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domingo, 27 de julho de 2025

TEXTO: A HISTÓRIA DA ESCRITA - FRAGMENTO - LUIZ CARLOS CAGLIARI - COM GABARITO

 Texto: A história da escrita – Fragmento

          Luiz Carlos Cagliari

        [...]

        A história da escrita vista no seu conjunto, sem seguir uma linha de evolução cronológica de nenhum sistema especificamente, pode ser caracterizada como tendo três fases distintas: a pictórica, a ideográfica e a alfabética.

Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSnyMt938R8W1SFxzLAu6DS1b3s5at3Pj9XloX6KsxAqpbNapGB4MPveiO0ikZi8hbE_vrtadn9YLorMNbvrgm9dfdt3Zr4zkdcd0YbQx9kge-B7G2iSkzNWA0CENxLv0pIQ_ZdJfB00qnSDqTl1QiNOaq9MfW7OiEP9WCtYfidauJckeaHW6bQ8thHVA/s1600/ESCRITA.jpg

        A fase pictórica se distingue pela escrita através de desenhos ou pictogramas. Estes aparecem em inscrições antigas, mas podem ser vistos de maneira mais elaborada nos cantos Ojibwa da América do Norte, na escrita asteca [...] e mais recentemente nas histórias em quadrinhos.

        Os pictogramas não estão associados a um som, mas à imagem do que se quer representar. Consistem em representações bem simplificadas dos objetivos da realidade.

        A fase ideográfica se caracteriza pela escrita através de desenhos especiais chamados ideogramas. Esses desenhos foram ao longo de sua evolução perdendo alguns dos traços mais representativos das figuras retratadas e tornaram-se uma simples convenção de escrita. As letras do nosso alfabeto vieram desse tipo de evolução. Por exemplo, o a era a representação da cabeça de um boi na escrita egípcia [...]. O m era o desenho das ondas da água [...] O o era a figura de um olho [...], e assim por diante.

        As escritas ideográficas mais importantes são a egípcia (também chamada de hieroglífica), a mesopotâmica (suméria), as escritas da região do mar Egeu (por exemplo, a cretense) e a chinesa (de onde provém a escrita japonesa).

        A fase alfabética se caracteriza pelo uso de letras. Estas tiveram sua origem nos ideogramas, mas perderam o valor ideológico, assumindo uma nova função de escrita: a representação puramente fonográfica. O ideograma perdeu seu valor pictórico e passou a ser simplesmente uma representação fonética.

        Os sistemas mais importantes são o semítico, o indiano e o greco-latino. Deste último provém o nosso alfabeto (latino) e o cirílico (grego), que originou o atual alfabeto russo.

        Antes que o alfabeto tomasse a forma que conhecemos atualmente, passou por inúmeras transformações. Primeiro surgiram os silabários, que consistiam num conjunto de sinais específicos para representar cada sílaba. Os desenhos usados referiam-se às características fonéticas da palavra.

        Os fenícios utilizaram vários sinais da escrita egípcia formando um inventário muito reduzido de caracteres, cada qual escrevendo um som consonantal. Dadas as características das línguas semíticas, não era muito importante escrever as vogais, sendo as palavras facilmente reconhecidas apenas pelas consoantes, como encontramos até hoje num dos modos como se podem escrever o árabe e o hebraico.

        Os gregos adaptaram o sistema de escrita fenícia, ao qual juntaram as vogais, uma vez que, em grego, as vogais têm uma função linguística muito importante na formação e no reconhecimento de palavras. Assim, os gregos, escrevendo consoantes e vogais, criaram o sistema de escrita alfabética. A escrita alfabética é a que apresenta um inventário menor de símbolos e permite a maior possibilidade combinatória de caracteres na escrita. Posteriormente, a escrita grega foi adaptada pelos romanos, e esta forma modificada constitui o sistema alfabético greco-latino, de onde provém o nosso alfabeto.

        [...]

        Nem todos escrevem da esquerda para a direita e de cima para baixo, como nós, embora esse seja um modo muito comum entre os sistemas de escrita. Os chineses e japoneses escrevem da direita para a esquerda e em colunas verticais. Os árabes escrevem da direita para a esquerda, mas não em colunas, e sim em linhas de cima para baixo. O grego antigo era escrito de um modo chamado bustrofédon, isto é, começava-se a escrever numa linha em cima, à direita, e ia-se até o fim; a linha seguinte ia da esquerda para a direita, invertendo a direção das letras. A terceira linha era igual à primeira, e a quarta igual a segunda, e assim por diante, com relação à direção da escrita.

        A escrita, seja ela qual for, sempre foi uma maneira de representar a memória coletiva religiosa, mágica, científica, politica, artística e cultural. A invenção do livro e sobretudo da imprensa são grandes marcos da História da humanidade, depois, é claro, da própria invenção da escrita. Esta foi passando do domínio de poucas pessoas para o do público em geral e seu consumo é mais significativo na forma de leitura do que na produção de textos.

        [...]

        Mais recentemente apareceram o rádio, o cinema e a televisão. A memória coletiva dos povos passou a ter outros meios de materialização. [...]

Luiz Carlos Cagliari. Alfabetização e linguística. 8. ed. São Paulo: Scipione, 2001. p. 106-112.

Fonte: Universos – Língua Portuguesa – Ensino fundamental – Anos finais – 7º ano – Camila Sequetto Pereira; Fernanda Pinheiro Barros; Luciana Mariz. Edições SM. São Paulo. 3ª edição, 2015. p.102-103.

Entendendo o texto:

01 – De acordo com o texto, quais são as três fases distintas que caracterizam a história da escrita em seu conjunto, e qual a principal característica de cada uma delas?

A – As fases são: hieroglífica, cuneiforme e latina. A hieroglífica usa símbolos complexos, a cuneiforme utiliza marcas em argila e a latina se baseia no alfabeto romano.

B – As fases são: Sonora, Visual e Tátil. A sonora é baseada na oralidade, a visual em imagens e a tátil em sistemas como o Braille.

C – As fases são: Pré-histórica, Antiga e Moderna. A pré-histórica envolve desenhos em cavernas, a antiga se refere aos hieróglifos e a moderna ao uso de computadores.

D – As três fases são: Pictórica, Ideográfica e Alfabética. A pictórica utiliza desenhos que representam imagens, a ideográfica usa desenhos que se tornaram convenções e a alfabética emprega letras que representam sons.

02 – O texto menciona que as letras do nosso alfabeto vieram de um tipo de evolução dos ideogramas. Forneça um exemplo de como um ideograma se transformou em uma letra do alfabeto latino, de acordo com o que é descrito.

A – O 'a' era a representação da cabeça de um boi na escrita egípcia, o 'm' era o desenho das ondas da água e o 'o' era a figura de um olho. Todos perderam o valor pictórico para se tornarem fonográficos.

B – O 'g' era a imagem de um gafanhoto e o 'h' era o símbolo de uma mão, originados no alfabeto semítico.

C – O 'e' era a representação de uma espiral, e o 's' era a figura de uma cobra na escrita egípcia, evoluindo para as letras atuais.

D – O 'c' era o desenho de um camelo e o 'd' era a imagem de uma porta, ambos da escrita mesopotâmica.

03 – Qual a principal diferença funcional entre os pictogramas e os ideogramas no contexto da escrita, de acordo com o texto?

A – Os pictogramas não estão associados a um som e representam a imagem do que se quer, enquanto os ideogramas, ao longo de sua evolução, perderam traços representativos e tornaram-se uma convenção de escrita, base para as letras alfabéticas.

B – Os pictogramas são associados a um som específico, enquanto os ideogramas representam objetos da realidade de forma simplificada.

C – Os pictogramas são exclusivos de inscrições antigas, e os ideogramas são encontrados apenas em sistemas de escrita orientais.

D – Os pictogramas representam ideias abstratas, enquanto os ideogramas são usados para registrar sons da fala.

04 – O texto destaca a contribuição dos gregos para o desenvolvimento do sistema de escrita alfabética. Qual foi o papel crucial dos gregos nessa evolução, ao adaptarem o sistema fenício?

A – Os gregos inventaram novos caracteres para representar sílabas complexas, criando o primeiro silabário completo.

B – Os gregos simplificaram os desenhos fenícios, tornando-os mais pictóricos e fáceis de reconhecer em diferentes contextos.

C – Os gregos adicionaram as vogais ao sistema fenício, que era majoritariamente consonantal, criando um sistema alfabético completo onde vogais e consoantes eram representadas.

D – Os gregos mudaram a direção da escrita, estabelecendo o padrão da direita para a esquerda, o que facilitou a leitura rápida.

05 – O texto descreve um modo de escrita antigo chamado 'bustrofédon'. Explique como funcionava esse método de escrita e cite qual cultura o utilizava.

A – Era um método onde se escrevia em círculos concêntricos, do centro para fora, usado pelos romanos antigos.

B – Funcionava com a escrita alternando a direção a cada linha: uma linha da direita para a esquerda e a próxima da esquerda para a direita, invertendo a direção das letras. Era utilizado pelo grego antigo.

C – Era um sistema de escrita em que as palavras eram representadas por símbolos fonéticos isolados, usado pelos chineses em seus primórdios.

D – Consistia em escrever apenas em colunas verticais, de cima para baixo, como era feito pelos egípcios hieroglíficos.

06 – Além de ser um meio de comunicação, qual a função fundamental da escrita, seja ela qual for mencionada no texto?

A – Sua função fundamental era apenas facilitar o comércio e a contabilidade em sociedades antigas.

B – A função primordial da escrita era puramente estética, para a criação de obras de arte visuais.

C – A escrita sempre foi uma maneira de representar a memória coletiva (religiosa, mágica, científica, política, artística e cultural) dos povos.

D – Sua principal função era servir como ferramenta de controle social e hierarquia, dominada por poucos.

07 – O texto cita a invenção do livro e da imprensa como grandes marcos da História da humanidade, logo após a própria invenção da escrita. Como esses marcos impactaram o 'domínio' da escrita?

A – A invenção do livro e, sobretudo, da imprensa, fez com que a escrita passasse do domínio de poucas pessoas para o do público em geral, com seu consumo mais significativo na forma de leitura.

B – Esses marcos fizeram com que a escrita se tornasse obsoleta, sendo substituída por formas de comunicação oral mais eficazes.

C – Eles limitaram o acesso à escrita a uma elite ainda menor, tornando-a mais exclusiva e difícil de ser dominada.

D – Eles causaram o declínio da leitura, pois as pessoas preferiam a comunicação falada à escrita impressa.

 

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