Carta da Editora: Os desafios da Amazônia – Fragmento
Alexandra Ozorio de Almeida |
diretora de redação
O debate sobre o futuro da Amazônia
depende essencialmente de como se define desenvolvimento. Diversas iniciativas
governamentais – e privadas, muitas vezes ilegais – desde os anos 1970 estão
centradas na ideia de ocupação do território para atividades agropecuárias e de
mineração, além do uso dos rios para geração de energia elétrica, mesmo que
implique a derrubada descontrolada da floresta. A região Norte é a mais pobre
do país e o desmatamento contínuo, que já consumiu 20% da área original da
floresta no Brasil, afeta negativamente o clima regional, com impacto no
continente e no restante do planeta.
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTb9PN07QIUcPL_ZgjtVAoIo2jL4JzREbKSztXBaylrRBCZ7YVk77MhShl5S6-dw-ZjAEbl9CGxj_o60KSG9aczZmPjl3sMN4UrJ3OyNQWLvqFH7OZ6Sygm5xBQgUBrJIaEczVpLrD3SloF8xRzB-uoZiQsIIFAa5BEn-A_q2G3RUfPIw9uQg9t6XwP4k/s1600/AMAZONIA.jpg A floresta amazônica exerce um papel
fundamental na chamada química atmosférica: é uma gigantesca fonte de
vapor-d’água. Leva chuva da região Norte até a bacia do rio da Prata,
favorecendo, por exemplo, a atividade agropecuária da região Centro-Oeste. Um
estudo mostra que o desmatamento total ou parcial das três grandes florestas
tropicais do mundo – da bacia do Congo e do Sudeste Asiático, além da amazônica,
a maior delas – causaria um aumento da temperatura do planeta de 0,7 °C, o que
equivale a boa parte do aquecimento causado pela ação humana desde a Revolução
Industrial.
O ecossistema rico e delicado da
Amazônia demanda um modelo de desenvolvimento próprio, que privilegie as
particularidades da floresta, aproveitando sua imensa biodiversidade e
respeitando a população local – indígenas, ribeirinhos e moradores das cidades.
A discussão deve contemplar questões como manejo sustentável de recursos como
pesca, madeira e frutos, a oferta de infraestrutura para seus habitantes (na
região que concentra 20% de água doce de toda a Terra, 30% da população não tem
acesso à água potável e 87% vive sem coleta de esgoto), o combate ao
desmatamento ilegal, a grilagem de terras públicas, entre outros pontos. A
ciência tem a contribuir: no estudo da biodiversidade; na domesticação de
espécies nativas com relevância comercial; na recuperação de pastagens
abandonadas para uso em uma agricultura mais tecnológica e uma pecuária mais
intensiva, ou em floresta.
Pesquisa FAPESP dedica 26 páginas desta
edição ao tema. Elas mostram os mecanismos que fazem da Amazônia um elemento
central do clima global (página 18) e como o desmatamento está levando a
mudanças como o prolongamento da estação seca (página 24). O desenvolvimento
sustentável da região é tema de reportagem à página 32, complementada por
entrevistas (páginas 30 e 40) com o ecólogo Paulo Moutinho, do Ipam, e o
químico Lauro Barata, professor visitante sênior da Ufopa.
[...]
ALMEIDA, Alexandra
Ozorio de. Os desafios da Amazônia. Carta da Editora. Pesquisa Fapesp, n. 285,
nov. 2019, p. 7.
Fonte: Coleção Rotas.
Língua Portuguesa. Ensino fundamental. Anos finais. 8º ano/Sandra Moura
Severino (org.) – Brasília: Caderno de atividades – Editora Edebê Brasil, 2020.
p. 69-70.
Entendendo a carta:
01 – De que maneira o debate
sobre o futuro da Amazônia está intrinsecamente ligado à definição de
"desenvolvimento"?
O debate está
ligado ao conceito de desenvolvimento porque as iniciativas governamentais e
privadas (muitas vezes ilegais) desde os anos 1970 se basearam em uma ideia de
desenvolvimento centrada na ocupação do território para atividades como
agropecuária, mineração e geração de energia elétrica (hidrelétricas), o que
implica, frequentemente, a derrubada descontrolada da floresta.
02 – Qual é a importância
fundamental da Floresta Amazônica na chamada "química atmosférica" e
qual é o impacto de seu papel em outras regiões do continente?
A Amazônia é
descrita como uma gigantesca fonte de vapor-d’água. Ela exerce um papel
fundamental na química atmosférica ao levar chuva da região Norte até a bacia
do rio da Prata, o que favorece, por exemplo, a atividade agropecuária da
região Centro-Oeste.
03 – Qual é a extensão do
desmatamento da floresta original no Brasil, e qual o impacto climático global
que um desmatamento total ou parcial das grandes florestas tropicais poderia
causar, segundo um estudo mencionado?
O desmatamento
contínuo já consumiu 20% da área original da floresta no Brasil. Um estudo
mostra que o desmatamento total ou parcial das três maiores florestas tropicais
do mundo (Amazônica, bacia do Congo e Sudeste Asiático) causaria um aumento da
temperatura do planeta de 0,7°C, o que equivale a grande parte do aquecimento
causado pela ação humana desde a Revolução Industrial.
04 – O que o modelo de
desenvolvimento próprio e adequado à Amazônia deve privilegiar e quais
problemas de infraestrutura devem ser contemplados na discussão?
O modelo deve
privilegiar as particularidades da floresta, aproveitando sua imensa
biodiversidade e respeitando a população local (indígenas, ribeirinhos, etc.).
Em relação à infraestrutura, a discussão deve contemplar o fato de que, embora
a região concentre 20% da água doce da Terra, 30% da população não tem acesso à
água potável e 87% vive sem coleta de esgoto.
05 – De que maneiras a ciência
é citada como tendo potencial para contribuir para o desenvolvimento
sustentável da Amazônia?
A ciência pode
contribuir em diversas áreas, como: No estudo da biodiversidade. Na
domesticação de espécies nativas com relevância comercial. Na recuperação de
pastagens abandonadas para uso em uma agricultura mais tecnológica e uma
pecuária mais intensiva, ou em floresta.
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