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sábado, 17 de fevereiro de 2018

CRÔNICA: SER FILHO É PADECER NO PURGATÓRIO - CARLOS EDUARDO NOVAES- COM GABARITO

CRÔNICA: SER FILHO É PADECER NO PURGATÓRIO
                      Carlos Eduardo Novaes

        – Pssiu, psssiu!
   – Eu? – virou-se Juvenal, apontando o próprio peito.
        – É. O senhor mesmo. – confirmou o comerciante à porta da loja. Venha cá por favor.
        Juvenal aproximou-se. O comerciante inclinou-se sobre ele e, como que lhe segredasse algo, perguntou:
        – O senhor tem mãe?
        – Tenho.
        – Gosta dela?
        – Gosto.
        – Então é com o senhor mesmo que eu quero falar. Vamos entrar. Tenho aqui um presente especial para sua mãe.
        – Tem mesmo? Mas por que o senhor não entrega a ela pessoalmente?
        – Porque ela é sua mãe, não é minha. O senhor é que deve entregar o presente.
        – Está bem. Então o senhor me dá que eu dou pra ela.
        – Dar, não. – corrigiu o comerciante. – Infelizmente, não estamos em condições. As vendas só subiram 75%. Vou ter que lhe vender o presente.
        – Mas eu não estava pensando em comprar um presente agora para minha mãe. O aniversário dela é em novembro.
        – Não é pelo aniversário. É pelo dia das mães.
        – Dias das mães? – repetiu Juvenal, sempre desligado. – Mães de quem?
        – Mães de todos. É depois de amanhã, domingo.
        – É mesmo? E quem disse isso?
        – Bem…
        – Está na Bíblia?
        – Não. Ele foi criado por nós, comerciantes, para permitir que vocês manifestem seu amor e carinho por suas mães.
        – Puxa, vocês são tão legais. Eu não sabia que os comerciantes gostavam tanto da mãe da gente.
        – Pois acredite. E olhe, vou lhe contar um segredo: nós gostamos mais da mãe de vocês do que da nossa.
        – É mesmo? E por que assim?
        – Porque a nossa não deixa lucro. Pelo contrário. Todo ano, no dia das mães, sou obrigado a desfalcar a loja para presenteá-la.

NOVAES, Carlos Eduardo. Juvenal Ouriço repórter. 
Rio de Janeiro, Editora Nórdica, 1977.


Entendendo o texto:
Lido o texto, responda às questões a seguir, assinalando a única opção correta: –
01 – O comerciante perguntou se Juvenal gostava de sua mãe porque queria:
a. (   ) deixá-lo emocionado.           b. (   ) expor seus sentimentos
c. (X) vender-lhe um presente.       d. (   ) saber se ele era um bom filho.

02 – Com esse texto, o autor pretendeu demonstrar que:
a. (   ) merece purgatório quem esquecer o Dias das Mães.
b. (X) o comércio se importa apenas com o lucro das vendas.
c. (   ) o amor filial se torna mais evidente no Dias das Mães.
d. (   ) um único dia no ano é pouco para homenagear as mães.

03 – Em que dia da semana o comerciante conversou com Juvenal?
a. (   ) segunda-feira                b. (   ) domingo             
c. (X) sexta-feira                      d. (   ) quarta-feira.

04 – Em: “… sou obrigado a desfalcar a loja…”, a palavra em    destaque pode ser substituída por:
a. (X) diminuir      b. (   ) desperdiçar      c. (   ) furtar.

05 – Por que Juvenal pareceu surpreso quando o comerciante se referiu ao Dias das Mães?
      Porque Juvenal era desligado.

06 – Pelo que se lê no texto, Juvenal costumava presentear sua mãe? Justifique sua resposta.
      O texto deixa supor que ele só presenteava no dia do seu aniversário.

07 – O comerciante afirma que gosta mais das mães dos outros que da sua. Por quê?
      Porque, segundo o comerciante, as mães dos outros dão lucro para a loja e a dele dá prejuízo.

08 – No trecho abaixo, as palavras em negrito podem ter sido empregadas de maneira imprópria. Corrija o emprego, trocando-as para o lugar certo:
        Quando tentei confirmar meu amor pela Ingrácia, ela não me segredou que falasse e até demonstrou no meu ouvido que aquele momento era impróprio. Eu ainda tentei permitir, dizendo que todo momento era próprio, mas ela manifestou o que dissera e corrigiu certo desagrado pela minha insistência.
        Quando tentei manifestar meu amor pela Ingrácia, ela não me permitiu que falasse e até segredou no meu ouvido que aquele momento era impróprio. Eu ainda tentei corrigir dizendo que todo momento era próprio, mas ela confirmou o que dissera e demonstrou certo desagrado pela minha insistência.

           

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