia solar e eólica não só em indústrias, mas também nas residências, com um desconto do IPTU, por exemplo.

        CE: Como o professor pode trabalhar o tema do consumismo em sala de aula? Como educar para termos consumidores responsáveis?

        MHM: O trabalho da escola é extremamente importante para a conscientização dos alunos e de suas famílias. Devemos lembrar que as questões éticas envolvem sempre a ação. Por isso, é necessário que toda a escola esteja envolvida no programa de consumo consciente: a economia da água com torneiras que fecham automaticamente; o reuso de água de chuva para a limpeza da escola; o uso de luz de presença que acendem e apagam a partir do movimento; o uso e reuso adequado de papel, de livros e de cadernos; a conservação das salas de aula; o descarte adequado do lixo orgânico e do lixo reciclável; sistema de devolução de uniformes que não servem mais e podem ser reaproveitados por outros alunos menores. Cada escola e professor precisa agir dentro da realidade de sua comunidade e sala de aula. A discussão com os alunos pode levantar muitas maneiras de reaproveitamento de materiais que sejam significativos para eles.

        A mudança de hábitos exige a prática cotidiana das ações para que elas se transformem em novos hábitos mais adequados à sociedade contemporânea. Só o conhecimento teórico do que deve ser feito não é eficiente para que a ação se torne realidade. No caso do consumo, principalmente, em que precisamos dizer não para a satisfação de algumas de nossas vontades, temos de estar inspirados por princípios mais altos, como a nossa responsabilidade pelas gerações futuras. Temos de nos perguntar continuamente de que realmente precisamos para ter uma vida boa e digna, e lembrar que nenhum objeto exterior a nós vai nos trazer felicidade e um sentido de autorrealização.

PAIVA, Thais. “O jovem é especialmente suscetível aos apelos do consumismo”. Carta Educação, São Paulo, 24 jan. 2017. Disponível em: https://bit.ly/2koNMQc. Acesso em: 29 set. 2018.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 8º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 237-240.

Fonte da imagem - https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.sbie.com.br%2Fblog%2Fentenda-ligacao-entre-as-emocoes-e-o-consumismo-exagerado-dos-jovens%2F&psig=AOvVaw0KZv23eAKn83zoi08ce71W&ust=1624927464227000&source=images&cd=vfe&ved=0CAoQjRxqFwoTCMDqueeMufECFQAAAAAdAAAAABAD


Entendendo a entrevista:

01 – Releia o título e o subtítulo:

        “O jovem é especialmente suscetível aos apelos do consumismo”

        Especialista fala sobre as relações entre juventude e consumo desenfreado

a)   Por que o título da entrevista aparece entre aspas? Como foi elaborado?

Aparece entre aspas porque é parte da fala da entrevista. Ele foi elaborado usando o recurso de citação, embora não haja referência direta a entrevista, como o verbo de elocução e seu nome.

b)   O que o subtítulo antecipa em relação à entrevista?

Antecipa o tema abordado na entrevista com a especialista.

02 – Releia o primeiro parágrafo da entrevista e responda:

a)   Quais situações da sua vida promovem “prazer, sucesso, felicidade e alívio”?

Resposta pessoal do aluno.

b)   Você já sentiu essas sensações ao comprar algo? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

03 – No segundo parágrafo é feita a apresentação e a contextualização da entrevistada. Responda:

a)   Quem é a entrevistada?

A pesquisadora Maria Helena Pires Martins.

b)   Por que ela foi convidada pela Carta Educação para tratar de consumismo?

Porque é autora do livro O prazer das compras – o consumismo no mundo contemporâneo (Ed. Moderna).

c)   Do que seu livro trata?

Trata da importância do debate sobre consumismo com os jovens em fase escolar com base nos diferentes elementos do cotidiano deles, como o acesso a smartphones, moda e funk ostentação.

d)   De quais temas e assuntos a entrevistada abordou?

Na entrevista, a especialista falou sobre a diferença entre necessidades reais e supérfluas, os reflexos do consumo desenfreado e a relevância de formar cidadãos que sejam consumidores responsáveis.

04 – Durante a entrevista, a autora conceituou alguns termos. Responda:

a)   Qual é a diferença entre consumo e consumismo, segundo a autora?

O consumo sempre existiu em decorrência da necessidade de subsistir, sendo parte essencial para a manutenção da vida. O consumismo é um fenômeno econômico e social, uma ideologia que encoraja a compra de produtos e serviços em quantidade sempre maior do que a necessidade.

b)   Como surgiu a ideologia do consumismo? Qual mecanismo foi criado pela indústria que desencadeou esse fenômeno social?

Surgiu em meados de 1960, quando as empresas, para aumentar a produção e seus lucros, criou o mecanismo de “obsolescência programada”, introdução planejada de aperfeiçoamentos nos produtos para que sejam substituídos pelos modelos mais novos.

c)   Qual foi a consequência desse mecanismo das empresas vigente ainda no século XXI?

O consumidor descarta o produto que já tem por outro mais aperfeiçoado; dessa forma, alimenta o ciclo de vontade e desejo daquilo que, realmente, não tem necessidade.

d)   Você já tinha percebido esse mecanismo em relação aos eletroeletrônicos pessoais e de sua casa? Explique.

Resposta pessoal do aluno.

05 – O principal aspecto tratado na entrevista é a relação dos jovens com o consumismo. Responda:

a)   Segundo a autora, o que leva os jovens ao consumismo?

Os jovens são muitos suscetíveis aos apelos de consumo das mídias, tanto as mais tradicionais, quanto as difundidas pela internet que mostram propagandas de todos os tipos de produto.

b)   Como é a influência dos blogueiros/vloggers em relação ao consumo dos jovens, segundo a entrevista? Explique.

Os blogs/vlogs apresentam modos de vida considerados “desejáveis” e têm patrocínio para anunciar certos produtos. A consequência disso é que o aval desses influenciadores digitais tem se tornado essencial para os jovens projetarem uma determinada imagem e adotarem a moda desse grupo do qual se identificam.

c)   Você costuma seguir esses influenciadores digitais? Eles influenciam ou já influenciaram suas escolhas de consumo? Comente.

Resposta pessoal do aluno.

06 – De acordo com a autora, qual deve ser o papel da família na educação para o consumo?

      Segundo a autora, os adultos responsáveis da família precisariam também educar-se para o consumo consciente.

07 – Que relação a autora faz entre a ascensão do “funk ostentação” e os padrões de consumo atuais? Você concorda ou discorda dela? Explique.

      Segundo a autora, o funk ostentação enfatiza, em suas letras, o consumismo, a conquista de bens materiais e a ambição em conquistar seus objetivos de riqueza. Esses valores culturais disseminados nas músicas têm como consequência a ideia de que a pessoa só se torna “alguém” se consumir determinados produtos e marcas. A segunda resposta pessoal do aluno.

08 – No que consiste o consumo colaborativo? Você já tinha ouvido falar nessa forma de consumo? O que achou dessa ideia?

      O consumo colaborativo consiste em compartilhar carros, bicicletas, espaços de trabalho e aparelhos eletrônicos. A segunda resposta pessoal do aluno.

09 – Reproduza a tabela abaixo e preencha-a com as propostas apresentadas pela autora em relação ao consumo consciente nas escolas:

·        Água: Troca de torneiras por aquelas que fecham automaticamente; reuso de água de chuva para a limpeza da escola.

·        Energia elétrica: Instalar luz de presença, que acende e apaga a partir do movimento.

·        Papel: Uso e reuso adequado de papel, livros e cadernos.

·        Descarte de lixo orgânico: Descarte adequado do lixo orgânico, separado do reciclável.

·        Descarte de lixo reciclável: Separação do lixo reciclável e encaminhamento da coleta seletiva.

·        Uniformes: Sistema de devolução de uniformes que não servem mais e podem ser reaproveitados por outros alunos menores.