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quarta-feira, 27 de junho de 2018

CRÔNICA: A DESCOBERTA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO

Crônica: A descoberta
            Luís Fernando Veríssimo

_ Bom dia. Eu sou o pai do Buscapé.
_ Do Buscapé?
_ Do Otávio.
_ Ah, do Otávio. Pois não.
_ Ele é um demônio.
_ Eu sei. Quer dizer, não. Ele é um menino, vamos dizer, hiperativo.
_ “Híper” é pouco.
_ Eu não acho que...
_ Por favor. Não precisa se constranger. Eu sou o pai e sei. Ele é um demônio.
_ É.
_ E é sobre isso que eu queria lhe falar.
_ Ele contou que eu gritei com ele na aula...
_ Não, não. Isso ele nem nota. Está acostumado. É que a mãe dele está preocupada.
_ Eu não me preocuparia. Todas as crianças são hiperativas nessa fase. O Buscapé... O Otávio só é um pouco mais do que as outras. A sua senhora não deve...
_ Mas ela está preocupada com outra coisa...
_ O quê?
_ O Busca não para de ler.
_ Não para de ler? Mas isso é ótimo.
_ Desde que começou a ler, anda sempre com um livro debaixo do braço. Quando a gente estranha o silêncio dentro de casa, vai ver é ele não fazendo barulho. Está atirado no chão, soletrando um livro, muito compenetrado.
_ Mas eu não vejo qual o problema.
_ É a mãe dele que... Bom, ela sente falta.
_ Do quê?
_ Da agitação do Busca. Ela não está acostumada, entende? A ter um intelectual em casa. Outro dia até brigou com ele.
_ Por quê?
_ Ele estava quieto demais. Ela gritou:” Eu não aguento mais. Quebra alguma coisa!”
_ Mas eu não entendo o que eu posso...
_ Bom, se a senhora pudesse, sei lá. Não digo desencorajar o Busca. Só dizer que ele não precisa exagerar.
_ Mas ele está descobrindo o mundo maravilhoso dos livros. Isso é formidável.
_ É, só que a gente fica, não é? Com um certo ciúme.

                                                                  Luís Fernando Veríssimo.

Entendendo a crônica:

01 – No texto, a professora recebe o pai de Otávio na escola para uma conversa. Sobre o que ela inicialmente imaginou que ele queria conversar?
      A professora achou que o pai queria falar sobre o fato de ela ter gritado com o filho dele na aula.

02 – Segundo a professora, Otávio é um menino hiperativo. O que você acha que seja uma pessoa hiperativa?
      "Hiperativa" seria uma pessoa muito ativa, agitada, que não consegue ficar parada por muito tempo.

03 – O título do texto é “A descoberta”:
a)   Como você justifica esse título?
O título é "a descoberta" porque o texto trata do descobrimento, feito pelo Otávio, do mundo dos livros.

b) A descoberta de Buscapé interfere em seu comportamento? Por quê?
         Sim. Ele passou a ficar muito quieto e silencioso, sempre lendo algum livro.

04 – O humor do texto é construído em torno de uma contradição.
a)   O que os pais geralmente esperam dos filhos?
Geralmente, os pais esperam que os filhos se interessem pela leitura, que gostem de ler e estudar.

b)   Por que os pais de Otávio são diferentes?
Os pais de Otávio gostam da agitação feita pelo filho (gostam do barulho). Também não estão acostumados com um intelectual em casa, ou seja, com alguém tão dedicado aos estudos.

c)   Como razão alegam ciúme. No caso, eles têm ciúme de quê?
Eles sentem ciúme do filho, de perder o afeto e atenção dele, visto que ele passou a se dedicar mais à leitura e parou de dar trabalho aos pais.

05 – Quando lia, Buscapé se isolava, ficava em silêncio, alheio ao que ocorria na casa. Na sua opinião, todo tipo de leitura exige concentração e silêncio. Por quê?
      Não necessariamente. Há leituras que são feitas em voz alta para um público, como a contação de histórias infantis.
      Aliás, os pais de Otávio poderiam utilizar a leitura para se aproximar mais do filho.







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