Poema: Canção do Violeiro – Fragmento
Castro
Alves
Passa, ó vento das campinas,
Leva a canção do tropeiro.
Meu coração 'stá deserto,
'Stá deserto o mundo inteiro.
Quem viu a minha senhora
Dona do meu coração?

Chora, chora na viola,
Violeiro do sertão.
Ela foi-se ao pôr da tarde
Como as gaivotas do rio.
Como os orvalhos que descem
Da noite num beijo frio,
O cauã canta bem triste,
Mais triste é meu coração.
Chora, chora na viola,
Violeiro do sertão.
[...]
Não quero mais esta vida,
Não quero mais esta terra.
Vou procurá-la bem longe,
Lá para as bandas da serra.
Ai! triste que eu sou escravo!
Que vale ter coração?
Chora, chora na viola,
Violeiro do sertão.
Castro Alves. O navio
negreiro e outros poemas. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 66-67.
Fonte: Livro –
Português: Linguagens, 2ª Série – Ensino Médio – William Roberto Cereja,
Thereza Cochar Magalhães, 9ª ed. – São Paulo: Saraiva Editora, 2013. p. 11.
Entendendo o poema:
01 – Qual é o tema central do
fragmento do poema?
O tema central do
fragmento é a profunda tristeza e o desespero do eu lírico devido à ausência da
sua amada. Ele expressa um sentimento de solidão e um desejo de deixar sua vida
atual para procurá-la.
02 – Quais elementos da
natureza são mencionados no poema e qual a relação deles com o estado emocional
do eu lírico?
São mencionados o
vento das campinas, as gaivotas do rio, os orvalhos da noite e o canto triste
do cauã. Esses elementos da natureza são usados para intensificar o sentimento
de melancolia do eu lírico. A partida da amada é comparada ao voo das gaivotas
e ao desaparecimento dos orvalhos, ambos associados a algo fugaz e passageiro.
O canto triste do cauã espelha a tristeza do seu coração.
03 – Qual a função do verso
"Chora, chora na viola, / Violeiro do sertão" que se repete ao longo
do fragmento?
A repetição do
verso "Chora, chora na viola, / Violeiro do sertão" funciona como um
refrão, enfatizando a dor e a lamentação do eu lírico. A viola, instrumento
tradicional do sertão, torna-se uma extensão de seus sentimentos, e o violeiro
é a figura que expressa essa tristeza através da música.
04 – Como o eu lírico descreve
o seu estado emocional e o mundo ao seu redor?
O eu lírico
descreve seu coração como "deserto" e afirma que "o mundo
inteiro" também está deserto para ele. Essa descrição revela um profundo
sentimento de vazio e solidão causado pela ausência da amada.
05 – Para onde o eu lírico
expressa o desejo de ir e qual a razão dessa decisão?
O eu lírico
expressa o desejo de ir "lá para as bandas da serra" para procurar
sua amada. Ele não quer mais a vida que tem e a terra onde está, indicando uma
busca desesperada por reencontrar sua felicidade.
06 – Qual a crítica social
presente no verso "Ai! triste que eu sou escravo! / Que vale ter coração?"?
O verso revela
uma crítica social à condição de escravidão. O eu lírico, ao se declarar
"escravo", questiona o valor de seus sentimentos ("Que vale ter
coração?") em uma situação de opressão e falta de liberdade. A dor da
perda amorosa se soma à dor da servidão.
07 – Qual a imagem que se
forma da amada a partir das comparações feitas pelo eu lírico?
A amada é idealizada e associada a
elementos da natureza que evocam beleza e delicadeza, mas também
transitoriedade. Ela se foi "como as gaivotas do rio" e "como os
orvalhos que descem", sugerindo uma partida suave, porém definitiva,
deixando o eu lírico em um estado de profunda saudade.
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