Música (Atividades): Atrás do Trio Elétrico
Atrás do trio elétrico
Só não vai quem já morreu
Quem já botou pra rachar
Aprendeu, que é do outro lado
Do lado de lá do lado
Que é lá do lado de lá

O sol é seu
O som é meu
Quero morrer
Quero morrer já
O som é seu
O sol é meu
Quero viver
Quero viver lá
Nem quero saber se o diabo
Nasceu, foi na Bahi ...
Foi na Bahia
O trio elétrico
O sol rompeu
No meio-dia
No meio-dia.
Composição: Caetano Veloso – Literatura comentada. São Paulo, Nova
Cultural, 1988.
Fonte: Português – 1º
grau – Descobrindo a gramática 8. Gilio Giacomozzi; Gildete Valério; Cláudia
Reda Fenga. São Paulo. FTD, 1992. p. 180.
Entendendo a música:
01
– Qual é a principal metáfora ou imagem central que a letra utiliza para
expressar a intensidade da festa popular?
A imagem central
é a da perseguição ou acompanhamento ao Trio Elétrico, um símbolo do Carnaval
de Salvador. O verso "Só não vai quem já morreu" é uma hipérbole
(exagero) que exalta a atração e a força irresistível da festa, sugerindo que a
folia é essencial à vida, e que apenas a morte impede a participação.
02
– Qual é o significado da troca de posse nos versos "O sol é seu / O som é
meu" e "O som é seu / O sol é meu"?
Essa troca
("O sol é seu / O som é meu" e vice-versa) sugere uma fusão ou
interdependência intensa entre os participantes (a multidão) e a fonte da
música (o trio elétrico ou o cantor). O "som" representa a arte, a
música, o ritmo que impulsiona a festa (algo que vem do artista/trio). O
"sol" representa a força vital, a luz, o calor, a energia da Bahia e
da multidão. A troca indica que a experiência do Carnaval é um compartilhamento
total de energia e criação entre quem toca e quem dança.
03
– O que os versos "Quero morrer / Quero morrer já" e "Quero
viver / Quero viver lá" revelam sobre a experiência temporal e emocional
da pessoa que está na folia?
Estes versos
expressam uma dualidade emocional extrema característica do êxtase
carnavalesco. O desejo de "morrer" (morrer de prazer, de exaustão, de
paixão) sugere a vontade de atingir o clímax da experiência, onde o indivíduo
se anula e se funde na massa. O desejo de "viver lá" reforça que o
estado de euforia e liberdade proporcionado pelo Carnaval, especificamente
"do lado de lá" (na rua, atrás do trio), é o verdadeiro sentido da
vida naquele momento.
04
– O que a repetição das frases "Que é do outro lado / Do lado de lá do
lado / Que é lá do lado de lá" enfatiza na canção?
Essa repetição e
quebra sintática enfatiza a ideia de um lugar ou estado mental/espiritual
distinto. "O lado de lá" é a transgressão ou a liberdade atingida
durante a festa. É um estado de espírito ou um local físico (atrás do trio, na
rua) que está fora da rotina e das convenções. A insistência na direção
("lá") sublinha que é para lá que a multidão se dirige em busca dessa
libertação.
05
– Como a menção à Bahia e o "meio-dia" contribuem para o cenário e o
tom da música?
A Bahia é o palco
da canção e a fonte da cultura do trio elétrico, conferindo autenticidade e
regionalidade à experiência celebrada. A menção ao diabo na Bahia pode ser uma
referência irônica à irreverência e ao fervor quase pagão do Carnaval baiano.
O
"meio-dia" ("O sol rompeu / No meio-dia") enfatiza a
plenitude da luz e do calor, o momento de máxima energia do dia. Isso reforça a
ideia de que a festa ocorre sob a luz plena do sol, sem barreiras ou sombras,
na sua forma mais intensa e vibrante.
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