Texto: HERÓIS DESCONHECIDOS
DURANTE MUITOS
ANOS, Roberto Carlos era chamado por um número: 374, sua inscrição no
prontuário da Febem. Após 131 fugas, era tido como irrecuperável. Menino de rua
e analfabeto, seu caminho parecia ter uma única direção, a da marginalidade.
Mas ele mudou o curso.
Filho caçula de
uma família de dez crianças, nasceu na região pobre de Belo Horizonte, Minas
Gerais. Aos seis anos, o pai desempregado o internou na Fundação Estadual para
o Bem-Estar do Menor (Febem), anunciada na época como uma espécie de colégio
para crianças carentes. Só podia ser visitado uma vez por mês. Em dois anos, o
pequeno Roberto Carlos já contabilizava doze fugas.
A cada fuga acreditava poder
encontrar uma família.
[...]
Aos 13 anos, após sair do
camburão, ainda na sala de triagem, dando a sua 132ª entrada na Febem, o rapaz
chama atenção da pedagoga francesa Marguerit Duvas, em visita à casa de
menores. Os funcionários disseram que se tratava de um caso irrecuperável.
Revoltada, Marguerit decide leva-lo para casa. Não acreditava que, aos 13 anos,
uma criança poderia ser irrecuperável. Ela estava certa.
A pedagoga ensina Roberto
Carlos a ler e o leva para a França. Depois da adolescência no exterior, o
rapaz volta ao pais para estudar pedagogia na Universidade Federal de Minas
Gerais. Faz questão de estagiar na Febem, causando surpresa entre os
funcionários. “Provei que não era irrecuperável.” Começa a dar aulas na própria
instituição, onde revela sua grande vocação para contar histórias, arte que
aprendeu tentando fazer amigos, na França. É então chamado para lecionar
em escolas particulares passando, mais tarde, a dar palestras em empresas. Em
1986, adota Alexandre, menino de 9 anos, outro caso irrecuperável da Febem, o
primeiro de 13 ex-internos da instituição que hoje vivem em sua companhia.
[...]
Coriolano
Gatto. Heróis desconhecidos. In: 100 brasileiros. Secretaria
De
Comunicação Social da Presidência da República/Fundação
Biblioteca
Nacional, 2004.
Entendendo o texto:
01 – No texto que você leu são apresentados fatos relevantes da vida de
Roberto Carlos. Que fatos são esses?
Foram apresentados dados de sua infância, seu internamento na Febem e suas
diversas fugas; a mudança em sua vida quando foi adotado pela pedagoga francesa
a sua mudança para a França; o início como professor na Febem.
02 – Os fatos são marcados pelo próprio Roberto Carlos ou por outra
pessoa? Como você chegou a essa conclusão?
Os fatos foram narrados por outra pessoa que teve acesso a informações sobre a
vida de Roberto Carlos. A biografia está em 3ª pessoa.
03 – A biografia de Roberto Carlos Ramos foi publicada no livro 100
brasileiros, no capítulo “Heróis desconhecidos”.
a) Por que o biografado foi considerado um herói?
Porque Roberto Carlos Ramos teve algumas
atitudes que justificam essa denominação, como superação, coragem, ousadia,
além de passar a promover o bem para muitas pessoas após sua recuperação.
b) O que o título escolhido para o capítulo do livro sugere?
O título sugere que Roberto Carlos é um
herói da vida real que ainda não tem tanta fama, mas que merece ser mais
conhecido pelo seu valor.
04 – As informações apresentadas nos dois primeiros parágrafos da
biografia tratam da triste realidade de uma criança que vive na rua.
Além de apresentar esse fato, que outras razões podem ter motivado a
publicação da história da vida de Roberto Carlos?
Roberto Carlos foi considerado um garoto irrecuperável, mas
conseguiu se recuperar, fazer um curso superior e ter uma profissão, sendo,
dessa maneira, um exemplo de superação.
05 – Roberto Carlos tinha um dom para ser contador de histórias. Em que
circunstâncias esse dom se manifestou?
Quando
ele percebeu que essa era uma forma de fazer amigos, no período em que morou na
França.
06 – Depois que Roberto mudou de vida e estudou, ele quis fazer estágio
na Febem. O que justificaria essa sua atitude?
Ele
queria mostrar que não era um caso irrecuperável e que é necessário criar
oportunidades para que cada pessoa tenha uma vida digna.
07 – A cada fuga, Roberto Carlos tinha a esperança de encontrar uma
família. Em sua opinião, porque isso era importante para ele?
Porque
ele certamente sentia falta de pessoas que pudessem cuidar dele, dar-lhe
atenção, carinho, amor e segurança, que são essenciais para a boa formação
humana.
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