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domingo, 4 de outubro de 2020

CRÔNICA: O CASAL DA OUTRA MESA - MARNE R. - COM QUESTÕES GABARITADAS

 CRÔNICA: O CASAL DA OUTRA MESA

             Sentado na mesa de um café, via um homem e uma mulher conversarem numa mesa a uma certa distância da minha. Eles riam, gesticulavam. O rapaz falava coisas fazendo sinal de aspas com os dedos. Deus do Céu! como isso me irrita! Aspas são um sinal escrito que marca um tom de voz diferenciado ao falar, seja de ironia, de brincadeira... Para “falar entre aspas” basta dar à palavra a entonação certa. Absolutamente irritante. A mim, já me faria perder a linha de todo o resto do argumento. Ficaria nas “aspas manuais” e não passaria delas.

 [...]

         Minha vida não andava das melhores, mas também não podia me queixar. Estava sem namorada, o emprego não me trazia grandes realizações, não ia a grandes lugares, não fazia grandes viagens... mas também não havia coisas ruins acontecendo. Estava tudo no modo normal, digamos... Ou num platô, como diria uma antiga terapeuta. Outra coisa, portanto, que me deixa um pouco irritado: usar palavras estrangeiras sem necessidade alguma. As lojas estão cheias de “sale” ou “50% off ”. Parece que há alguma proibição para o uso da palavra “liquidação” ultimamente. Nos meus tempos de juventude, tínhamos que cuidar para ter uma silhueta esbelta: hoje cuidamos do “shape”. Quase pulo de irritação quando alguém pronuncia a palavra “shape”! E o tal platô, como chamaríamos? Patamar? Talvez. Soa melhor, pelo menos. [...]

 Marne r. O casal da outra mesa. Recanto das letras. Disponível em: . Acesso em: 6 ago. 2018.

Fonte: Livro: Se liga na língua, 9º ano. Ed. Moderna, 1ª ed. 2018, p.202

Entendendo a crônica

a)   A ideia para a escrita de uma crônica pode surgir de um fato banal, cotidiano, real ou imaginado, que desperta as reflexões do cronista. O que motivou essa crônica?

 A observação de um rapaz que fazia o sinal de aspas com as mãos, o que levou o cronista a refletir sobre aspectos linguísticos.

 

b)   No primeiro parágrafo, o cronista critica o comportamento de um rapaz. Segundo ele, que aspecto da linguagem o rapaz parece desconhecer?

O fato de as aspas serem sinais usados na escrita para expressar algo que é próprio da fala, o que as tornaria desnecessárias em situações de conversação.

 

c)   Por que houve uso de aspas em “falar entre aspas”?

Para destacar o sentido da expressão.

d)   Uma das funções das aspas é marcar palavras citadas. Que palavras ou expressões poderiam ser marcadas por elas em “Estava tudo no modo normal, digamos... Ou num platô, como diria uma antiga terapeuta”?

“Modo normal” e “platô”

e)   No segundo parágrafo, o texto revela outro emprego das aspas. O que as justifica nas palavras “sale”, “off” e “shape”?

São estrangeirismos.

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