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quarta-feira, 2 de abril de 2025

POEMA: CRUZ NA PORTA DA TABACARIA! ÁLVARO DE CAMPOS - COM GABARITO

 Poema: Cruz na porta da tabacaria!

             Álvaro de Campos

Cruz na porta da tabacaria!

Quem morreu? O próprio Alves? Dou

Ao diabo o bem-estar que trazia.

Desde ontem a cidade mudou.

 
Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSLLJ1UAHDHDDJ6JZaLSU7XVJTpaZfibGcS-TJL-eHYeUMUCj_5ExJyPVF679MPgIezYQLXeqhqERtTGwHwUUFm7pbcr5MKt-RPP1CL4eKFc7-Ylo0FQogttr0qMi9BKHXFclaPSTunOEo60sGRx4SKuv7SOALEOTZmTbO45cEC9iOn5RKTkUvnWWMtmQ/s320/f605a9f693c66fa73837231c3291d40d.jpeg



 

Quem era? Ora, era quem eu via.

Todos os dias o via. Estou

Agora sem essa monotonia.

Desde ontem a cidade mudou.

 

Ele era o dono da tabacaria.

Um ponto de referência de quem sou

Eu passava ali de noite e de dia.

Desde ontem a cidade mudou.

 

Meu coração tem pouca alegria,

E isto diz que é morte aquilo onde estou.

Horror fechado da tabacaria!

Desde ontem a cidade mudou.

 

Mas ao menos a ele alguém o via,

Ele era fixo, eu, o que vou,

Se morrer, não falto, e ninguém diria.

Desde ontem a cidade mudou.

Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993) - 46.

Fonte: Português. Série novo ensino médio. Volume único. Faraco & Moura – 1ª edição – 4ª impressão. Editora Ática – 2000. São Paulo. p. 460.

Entendendo o poema:

01 – Qual é a reação do eu lírico à morte do dono da tabacaria?

      O eu lírico expressa uma mistura de indiferença e estranhamento. Ele questiona quem morreu e menciona que a cidade mudou desde a morte, indicando uma perturbação na sua rotina e percepção do mundo.

02 – Como o eu lírico descreve a sua relação com o dono da tabacaria?

      A relação é de pura rotina e observação. O dono da tabacaria era uma figura constante no cotidiano do eu lírico, um "ponto de referência". A morte do homem quebra essa rotina, causando um sentimento de desorientação.

03 – Qual a reflexão do eu lírico sobre a própria existência em contraste com a do dono da tabacaria?

      O eu lírico contrasta a fixidez do dono da tabacaria, que era "fixo" e visto por todos, com a sua própria natureza errante. Ele reconhece que, se morresse, sua ausência seria menos notada, evidenciando um sentimento de insignificância.

04 – Qual o significado da repetição do verso "Desde ontem a cidade mudou"?

      A repetição do verso enfatiza o impacto da morte na percepção do eu lírico. A mudança na cidade simboliza a alteração na sua própria realidade, quebra da sua rotina e a sensação de que o mundo não é mais o mesmo.

05 – Como o poema reflete a angústia existencial característica de Álvaro de Campos?

      O poema reflete a angústia existencial de Campos ao explorar temas como a solidão, a insignificância da vida e a falta de sentido. A morte do dono da tabacaria serve como um gatilho para reflexões sobre a própria mortalidade e a natureza transitória da existência.

 

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