TEXTO: ACABOU O VESTIBULAR
Quase 3 milhões de formandos no Ensino Médio
estão neste momento se preparando para disputar os exames vestibulares. Pelo
menos um terço desses adolescentes está matriculado em cursinhos para compensar
as falhas de sua formação do ensino fundamental. Às voltas com apostilas e
pilhas de exercícios, dormem mal e enfrentam um stress violento. Pois bem. Esse
inferno juvenil já tem remissão. “Acabou o vestibular.” É com essa notícia para
lá de boa que a Faculdade da Cidade, uma universidade privada carioca, abre o
seu site na Internet. Em São Paulo, as Faculdades Metropolitanas Unidas seguem
um caminho parecido e mesmo escolas públicas, como a Universidade Federal de
Santa Maria e a Universidade de Brasília, UnB, já oferecem vagas segundo
critérios que passam ao largo da crueldade do vestibular tradicional.
O Ministério
da Educação não tem a menor ideia de quantas escolas estão usando métodos novos
de seleção de calouros. Também não quer saber, já que a Lei de Diretrizes e
Bases aprovada em 1996 conferiu às universidades autonomia para definir como
bem entenderem os critérios de admissão aos seus cursos.
Cursinho e decoreba – O
que assusta é que muitas faculdades de baixo nível aboliram o vestibular como
um recurso a mais para atrair estudantes sem nenhuma condição de frequentar um
curso superior, num esquema “pagou-entrou”. Seria uma forma de tentar cooptar
clientes num momento em que 818 escolas particulares em todo o país disputam um
mercado que parou de crescer já há alguns anos, fixando-se na casa dos 2
milhões de alunos. Antes, com a exigência de que todas as faculdades fizessem exames
vestibulares, tinha-se a impressão de que havia algum crivo, por mínimo que
fosse, para a entrada no Ensino Superior. Mas era só uma impressão, porque, na
verdade, quem acabava entrando nessas arapucas era gente que não conseguia ser
aprovada em nenhuma seleção séria. Não é aí que as coisas mudarão.
O que o fim do vestibular tem de bom é que
acabará com o horror e a desumanidade de submeter os jovens a um exame
estúpido, que exige o domínio artificialíssimo sobre todo o conteúdo do Ensino
Médio. Na prática, o que se faz é estimular a indústria dos cursinhos e a
decoreba de equações e fórmulas. As respeitadíssimas universidades americanas
da Califórnia, Harvard, Yale, ou o Instituto de Tecnologia de Massachusetts,
que não têm vestibular, já mostraram o caminho. Seus alunos estão entre os
melhores do mundo e são selecionados com base em entrevistas e avaliações de
desempenho escolar no decorrer de todo Ensino Médio.
A Universidade Federal de Santa Maria,
do Rio Grande do Sul, e a UnB resolveram experimentar alternativas ao
vestibular tradicional há dois anos. Tem sido um sucesso. Em vez de bateria
única de testes no final do Ensino Médio, as duas universidades aplicam as
provas em doses homeopáticas, ao final de cada ano letivo. Terminando a 1ª
Série, os colégios inscrevem seus alunos para testes a respeito do currículo
desse ano. Findos a 2ª e 3ª séries, o mesmo procedimento se repete. Somadas as
notas obtidas ao longo dos três anos, os alunos são classificados. Entram na
faculdade os primeiros colocados. Na Federal de Santa Maria, 20% das vagas são
preenchidas segundo esse critério. Na UnB, a avaliação no decorrer do Ensino
Médio responde pelo ingresso de 25% dos alunos.
Esse método permite que o estudante avalie o
ensino que está recebendo durante o Ensino Médio. “O programa tem um importante
papel educacional, porque o aluno do ensino médio acaba cobrando mais do
professor”, diz Ricardo Gauche, coordenador do Programa de Interação com o
Ensino Médio da Universidade de Brasília [...]
Com reportagem de Rodrigo
Cardoso, de São Paulo, e Cristiane Prestes, de Porto Alegre.
ENTENDENDO O TEXTO:
01 – O texto lido, discute o exame vestibular no Brasil. No 1º parágrafo
do texto encontra-se o lead, que responde às perguntas básicas de uma
notícia: 0 quê, quem, quando, onde, como, por quê.
a) Qual é o fato?
O fim do vestibular em algumas
universidades.
b) Onde esse fato tem ocorrido?
Faculdade da Cidade/RJ e Faculdades
Metropolitanas Unidas/SP (particulares), já nas públicas são: Universidade de
Santa Maria e a Universidade de Brasília- UnB.
c) Como isso tem sido feito?
Cada universidade tem autonomia para
definir os critérios de admissão, segundo a Lei de Diretrizes e Bases.
d) Por que esse fato tem ocorrido?
Porque
dos quase 3 milhões de formandos no Ensino Médio, um terço desses adolescentes
fazem cursinho para compensar falhas do ensino fundamental.
02 – Os demais parágrafos do texto ampliam o lead, acrescentando novos
fatos, questionando suas causas e efeitos e interpretando-os. Em relação ao 1º
e 2º parágrafos da parte do texto intitulada “Cursinho e decoreba”, responda:
a) Qual é a razão de faculdades particulares de baixo nível abolirem o
vestibular?
Como um recurso para atrair mais
estudantes.
b) Quais as consequências positivas decorrentes do fim do vestibular
tradicional?
Que acabará com o
horror e a desumanidade de submeter os jovens a um exame estúpido, que exige o
domínio artificialíssimo sobre todo o conteúdo do Ensino Médio.
03 – Universidade Federal de Santa Maria, do Rio Grande do Sul, e a UnB (Universidade
de Brasília) adotaram método alternativo ao vestibular tradicional. Outras
universidade já iniciaram processos de seleção baseados no mesmo método.
a) Em que consiste esse método alternativo?
As duas universidades aplicam as provas
em doses homeopáticas, ao final de cada ano letivo. Terminando a 1ª série, os
colégios inscrevem seus alunos para testes a respeito do currículo desse ano.
Findos o 2ª e o 3ª séries, o mesmo procedimento se repete. Somadas as notas
obtidas ao longo dos três anos, os alunos são classificados. Entram na
faculdade os primeiros colocados.
04 – Identifique e copie, no texto, um trecho de entrevista que destaca
a contribuição desse novo método de seleção para o ensino médio.
"O programa tem um importante papel
educacional, porque o aluno do ensino médio acaba cobrando mais do
professor."
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