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domingo, 3 de agosto de 2025

CORDEL: HISTÓRIA DO BOI LEITÃO OU O VAQUEIRO QUE NÃO MENTIA - FRAGMENTO - FRANCISCO FIRMINO DE PAULA - COM GABARITO

 Cordel: História do Boi Leitão ou o Vaqueiro que não mentia – Fragmento

           Francisco Firmino de Paula

Numa cidade distante

há muito tempo existiu

um distinto fazendeiro

o mais rico que se viu

e tinha um jovem vaqueiro

homem que nunca mentiu.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXJS12rrbb7mfDiSmKHaVX6lDJ3HvGtcfhro_UOIgDzRL-mTVbrk7wyFksWxLHJgIf7xb2CUPyXVHqJv4EcqWRvBnvwv_oEDkMZEVmJ97JZsB2eHvvgoMOSaaPlS9QJ3SerS7fAcZAnsMt8GcSkoJxmbbwxVYDd3v1q1sDfJyOlhFDcW1sYoOz-IxKuG4/s1600/images.jpg

Também esse fazendeiro

muitas lojas possuía

tinha muitos empregados

porém ele garantia

que só aquele vaqueiro

era sério e não mentia.

 

Seus amigos em palestras

exclamavam admirados

porque é que entre tantos

homens nobres empregados

somente um rude vaqueiro

é quem não causa cuidado?

 

Respondia o fazendeiro:

-- Tudo é nobre e decente,

Porém, capaz de mentir,

digo conscientemente,

mas Dorgival meu vaqueiro

por forma nenhuma mente.

 

O conheço há muitos anos

e nunca ouvi ele mentir,

é rude por ser vaqueiro

mas sabe entrar e sair

se faz uma coisa errada

nunca procura fingir.

[...]

Juntaram-se 10 amigos

e mandaram o fazendeiro

inventar uma cilada

pra Dorgival o vaqueiro

cair na falta, por verem

se ele era verdadeiro.

 

Disse o doutor aos amigos:

nós temos que apostar

dará vinte contos cada

se o que digo aprovar

perderei duzentos contos

se o meu vaqueiro falhar.

 

Eu mandarei minha filha

a Dorgival seduzir

e fazer todo possível

dele no laço cair,

e depois veremos ele

falar verdade ou mentir.

 

Concordaram e a aposta

fecharam rapidamente

dizendo: esperaremos

o dia conveniente

e provaremos doutor

que o seu vaqueiro mente.

 

O vaqueiro Dorgival

morava um pouco afastado

em uma grande fazenda

aonde era empregado

ali existia um boi

do patrão muito estimado.

 

O vaqueiro também tinha

ao boi estimação

pois era um touro bonito

o orgulho do patrão

era de raça gigante

lhe chamavam o «Boi Leitão».

[...]

 

Toda vez que o vaqueiro

a seu patrão visitava

logo depois de saudá-lo

o doutor lhe perguntava

pelo gado e, em seguida

o Boi Leitão como estava?

 

O vaqueiro respondia

nosso gado vai feliz

e o nosso Boi Leitão?

-- é gordo e bom de raiz

dizia o patrão, você

somente a verdade diz.

 

De formas que o patrão tinha

muita confiança nele

o moço lá na fazenda

cumprindo os deveres dele

não sabia que os ricos

estavam mexendo com ele.

 

Na referida fazenda

quem quisesse ali chegar

vindo da cidade, havia

de um rio atravessar

tinha ali uma jangada

pra quem quisesse passar.

 

O doutor chamou a filha

disse: vá com a criada

amanhã logo cedinho

na fazenda da jangada

do vaqueiro Dorgival

se faça de namorada.

 

Vá lindamente vestida

com lindos trajes vermelhos

no rio próximo rio à fazenda

preste atenção a meus conselhos

vá passear e levante

a roupa até aos joelhos.

 

Se o vaqueiro lhe chamar

Diga: mate o Boi Leitão

e tire ligeiramente

o fígado e o coração

mande fazer um cozido

pra comermos um pirão.

 

A moça chegou no rio

pôs-se ali a passear

com as vestes aos joelhos

alegremente a cantar

o vaqueiro ouvindo a voz

veio fora observar.

 

Dorgival vendo a donzela

disse rindo: oh! minha santa

me alegro em ver e ouvir

quem assim tão linda canta

venha pro lado de cá

longe assim não adianta!

 

Respondeu ela: eu irei

se matar o Boi Leitão

e tirar ligeiramente

o fígado e o coração

mandar fazer um cozido

pra comermos um pirão.

 

O vaqueiro francamente

deu a resposta imediata

donzela, você merece

por ser gentil e exata

mas lhe digo: o Boi Leitão

do meu senhor não se mata.

 

Disse a moça: tem razão

e saiu no mesmo instante

o rapaz ficou olhando

aquele porte elegante

pensando naquelas pernas

de beleza fascinante.

 

O vaqueiro não sabia

que aquela moça bela

era filha de seu amo

pois não conhecia ela

quase não dormia a noite

com o pensamento nela.

 

Deolinda ao chegar

em casa contou ao pai

a resposta do vaqueiro

disse o doutor: você vai

amanhã e o seduza

pra ver se ele cai!

 

Amanhã você levante

até as coxas o vestido

se ele chamar, você diga

vou se fizer meu pedido

de matar o Boi Leitão

pra comermos um cozido.

 

A moça no próximo dia

lá na fazenda chegou

na beira do rio, a roupa

até as coxas levantou

e se pôs a passear

Dorgival vendo-a chamou.

 

Meu anjo venha pra cá

-- só vou se matar o Boi

-- não, assim é impossível

minha santa me perdoe

-- tem razão respondeu ela

rapidamente se foi.

 

O pai lhe disse: amanhã

termine a sua aventura

vá passear e levante

a roupa até na cintura

e mande-o matar o Boi

que ele não se segura.

[...]

Ela foi no outro dia

e ficou lá passeando,

com a roupa até na cinta

Dorgival foi lhe avistando

gritou: moça venha cá

você está me aperriando.

 

Deolinda disse: eu vou

se matar o Boi Leitão

do coração e o fígado

fazer para nós um pirão

o vaqueiro disse: venha

hoje eu mato até o "cão".

 

Dorgival rapidamente

botou no rio a jangada

chegando do outro lado

trouxe a moça e criada

matou logo o Boi Leitão

para fazer a mesada.

 

Fez a carne toda em mata

pegou o couro espichou,

o coração e o fígado

a criada preparou

fez o pirão e depois

com prazer tudo almoçou.

[...]

Deolinda com o vaqueiro

ali o dia passou

palestrando e a tardinha

ele a donzela abraçou

e ela com a criada

pra cidade regressou.

 

Chegando informou ao pai

tudo que tinha se dado

contou que pelo vaqueiro

havia se apaixonado

disse o pai: ele é solteiro

vamos ver o resultado.

 

No outro dia o vaqueiro

amanheceu pensativo

e disse: meu amo pensa

que o Boi Leitão está vivo

mas vou lhe dizer que não,

gosto de ser positivo.

 

Ali botou o chapéu

na cabeça do mourão

se afastando montou-se

em um cavalo cardão

pôs-se a dirigir ao pau

como se fosse ao patrão.

[...]

Francisco Firmino de Paula. Disponível em: http://www.ablc.com.br/cordeis.html. Acesso em: mar. 2013.

Fonte: Arte em Interação – Hugo B. Bozzano; Perla Frenda; Tatiane Cristina Gusmão – volume único – Ensino médio – IBEP – 1ª edição – São Paulo, 2013. p. 343-344.

Entendendo o cordel:

01 – Qual a principal característica que o fazendeiro atribuía ao seu vaqueiro, Dorgival?

A – Ele nunca mentia.

B – Ele era o mais rude entre os vaqueiros.

C – Ele era o mais rico da região.

D – Ele era o empregado mais antigo da fazenda.

02 – Qual era o objetivo da aposta proposta pelos amigos do fazendeiro?

A – Provar que o fazendeiro era o mais rico.

B – Verificar se Dorgival falava a verdade ou mentia sob pressão.

C – Conhecer a filha do fazendeiro.

D – Aumentar a confiança do fazendeiro em Dorgival.

03 – Qual era o nome do boi muito estimado pelo patrão e pelo vaqueiro?

A – Boi Gigante

B – Boi Leitão

C – Boi Forte

D – Boi Dourado

04 – Qual foi a condição inicial que Deolinda impôs a Dorgival para atravessar o rio e ir para perto dele?

A – Que ele lhe desse flores do campo.

B – Que ele matasse o Boi Leitão e preparasse um cozido com seu fígado e coração.

C – Que ele construísse uma ponte sobre o rio.

D – Que ele a pedisse em casamento.

05 – Por que Dorgival inicialmente se recusou a atender ao pedido de Deolinda?

A – Porque ele não tinha os utensílios necessários para matar o boi.

B – Porque ele desconfiava das intenções de Deolinda.

C – Porque ele não sabia cozinhar.

D – Porque o Boi Leitão era muito estimado pelo seu patrão e por ele mesmo.

06 – O que fez Dorgival mudar de ideia e finalmente matar o Boi Leitão?

A – Ele descobriu que o Boi Leitão estava doente e precisava ser abatido.

B – Deolinda insistiu e levantou a roupa cada vez mais, seduzindo-o a ponto de ele ceder.

C – O patrão deu permissão para que o boi fosse sacrificado.

D – Deolinda ameaçou contar ao pai que ele não era fiel.

07 – Qual foi a reação de Dorgival na manhã seguinte após matar o Boi Leitão e passar o dia com Deolinda?

A – Ele planejou esconder a verdade do patrão, fingindo que o boi ainda estava vivo.

B – Ele decidiu fugir da fazenda para não enfrentar o patrão.

C – Ele se arrependeu de ter cedido à sedução de Deolinda.

D – Ele estava pensativo e decidiu que diria a verdade ao patrão sobre o Boi Leitão.

 

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