Conto: Encontro à meia-noite – Fragmento
Liliana Lacocca
Uma hora da manhã
[...]
Parecia que alguma coisa estava se
mexendo, entre as folhagens, atrás do muro em que eu estava parado.
Imaginei que não devia ser nada.
Com certeza era só impressão minha ou
algum sopro de vento mais forte.

Uma hora e dez minutos
Não
era impressão minha.
Continuei ouvindo os mesmos barulhos.
Aquilo não era normal. Eu sabia que não
era normal ouvir aqueles barulhos naquela hora da noite. E me descontrolei
todo.
Meus dentes começaram a bater uns nos
outros e eu não conseguia falar, nem gritar, nem nada.
Pelo barulho que estava ouvindo, devia
ser uma pessoa tentando atingir o alto do muro. Sem dúvida que era uma pessoa
tentando atingir o alto do muro.
Não precisei pensar muito para adivinhar
quem era.
Quem é que naquela hora da noite fica
fazendo barulhos atrás de um muro?
Só podia ser um ladrão que tinha
acabado de assaltar uma casa da esquina e estava querendo pular o muro para
escapar.
Imaginando isso me descontrolei muito
mais, e fiquei pensando o que é que eu devia fazer diante de tão aterrorizante
situação.
Pensei em sair correndo, mas não
consegui tirar as pernas do lugar de tanto que elas tremiam.
Logo cheguei à conclusão de que sair
correndo seria pior. Seria muito pior.
[...]
Uma hora e treze minutos
De repente, de uma só vez, o barulho
foi tanto que parecia que o mundo ia acabar.
Foi quando ele atingiu o alto do muro.
Levei um violento golpe na cabeça, me
desequilibrei todo e caí esparramado no chão...
... e, quase desfalecido, vi quando um
enorme gato cinzento passou sobre meu corpo, correu pela calçada e desapareceu.
Uma hora e vinte minutos
Levei um bom tempo para me recuperar, e
ainda aflito apoiei as mãos no chão e levantei.
Sem dúvida aquilo não tinha sido
estardalhaço meu.
Quem é que iria imaginar que um barulho
daqueles fosse simplesmente um gato?
Eu tinha certeza de que aquele gato não
era um gato qualquer. Devia ser pelo menos quatro ou cinco vezes maior do que
um gato comum, desses que a gente sempre encontra por aí.
Eu tinha certeza de que era.
[...]
LACOCCA, Liliana.
Encontro à meia-noite. São Paulo: FTD, 1996. p. 33; 35-38; 40.
Fonte: Português.
Vontade de Saber. 6º ano – Rosemeire Alves / Tatiane Brugnerotto – 1ª edição –
São Paulo – 2012. FTD. p. 118-119.
Entendendo o conto:
01 – Qual é o horário inicial
do conto e o que o narrador ouve?
O conto começa a
uma hora da manhã, e o narrador ouve barulhos nas folhagens atrás do muro onde
está parado.
02 – Qual é a primeira
explicação que o narrador dá para os barulhos?
Inicialmente, o
narrador imagina que os barulhos são apenas impressão sua ou um sopro de vento
mais forte.
03 – O que acontece com o
narrador quando ele percebe que os barulhos não são normais?
O narrador se
descontrola, seus dentes começam a bater e ele não consegue falar ou gritar.
04 – Qual é a conclusão do
narrador sobre a origem dos barulhos?
O narrador
conclui que é uma pessoa tentando pular o muro, possivelmente um ladrão fugindo
de um assalto.
05 – Como o narrador reage à
sua conclusão sobre a origem dos barulhos?
O narrador fica
ainda mais descontrolado e aterrorizado, pensando em como reagir à situação.
06 – Por que o narrador decide
não sair correndo?
O narrador
percebe que suas pernas estão tremendo demais para correr e conclui que fugir
seria pior.
07 – O que acontece quando o
barulho atinge o ápice?
O narrador leva
um golpe na cabeça, cai no chão e vê um enorme gato cinzento passar por cima
dele.
08 – Qual é a reação do
narrador ao descobrir que o barulho era apenas um gato?
O narrador fica
surpreso e incrédulo, questionando como um barulho tão grande poderia ser feito
por um simples gato.
09 – O que o narrador percebe
sobre o gato?
O narrador
percebe que o gato é muito maior do que os gatos comuns, descrevendo-o como
quatro ou cinco vezes maior.
10 – Qual é o sentimento
predominante no narrador ao longo do conto?
O sentimento
predominante no narrador é o medo, que o leva a imaginar situações
aterrorizantes e a se descontrolar com os barulhos.
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