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domingo, 8 de dezembro de 2024

POEMA: MURMÚRIOS DA TARDE - CASTRO ALVES - COM GABARITO

 Poema: Murmúrios da Tarde

             Castro Alves

Ontem à tarde, quando o sol morria,

A natureza era um poema santo,

De cada moita a escuridão saia,

De cada gruta rebentava um canto,

Ontem à tarde, quando o sol morria.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6hmkLo6UpCvq8M6vxLoMi8dYhY1FcE74GswDzUQSUTODdX5sHaZoouewR6OjHRXitKeXl2R7SdECGLMK3tgbpOwOq7_17Q5RZMTnFLONletC9x4V6mOsKLySrZj94icYuh1Xu7uLMa7q8559oyW_lAv_cxhiIyMrJmUKtcfoJr66fTu_Dz5-oR2b76yA/s320/SOL.jpg


 

Do céu azul na profundeza escura

Brilhava a estrela, como um fruto louro,

E qual a foice, que no chão fulgura,

Mostrava a lua o semicírculo d'ouro,

Do céu azul na profundeza escura.

 

Larga harmonia embalsamava os ares!

Cantava o ninho-suspirava o lago...

E a verde pluma dos sutis palmares

Tinha das ondas o murmúrio vago...

Larga harmonia embalsamava os ares.

 

Era dos seres a harmonia imensa,

Vago concerto de saudade infinda!

"Sol — não me deixes", diz a vaga extensa,

"Aura – não fujas", diz a flor mais linda;

Era dos seres a harmonia imensa!

 

"Leva-me! leva-me em teu seio amigo"

Dizia às nuvens o choroso orvalho,

"Rola que foges", diz o ninho antigo,

“Leva-me ainda para um novo galho...

Leva-me! leva-me em teu seio amigo."

 

"Dá-me inda um beijo, antes que a noite venha!

Inda um calor, antes que chegue o frio..."

E mais o musgo se conchega à penha

E mais à penha se conchega o rio...

"Dá-me inda um beijo, antes que a noite venha!

 

E tu no entanto no jardim vagavas,

Rosa de amor, celestial Maria...

Ai! como esquiva sobre o chão pisavas,

Ai! como alegre a tua boca ria...

E tu no entanto no jardim vagavas.

 

Eras a estrela transformada em virgem!

Eras um anjo, que se fez menina!

Tinhas das aves a celeste origem.

Tinhas da lua a palidez divina,

Eras a estrela transformada em virgem!

 

Flor! Tu chegaste de outra flor mais perto,

Que bela rosa! que fragrância meiga!

Dir-se-ia um riso no jardim aberto,

Dir-se-ia um beijo, que nasceu na veiga...

Flor! Tu chegaste de outra flor mais perto!...

 

E eu, que escutava o conversar das flores,

Ouvi que a rosa murmurava ardente:

"Colhe-me, ó virgem, não terei mais dores,

Guarda-me, ó bela, no teu seio quente...

"E eu escutava o conversar das flores.

 

"Leva-me! leva-me, ó gentil Maria!"

Também então eu murmurei cismando...

Minh'alma é rosa, que a geada esfria...

Dá-lhe em teus seios um asilo brando...

"Leva-me! leva-me, ó gentil Maria!...".

ALVES, Castro. Murmúrios da tarde. In: GOMES, Eugênio (Org.) Castro Alves: obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997, p. 150-151.

Fonte: Português – Literatura, Gramática e Produção de texto – Leila Lauar Sarmento & Douglas Tufano – vol. 2 – Moderna – 1ª edição – São Paulo, 2010, p. 31-32.

Entendendo o poema:

01 – Qual a principal sensação evocada pelo poema?

      O poema evoca uma sensação de tranquilidade e harmonia com a natureza. Castro Alves descreve um crepúsculo sereno, onde todos os elementos da natureza parecem unidos em um concerto de beleza e paz.

02 – Qual o papel da natureza na construção do poema?

      A natureza é o protagonista principal do poema. Cada elemento natural – o sol, a lua, as estrelas, as plantas, os animais – é descrito de forma poética e personificada, contribuindo para a criação de um ambiente mágico e onírico.

03 – Qual a relação entre o eu lírico e a natureza no poema?

      O eu lírico se funde com a natureza, sentindo-se parte integrante dela. Ele observa e descreve a cena com um olhar apaixonado e admirativo, expressando uma profunda conexão com o mundo natural.

04 – Qual o significado da figura feminina (Maria) no poema?

      A figura feminina, representada por Maria, é idealizada como uma criatura celestial, comparada a uma estrela, um anjo e uma rosa. Ela representa a beleza, a pureza e a perfeição, sendo objeto de desejo e admiração do eu lírico.

05 – Qual a importância do tempo na construção do poema?

      O tempo é um elemento fundamental na construção do poema. O crepúsculo, momento de transição entre o dia e a noite, simboliza a passagem do tempo e a inevitabilidade da mudança. A fugacidade do momento presente é enfatizada, gerando um sentimento de nostalgia e saudade.

06 – Qual o papel da linguagem poética na construção do poema?

      A linguagem poética é fundamental para a construção do poema. Castro Alves utiliza uma linguagem rica em figuras de linguagem, como metáforas, personificações e sinestesias, para criar um efeito sensorial e emotivo no leitor. A musicalidade dos versos e a escolha cuidadosa das palavras contribuem para a beleza e a expressividade do poema.

07 – Qual a mensagem principal do poema?

      A mensagem principal do poema é uma celebração da beleza e da harmonia da natureza. Castro Alves exalta a importância de apreciar os pequenos momentos da vida e de se conectar com o mundo natural. O poema também expressa um sentimento de saudade e nostalgia, evocando a beleza de um momento que se perde no tempo.

 

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