Notícia: Questões socioambientais e desenvolvimento sustentável
A extração de madeira, a expansão de
áreas destinadas à agropecuária, a urbanização e a construção de rodovias e
estradas são as principais causas da devastação da Floresta Amazônica. Nos
últimos 50 anos, a floresta perdeu cerca de 20% de sua área original, o que
corresponde a uma porção três vezes maior que a do estado de São Paulo.
Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbKALLXj9bD715U5VRDE1ePxz9TYJkyaSiLCQ1RwZNxSxR7XsO0w5ehReGQiPDNI0jML3oaJpfx9FjsDFULNwE-cX6FmGsPxmg6Eto-LxxVucHw7DqfJvqUfi4A6m3u5EZTmLhY3EdvcJIXF8acEs9YPonDcQEPnaaeR7bdTfqzOX2nNnK3EspLNxEnes/s320/Madeira-ilegal-da-Amazonia-maranhense-no-Territorio-Arariboia-Foto-Arquivos-CIMI-MA-1024x768.jpg A Floresta Amazônica destaca-se pelo
número de espécies de seres vivos que abriga. No entanto, essa imensa reserva
de biodiversidade se encontra ameaçada pela exploração predatória, que, além de
reduzir a vegetação e destruir o habitat de diversas espécies animais, acarreta
uma série de problemas sociais que atingem populações quilombolas e indígenas
que sobrevivem dos recursos da floresta.
O desmatamento
Historicamente, o desmatamento da
Amazônia é considerado elevado. Embora tenha sido mais intenso em décadas
passadas, nos últimos anos a velocidade do desmatamento voltou a aumentar.
Diversas medidas públicas têm sido tomadas para evitar o avanço da extração
ilegal da madeira ou a abertura de novos campos de pecuária ou de cultivo que
não obedeçam à legislação de preservação florestal: leis mais rigorosas,
aumento da fiscalização e monitoramento da floresta por satélite. No entanto,
essas medidas não têm sido suficientes para conter a devastação da mata nativa,
pois nem sempre as leis são cumpridas de forma eficaz.
Arco do desmatamento
Os maiores índices de desmatamento da
Amazônia concentram-se nas margens sul e leste da Amazônia Legal, do Maranhão
ao Acre, no chamado arco do desmatamento. A agropecuária tem avançado em
direção ao norte do estado do Amazonas, onde se encontram grandes áreas
intactas de floresta.
Extração de madeira
Para explorar madeira da floresta, as
madeireiras precisam de licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Contudo, muitas delas atuam sem licença
ou qualquer outro tipo de permissão legal. Devido ao alto valor das espécies
consideradas nobres nos mercados brasileiro e internacional (como o mogno e o
cedro, usados na produção de móveis), o lucro obtido com a venda da madeira
derrubada ilegalmente é grande.
Até a década de 1980, a exploração de madeira
se concentrava em áreas próximas às rodovias e aos rios, que permitem rápido
escoamento da madeira extraída. No entanto, essa atividade passou a ocorrer em
áreas cada vez mais interiores da floresta, alcançadas por estradas abertas
pelos madeireiros.
Expansão agropecuária
Parte da Floresta Amazônica foi
devastada para abrir espaço para as atividades agropecuárias, principalmente
para os pastos destinados à criação extensiva de gado.
Os rebanhos bovinos na Amazônia Legal
se concentram predominantemente na mesma faixa do arco do desmatamento. Isso
ocorre porque o solo amazônico não é fértil para a atividade agrícola e, para
realizar essa prática, depende muitas vezes do apoio da biotecnologia e de
técnicas agrícolas avançadas para trazer resultados interessantes ao
agronegócio.
Queimadas
A queimada consiste na prática
rudimentar de queima da cobertura do solo, a fim de facilitar a limpeza da área
para abrir um campo de cultivo de pastagem. É comum em áreas já desmatadas, com
o objetivo de limpar campos destinados a replantio ou pastos, e até hoje é
praticada em larga escala, provocando extensos danos ambientais.
Além do risco de se transformar em
vastos incêndios florestais, a queimada causa poluição atmosférica e degrada o
solo, matando organismos responsáveis pela fertilização e expondo-o a processos
erosivos. Ela também contribui para o aumento do gás carbônico na atmosfera.
Hidrelétricas
Com o objetivo de ampliar a produção de
energia no país e promover o desenvolvimento da Região Norte, nas últimas
décadas foram construídas hidrelétricas nos rios da Bacia do Amazonas.
Entretanto, essas obras foram alvo de críticas em razão dos impactos
socioambientais decorrentes de sua implantação.
O relevo da Amazônia é formado
predominantemente por terrenos de baixas altitudes, geralmente planos, o que
indica baixo potencial para a construção de hidrelétricas. Por essas
características, para abastecê-las, é necessário o alagamento de extensas
áreas, em muitas das quais vivem comunidades ribeirinhas e grupos indígenas. As
populações residentes nesses lugares são removidas e realocadas. Desrespeitando
sua ligação com o espaço onde vivem, seu modo de vida e suas atividades de
sustento.
Preservação dos recursos
naturais
O chamado desenvolvimento sustentável
representa uma alternativa para o modelo econômico vigente nos dias atuais.
Busca reduzir os impactos socioambientais ao explorar recursos de modo
controlado, não interferindo na reprodução das espécies nem afetando a
biodiversidade. Além disso, também objetiva respeitar as comunidades
tradicionais e aproveitar seus conhecimentos.
Projetos de êxito
Atualmente, muitas empresas, institutos
e organizações não governamentais estão implantando projetos de desenvolvimento
sustentável que envolvem o reflorestamento e a agricultura de espécies nativas,
como o açaí.
Um exemplo desse tipo de iniciativa é o
projeto Reca (Reflorestamento Econômico Concentrado e Adensado), implantado no
distrito de Nova Califórnia, em Porto Velho (Rondônia). Idealizado por pequenos
agricultores, o projeto consiste em reflorestar áreas devastadas por meio do
plantio de diversas espécies vegetais nativas, recriando florestas para
exploração sustentável de seus recursos.
Mais de 40 espécies frutíferas estão
sendo exploradas economicamente nessas áreas reflorestadas. A qualidade é
prioridade para os agricultores que vivem da comercialização das frutas.
Os grupos indígenas da Região
Norte
Entre as regiões brasileiras, a Região
Norte é a que possui a maior população indígena. Na Amazônia Legal, estão
localizados 98,5% das Terras Indígenas do país, distribuídas em 422 reservas,
que, juntas, ocupam 111401207 hectares – área que corresponde a aproximadamente
22% de toda a Amazônia Legal.
Muitas terras ainda não foram
demarcadas devido a interesses econômicos de fazendeiros, madeireiros e
mineradores que querem explorá-las comercialmente. Calcula-se que em mais de
100 Terras Indígenas não demarcadas existam minas de ouro e outros minérios com
alto valor comercial, daí a pressão das mineradoras para a não demarcação
desses territórios.
Os povos indígenas que vivem na
floresta dependem dos rios para sobreviver. Um dos objetivos do desenvolvimento
sustentável é garantir que essa população tenha seus direitos respeitados, o
que nem sempre ocorre. A relação entre indígenas e não indígenas tem sido
conflituosa, pois ainda são constantes as invasões, até mesmo das Terras
Indígenas demarcadas. A saúde indígena é um desafio para as políticas
indigenistas brasileiras. Vulnerável a enfermidades levadas para as aldeias por
pessoas não indígenas, essa população apresenta altas taxas de mortalidade
infantil.
As reservas extrativistas
Para preservar os recursos da Floresta
Amazônica foram criadas reservas extrativistas – áreas pertencentes à União,
nas quais é permitida a exploração comercial por um número restrito de
famílias.
As primeiras reservas extrativistas
datam de 1990, quando o governo federal delimitou terras da Região Norte para
serem utilizadas por castanheiros e seringueiros para sustento próprio e de
suas famílias. Nessas reservas são proibidas a transferência de posse e a
prática do extrativismo predatório.
A criação das reservas extrativistas
ajudou a demonstrar que atividades como a extração do látex e a coleta do açaí
e da castanha podem ser praticadas de modo sustentável. Ela foi resultado de
lutas empreendidas pelas comunidades tradicionais da floresta.
No Acre, Chico Mendes se destacou por
seu intenso trabalho em defesa da mata e dos seringueiros, tornando-se uma
figura conhecida mundialmente. Suas ideias, porém, ameaçavam os proprietários e
demais interessados em terras da região, dando origem a muitos conflitos. Em
1988, Chico foi assassinado pelo filho de um seringalista.
Fonte: INPE. PRODES
estima 7989 km2 de desmatamento por corte raso na Amazônia em 2016. Disponível
em: www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noticia=4344.
Acesso em: 11 abr. 2019.
Entendendo a notícia:
01 – Quais são as quatro principais causas da devastação
da Floresta Amazônica mencionadas no texto?
As principais
causas são a extração de madeira, a expansão de áreas destinadas à
agropecuária, a urbanização e a construção de rodovias e estradas.
02
– Em termos de área, qual é o impacto da devastação da Amazônia nos últimos 50
anos, e quais são os dois principais problemas decorrentes dessa exploração
predatória?
A floresta perdeu
cerca de 20% de sua área original, o que corresponde a uma porção três vezes
maior que a do estado de São Paulo. Os problemas decorrentes são a redução da
vegetação e destruição do habitat de espécies animais, e os problemas sociais
que atingem populações quilombolas e indígenas.
03
– Onde se concentra o chamado "arco do desmatamento" na Amazônia
Legal e qual atividade tem avançado em direção ao norte do estado do Amazonas?
O "arco do
desmatamento" concentra-se nas margens sul e leste da Amazônia Legal,
abrangendo do Maranhão ao Acre. A agropecuária tem avançado em direção ao norte
do estado do Amazonas.
04
– Qual é o órgão federal que deve licenciar a exploração de madeira na
Amazônia, e quais são os dois exemplos de espécies consideradas nobres citados
no texto?
O órgão
responsável é o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA). As espécies nobres citadas são o mogno e o cedro.
05
– Qual é a principal atividade agropecuária que devastou parte da Floresta
Amazônica e por que a agricultura na região depende de biotecnologia e técnicas
avançadas?
A principal
atividade é a abertura de espaço para os pastos destinados à criação extensiva
de gado. A agricultura depende de técnicas avançadas porque o solo amazônico
não é naturalmente fértil para essa prática.
06
– O que são as "queimadas" e quais são os três principais danos
ambientais que essa prática causa, além do risco de incêndios?
A queimada é a
prática rudimentar de queima da cobertura do solo para facilitar a limpeza da
área. Os danos são a poluição atmosférica, a degradação do solo (matando
organismos de fertilização e expondo-o à erosão) e a contribuição para o
aumento do gás carbônico na atmosfera.
07
– Por que a construção de hidrelétricas na Bacia do Amazonas é alvo de críticas
e quais grupos sociais são diretamente afetados pela necessidade de alagamento
de extensas áreas?
A construção é
criticada porque o relevo de baixas altitudes da Amazônia exige o alagamento de
extensas áreas para abastecê-las, causando impactos socioambientais. Isso afeta
diretamente comunidades ribeirinhas e grupos indígenas, que são removidos e
realocados.
08
– Qual é o conceito central de Desenvolvimento Sustentável e quais são seus
dois objetivos principais em relação aos recursos e às comunidades?
O desenvolvimento
sustentável busca reduzir os impactos socioambientais ao explorar recursos de
modo controlado, não interferindo na reprodução das espécies nem afetando a
biodiversidade. Além disso, objetiva respeitar as comunidades tradicionais e
aproveitar seus conhecimentos.
09
– Descreva o Projeto Reca, citado como um projeto de êxito em desenvolvimento
sustentável, e qual é seu foco de exploração econômica?
O Projeto Reca
(Reflorestamento Econômico Concentrado e Adensado), em Rondônia, consiste em
reflorestar áreas devastadas por meio do plantio de diversas espécies vegetais
nativas (como o açaí), recriando florestas para a exploração sustentável de
seus recursos. Seu foco econômico é a comercialização de espécies frutíferas.
10
– Qual interesse econômico de um grupo específico é o principal fator que
atrasa a demarcação de mais de 100 Terras Indígenas na Amazônia Legal, e o que
são as reservas extrativistas?
O interesse
econômico das mineradoras é o fator, devido à presença de minas de ouro e
outros minérios com alto valor comercial nessas terras. Reservas extrativistas
são áreas da União onde é permitida a exploração comercial controlada por um
número restrito de famílias, com o objetivo de preservar os recursos e
incentivar o extrativismo sustentável.
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