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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

POESIA: LIRA LXXXI - MARÍLIA DE DIRCEU - GONZAGA - COM GABARITO

 Poesia: Lira LXXXI – Marília de Dirceu

             Gonzaga

Nesta triste masmorra,

De um semivivo corpo sepultura,

Ainda, Marília, adoro a tua formosura.

Amor na minha ideia te retrata;

Busca, extremoso, que eu assim resista

À dor imensa, que me cerca e mata.

 

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEing9UAsefvQBQauQXvNf2ckCSEZsLuQsGBJVRhUgtnn3FwY1btXipfWxDY-_UfuqGf3OYSPV15OdFop5_aEv87_w-RKf66ivXO1u1aLAc753ZCq38KXtRT8AM8Z04lio26xS0QMEfGu-DKJio_dihT3mQz-Zkqq8Nss3uyiwk-i41Nip6asnLwmsM_swA/s320/220px-Mar%C3%ADlia_de_Dirceo.jpg

Quando em meu mal pondero,

Então mais vivamente te diviso:

Vejo o teu rosto e escuto a tua voz e riso.

Movo ligeiro para o vulto os passos:

Eu beijo a tíbia luz em vez de face,

E aperto sobre o peito em vão os braços.

 

Conheço a ilusão minha;

A violência da mágoa não suporto;

Foge-me a vista e caio,

não sei se vivo ou morto.

Enternece-se Amor de estrago tanto;

Reclina-me no peito, e com mão terna

me limpa os olhos de salgado pranto.

 

Depois que represento

Por largo espaço a imagem de um defunto,

Movo os membros, suspiro,

E onde estou pergunto.

Conheço então que Amor me tem consigo;

Ergo a cabeça que ainda mal sustento,

E com doente voz assim lhe digo:

 

-- Se queres ser piedoso,

procura o sitio em que Marília mora,

Pinta-lhe o meu estrago,

e vê, Amor, se chora.

Se a lágrima verter a dor a arrasta,

Uma delas me traze sobre as penas,

E para alívio meu só isto basta.

Tomás Antônio Gonzaga. In: José Lino Grunewald. Os poetas da Inconfidência. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.

Fonte: Português – Novas Palavras – Ensino Médio – Emília Amaral; Mauro Ferreira; Ricardo Leite; Severino Antônio – Vol. Único – FTD – São Paulo – 2ª edição. 2003. p. 111.

Entendendo a poesia:

01 – Qual é o tema central da Lira LXXXI?

      A Lira LXXXI de Marília de Dirceu é um poema que expressa o sofrimento do poeta Dirceu (Tomás Antônio Gonzaga) na prisão, e a saudade que sente de sua amada Marília. O tema central é a dor da ausência e a força do amor, mesmo em condições adversas.

02 – Qual é o contexto histórico da Lira?

      A Lira foi escrita durante o período em que Tomás Antônio Gonzaga estava preso, acusado de participar da Inconfidência Mineira. A prisão é retratada como uma "masmorra" que o separa de sua amada Marília.

03 – Como o poeta descreve a sua condição na prisão?

      O poeta se descreve como um "semivivo", um corpo sepultado em vida. A prisão é vista como um lugar de sofrimento físico e emocional, onde ele se sente isolado e desesperançoso.

04 – Qual é o papel de Marília no poema?

      Marília é a figura central do poema, representando o amor e a esperança para o poeta. Sua imagem é idealizada e lembrada com carinho, sendo uma fonte de consolo em meio à dor.

05 – Como o poeta lida com a dor da ausência de Marília?

      O poeta busca em sua memória as lembranças de Marília, como seu rosto, voz e riso. Essa idealização o ajuda a suportar a dor, mas também o leva a momentos de ilusão, nos quais ele tenta abraçar a imagem de sua amada.

06 – Qual é o significado do pedido final ao Amor?

      No final do poema, o poeta pede ao Amor que interceda por ele, mostrando a Marília o seu sofrimento. Ele espera que a compaixão de Marília possa trazer algum alívio para sua dor.

07 – Quais são as características estilísticas marcantes da Lira LXXXI?

      A Lira LXXXI é um exemplo típico da poesia árcade, com linguagem simples e direta, e temas como a natureza e o amor idealizado. O poema também apresenta elementos neoclássicos, como a busca pela razão e o equilíbrio formal.

 

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