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sábado, 3 de outubro de 2020

CRÔNICA: A CARROÇA DOS CACHORROS - LIMA BARRETO - COM GABARITO

 Crônica: A carroça dos cachorros

                  Lima Barreto 

   Quando de manhã cedo, saio da minha casa, triste e saudoso da minha mocidade que se foi fecunda, na rua eu vejo o espetáculo mais engraçado desta vida.

     Amo os animais e todos eles me enchem do prazer natureza.

    Sozinho, mais ou menos esbodegado, eu, pela manhã desço a rua e vejo.

        O espetáculo mais curioso é o da carroça dos cachorros. Ela me lembra a antiga caleça dos ministros de Estado, tempo do império, quando eram seguidas por duas praças de cavalaria de polícia.

        Era no tempo da minha meninice e eu me lembro disso com as maiores saudades.

        -- Lá vem a carrocinha! - dizem.

        E todos os homens, mulheres e crianças se agitam e tratam de avisar os outros.

        Diz Dona Marocas a Dona Eugênia:

        -- Vizinha! Lá vem a carrocinha! Prenda o Jupi!

        E toda a “avenida" se agita e os cachorrinhos vão presos e escondidos.

        Esse espetáculo tão curioso e especial mostra bem de que forma profunda nós homens nos ligamos aos animais.

        Nada de útil, na verdade, o cão nos dá; entretanto, nós o amamos e nós o queremos.

        Quem os ama mais, não somos nós os homens; mas são as mulheres e as mulheres pobres, depositárias por excelência daquilo que faz a felicidade e infelicidade da humanidade – o Amor.

        São elas que defendem os cachorros dos praças de polícia e dos guardas municipais; são elas que amam os cães sem dono, os tristes e desgraçados cães que andam por aí à toa.

        Todas as manhãs, quando vejo semelhante espetáculo, eu bendigo a humanidade em nome daquelas pobres mulheres que se apiedam pelos cães.

        A lei, com a sua cavalaria e guardas municipais, está no seu direito em persegui-los; elas, porém, estão no seu dever em acoitá-los.

Lima Barreto

Entendendo a crônica:

01 – A partir a leitura da crônica, o adjetivo “pobres” caracteriza:

a)   As mulheres.

b)   Os policiais.

c)   Os sentimentos do cronista.

d)   Os cães.

02 – A crônica é narrada em 1ª ou em 3ª pessoa? Destaque do texto elementos que justifiquem o foco narrativo escolhido.

      É narrada em 1ª pessoa, conforme este trecho: “— Quando de manhã cedo, saio...”.

03 – O narrador participa da história ou apenas observa?

      Não, apenas observa.

04 – Onde e quando se passa a história?

      Na rua onde mora o narrador e o fato acontece de manhã, cedo.

05 – No trecho: “E toda a “avenida” se agita e os cachorrinhos vão presos e escondidos”, as aspas na palavra avenida foram utilizadas com propósito:

a)   Expressivo figurativo.

b)   Apenas de chamar a atenção para a passagem da carrocinha.

c)   De marcar ironia.

d)   De indicar que se trata de palavra de língua estrangeira.

06 – Transcreva do texto adjetivos e/ou locuções adjetivas que se referem:

a)   Aos sentimentos do cronista.

Triste, saudoso, solitário, esbodegado.

b)   Aos cachorros.

Tristes, desgraçados.

07 – No trecho: “São elas que defendem os cachorros dos praças de polícia e dos guardas municipais; são elas que amam os cães sem dono, os tristes e desgraçados cães que andam por aí à toa.”, as palavras destacadas se referem a:

a)   Vizinhas.

b)   Às mulheres.

c)   Dona Marocas e Dona Eugênia.

d)   Às mulheres e às mulheres pobres.

08 – Em:

        “E todos os homens, mulheres e crianças se agitam e tratam de avisar os outros.

        Diz Dona Marocas a Dona Eugênia:

        -- Vizinha! Lá vem a carrocinha! Prenda o Jupi!”.

        A transformação correta do trecho sublinhado no texto para o discurso indireto no pretérito está na alternativa:

a)   Dona Marocas disse à vizinha que está vindo a carrocinha e que ela prende o Jupi!

b)   Dona Marocas disse à vizinha que está vindo a carrocinha e que ela devesse prende o Jupi!

c)   Dona Marocas disse à vizinha que virá a carrocinha e que Dona Eugênia deve prender o Jupi.

d)   Dona Marocas dizia à vizinha que aqui viria a carrocinha e que Dona Marocas deverá prender o Jupi.

09 – São características da crônica:

I – A presença de heróis e seres sobrenaturais.

II – Explicar acontecimentos misteriosos e sobrenaturais nos quais a natureza tem papel marcante.

III – Gênero narrativo marcado pela brevidade, narra fatos históricos em ordem cronológica.

IV – Gênero narrativo publicado em jornal ou revista, destina-se à leitura diária ou semanal, pois trata de acontecimentos cotidianos.

V – Ausência de autor conhecido, em razão de sua origem muito antiga e oral.

        Após analisar as afirmativas acima, marque a única alternativa correta.

a)   I e II.

b)   I e III.

c)   IV e V.

d)   I e V.

e)   III e IV.

10 – O texto apresenta um fato que faz parte do cotidiano das pessoas de uma rua. Que fato é esse?

      O fato de uma vizinha ter avisado a outra que era para esconder seu cachorro que a carrocinha estava passando. Ser solidário com outro vizinho.

11 – Das alternativas a seguir, qual a que melhor sintetiza a crônica de Lima Barreto?

a)   O cronista está saudoso de sua mocidade, portanto escreve um texto sobre os cachorros.

b)   Em sua crônica, Lima Barreto faz uma crítica severa à carroça dos cachorros, que torna a vida das pessoas mais simples, um transtorno.

c)   Lima Barreto demonstra, em sua crônica, que as pessoas são mais solidárias com os cachorros que com outras pessoas.

d)   O olhar do cronista, quase ingênuo, observa um episódio corriqueiro, a passagem da carroça dos cachorros, e o transforma em um tributo à natureza humana.

e)   O episódio da passagem da carroça dos cachorros leva o cronista a refletir sobre questões cruciais para a realidade do Brasil, como a segurança, por exemplo.

 

 

5 comentários:

  1. De que maneira esse texto dialoga com a crônica de lima barreto ? Destaque do banner elemento gráfico visual que justifique a aproximação.

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  2. 1) Qual é a situação inicial do texto?
    2) Que fato do cotidiano a crônica que você leu explora?
    3) Quais são os personagens?
    4) Qual o ambiente, o espaço que a história se desenvolve?
    5) Você achou o título interessante? Por quê?

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