Reportagem: A chegada dos carros voadores – Fragmento
Projetos
impulsionam desenvolvimento de protótipos de eVTOLs no Brasil e no mundo
Carros voadores, como os que cruzam os
céus do desenho animado Os Jetsons, lançado nos anos 1960, ou da distopia
futurista Blade Runner, de 1984, foram durante muito tempo apenas peça de
ficção científica. Hoje, há várias iniciativas tentado tornar essas aeronaves
realidade. Projetos de veículos voadores elétricos capazes de levar passageiros
de um lado para outro, como se fossem táxis aéreos, são executados por diversas
empresas ao redor do mundo. Conhecidos pela sigla eVTOL, acrônimo em inglês
para veículo elétrico que decola e pousa na vertical, esses aparelhos estão
sendo projetados para reduzir os congestionamentos e melhorar a qualidade do ar
nas grandes cidades. Para que isso ocorra, vários desafios precisam ser
superados, a começar pela viabilidade técnica dos próprios veículos.
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhup60Kkc8b0XtNchXCH0QEAXb6c5boRCPRF1inouDZamYp_WKkx7JvWm7Xjd7C0fe1Og04KU9bQ9Pu72ZiNy_o0O2tmCJo6vThWH6Eo6v58Ia-t06Pajdbjg8aHUgGMYXuoHlr-sM9Cw-Zq1wT_0PG6vbhIbm5VbQ99HroFWgIbsli-GkT-Ch3_5VOi0s/s320/EVTOLS.jpg [...]
Os eVTOLs conjugam características de
helicópteros e aviões. Como os primeiros, pairam, decolam e pousam
verticalmente – por isso, não precisam de pistas longas para operar. Também
podem se deslocar para frente, para trás e para os lados. Uma diferença entre
eles está na concepção de asas fixas, estrutura que não existe nos
helicópteros, e na quantidade de rotores. Enquanto a maioria dos helicópteros
modernos tem dois rotores – o maior, geralmente situado acima da cabine,
responsável pelo movimento de subida e descida do aparelho e algumas manobras,
e um menor, na cauda, também usado para fazer manobras –, os eVTOLs estão sendo
projetados para ter vários rotores e atuando em conjunto.
A principal semelhança entre eVTOLs e
aviões é a existência de asas fixas. “Elas conferem mais estabilidade durante o
voo e maior autonomia [tempo máximo de voo ou distância máxima percorrida pelo
veículo]”, explica o engenheiro eletricista Guilherme Augusto Silva Pereira, do
Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Segundo ele, o fluxo de ar que passa sob as asas ajuda a manter a
aeronave por mais tempo no ar, gastando menos energia.
Outro diferencial dos eVTOLs é que,
além de serem elétricos, podem ter fontes híbridas de energia, como baterias,
células fotovoltaicas e células a combustível. Aviões e helicópteros utilizam
principalmente querosene de aviação, combustível derivado do petróleo, para
mover seus motores, embora existam projetos em andamento de aviões elétricos.
[...]
O engenheiro de controle de automação
Guilherme Vianna Raffo, do Departamento de Engenharia Eletrônica da UFMG,
explica que, do ponto de vista acadêmico, o desenvolvimento de eVTOLs se
encontra bastante avançado. “Vários sistemas de navegação e controle para
detecção e desvio de obstáculos, identificação de falhas de sistemas e manobras
agressivas estão sendo ou já foram criados para ser acoplados a essas
aeronaves”, diz Raffo, que trabalha com eVTOLs desde o doutorado realizado na
Universidade de Sevilla, na Espanha, entre 2007 e 2011. O pesquisador participa
atualmente de um projeto executado pelas universidades Federal de Minas Gerais
(UFMG), Federal de Santa Catarina (UFSC) e de Sevilha cuja finalidade é
desenvolver um eVTOL para apoiar o serviço de resgate e atendimento médico de
urgência da Espanha.
Os principais grupos de estudo nessa
área, de acordo com Raffo, estão no Laboratório Geral de Robótica, Automação,
Sensoriamento e Percepção da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos,
no Instituto de Sistemas Dinâmicos e Controle do Instituto Federal de
Tecnologia de Zurique, na Suíça, e no Grupo de Robótica, Visão e Controle da
Universidade de Sevilha. No Brasil, a UFMG, o Instituto Tecnológico de
Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos (SP), a Universidade de São Paulo
(USP), campus de São Carlos, e a UFSC se destacam na realização de
pesquisas visando ao aperfeiçoamento das tecnologias.
[...]
No Brasil, além de trabalhar em um
conceito de eVTOL, a Embraer estuda a implementação de um ecossistema de
pesquisa e desenvolvimento (P&D) que viabilize o atendimento da potencial
demanda por esse novo tipo de mobilidade urbana. Isso envolve, entre outras
coisas, o aprimoramento do sistema de controle de tráfego aéreo urbano. “É
imprescindível garantir rotas de navegação seguras para essas aeronaves”,
declara o cientista da computação Felipe Leonardo Lôbo Medeiros, do Instituto
de Estudos Avançados do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial
(IEAv-DCTA), em São José dos Campos.
[...].
ANDRADE, Rodrigo de
Oliveira. A chegada dos carros voadores. Pesquisa Fapesp, Ed. 286, dez. 2019.
Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/a-chegada-dos-carros-voadores.
Acesso em: 26 out. 2020. (Adaptado).
Fonte: Coleção Rotas.
Língua Portuguesa. Ensino fundamental. Anos finais. 8º ano/Sandra Moura
Severino (org.) – Brasília: Caderno de atividades – Editora Edebê Brasil, 2020.
p. 21-22.
Entendendo a reportagem:
01
– Qual é o significado da sigla eVTOL e qual é o propósito principal desses
veículos, de acordo com o texto?
A sigla eVTOL é
um acrônimo em inglês para veículo elétrico que decola e pousa na vertical
("electric Vertical Take-Off and Landing"). O propósito principal
desses veículos é funcionar como táxis aéreos para reduzir os congestionamentos
e melhorar a qualidade do ar nas grandes cidades.
02
– O texto menciona obras de ficção científica que apresentavam a ideia de
carros voadores. Quais são elas?
As obras de
ficção científica mencionadas são o desenho animado Os Jetsons (lançado nos
anos 1960) e a distopia futurista Blade Runner (de 1984).
03
– Quais são as duas principais características que os eVTOLs conjugam, e como
eles se assemelham a cada uma dessas aeronaves?
Os eVTOLs
conjugam características de helicópteros e aviões.
Semelhança com helicópteros:
Eles pairam, decolam e pousam verticalmente (não precisam de pistas longas) e
podem se deslocar para frente, para trás e para os lados.
Semelhança com aviões: Eles
possuem asas fixas, que conferem mais estabilidade durante o voo e maior
autonomia.
04
– Qual é uma diferença fundamental na concepção de rotores entre a maioria dos
helicópteros modernos e os eVTOLs, conforme o texto?
Enquanto a
maioria dos helicópteros modernos tem dois rotores (um maior, acima da cabine,
e um menor, na cauda), os eVTOLs estão sendo projetados para ter vários rotores
atuando em conjunto.
05
– Além de serem elétricos, quais outras fontes de energia híbrida os eVTOLs
podem utilizar, e qual é o principal combustível utilizado por aviões e
helicópteros convencionais?
Os eVTOLs podem
ter fontes híbridas de energia como baterias, células fotovoltaicas e células a
combustível. Aviões e helicópteros convencionais utilizam principalmente
querosene de aviação, um combustível derivado do petróleo.
06
– Segundo o engenheiro Guilherme Vianna Raffo, em que nível de desenvolvimento
os eVTOLs se encontram do ponto de vista acadêmico e qual é um exemplo de
projeto em que ele participa?
Do ponto de vista
acadêmico, o desenvolvimento de eVTOLs se encontra bastante avançado, com
vários sistemas de navegação e controle já criados ou em desenvolvimento (como
detecção/desvio de obstáculos e identificação de falhas). Um exemplo de projeto
em que ele participa é o desenvolvimento de um eVTOL para apoiar o serviço de
resgate e atendimento médico de urgência da Espanha, executado por
universidades brasileiras (UFMG, UFSC) e a Universidade de Sevilha.
07
– No Brasil, qual empresa está estudando, além do conceito de eVTOL, a
implementação de um ecossistema de P&D para esse novo tipo de mobilidade, e
o que essa iniciativa envolve?
A empresa é a
Embraer. A iniciativa envolve, entre outras coisas, o aprimoramento do sistema
de controle de tráfego aéreo urbano, pois é imprescindível garantir rotas de
navegação seguras para essas aeronaves.
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