Política de Privacidade

domingo, 8 de dezembro de 2024

CRÔNICA: NA REGIÃO DE ORMUZ - FRAGMENTO - CARLOS HEITOR CONY - COM GABARITO

 Crônica: Na região de Ormuz – Fragmento

             Carlos Heitor Cony

        A viagem por esta planície em direção ao sul leva cinco dias. Ao cabo da quinta jornada, chega-se a uma outra descida de vinte milhas de extensão, por onde é muito difícil de se andar [...].

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhP-pa1N-6RfsF_iXJZJcz3YA3fmKfyLvrcepu1VnITTXWhtnyoMc-Nrk0dr_MK-WHVWrUGvc9A1pFWEpeOxjcKwbj4X_RDSVjSrOqq8AHjlJsU6M1HZYu6n6GHon4aCkWJZl3pYSsUKzQQ9gTArdlPd8_wjHWqKjj4N2OwiD9BnuYjR8jzZfWDE9cWNxs/s320/estreito-de-ormuz.jpeg


        Passados dois dias, chega-se ao Mar Oceano, em cuja orla fica situada a cidade portuária de Ormuz. É aí que chegam da Índia os navios com todas as especiarias e tecidos de ouro, elefantes e muitas outras mercadorias; deste lugar, elas são levadas para o resto do mundo. Esta é uma terra de intenso comércio e também a capital da província. O rei chama-se lacomat e, sob seu poder, há muitos castelos e cidades. O povo adora Maomé. Se algum mercador estrangeiro morrer por aqui, o soberano fica com todos os seus bens.

        Nesta região, a terra é insalubre e faz muito calor. Se não fosse o jardim com muita água, fora da cidade, as pessoas não conseguiriam sobreviver. Por vezes, durante o verão, sopra um vento vindo do lado do deserto, tão quente que se os homens não fugissem para onde há água, não suportariam o calor. Em novembro, começa o tempo das searas, colhidas em março, e assim se faz com todos os frutos; de março para frente não se encontra nenhuma coisa verde sobre a terra, a não ser a palmeira que dura até meados de maio: tudo isso por causa do calor.

        Aqui se fabrica vinho de tâmara e de muitas outras espécies. Quem o bebe sem estar habituado tem de botar tudo fora, pois serve-lhe de purgante; mas faz bem a quem já tem costume, as pessoas do lugar não usam nossos alimentos, porque se comessem grãos e carne ficariam imediatamente doentes; pelo contrário, são saudáveis porque comem peixes salgados e tâmaras, e outras coisas grossas com as quais se dão bem.

        Suas embarcações são malfeitas e muito perigosas: em vez de grudadas com piche, são untadas com óleo de peixe, sem pregos, que não utilizam porque não têm ferro. Usam um fio feito a partir de castanha-da-índia, forte como cerda e que se mete na água. Com ele, os barcos são costurados e não se estragam com a água salgada.

        Estas embarcações têm uma vela, um mastro e um leme, mas não têm coberta; quando estão carregados, coloca-se uma manta de couro sobre a carga e é por cima dela que se põem os cavalos levados para aa Índia. É um grande perigo navegar em tais navios. Quando morre alguém, o povo se põe todo de luto. As mulheres choram seus maridos durante quatro anos, pelo menos uma vez por dia, juntamente com alguns homens e parentes.

        Agora, voltaremos para o norte onde estão outras províncias, retornando por caminho diferente até a cidade de Quirmã, sobre a qual já contei. É que, para as regiões sobre as quais quero vos falar agora, não se pode ir a não ser partindo dali, onde o rei lacomat é igualmente o soberano.

        Ao regressar de Cormosa para Quirmã, passa-se de novo pela bela planície cheia de alimentos, pássaros e frutos e muitos banhos quentes. O pão de grão é amargo para quem não está acostumado por causa da água do mar. Deixemos agora esta região e vamos para o norte: já direi como.

        [...]

Carlos Heitor Cony e Lenira Alcure (adapt.) As viagens de Marco Polo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.

Fonte: Língua Portuguesa – Jornadas.port – Dileta Delmanto/Laiz B. de Carvalho – Ensino Fundamental – 6º ano. 2ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 192-193.

Entendendo a crônica:

01 – Qual a principal atividade econômica da cidade de Ormuz?

      A principal atividade econômica de Ormuz é o comércio. A cidade é um importante centro comercial, onde chegam e saem navios com diversas mercadorias, como especiarias, tecidos e animais.

02 – Como é descrito o clima da região de Ormuz?

      O clima da região de Ormuz é descrito como muito quente e insalubre. Há períodos de calor intenso e ventos quentes do deserto. A vegetação é escassa devido ao clima árido, com exceção das palmeiras.

03 – Quais são os hábitos alimentares dos habitantes de Ormuz e como eles se diferenciam dos hábitos alimentares de outras regiões?

      Os habitantes de Ormuz têm hábitos alimentares bastante distintos. Eles consomem principalmente peixes salgados, tâmaras e outros alimentos mais rústicos. A ingestão de grãos e carne causa doenças para os habitantes locais, que estão acostumados a uma dieta diferente.

04 – Como são construídas as embarcações em Ormuz?

      As embarcações em Ormuz são construídas de forma artesanal e rústica. Em vez de pregos, utilizam um tipo de fio feito de castanha-da-índia para costurar as partes do barco. A impermeabilização é feita com óleo de peixe, e as embarcações não possuem coberta.

05 – Quais são os costumes funerários dos habitantes de Ormuz?

      Os costumes funerários dos habitantes de Ormuz envolvem um período prolongado de luto. As mulheres choram seus maridos por quatro anos, pelo menos uma vez por dia, junto com outros familiares e amigos.

06 – Qual a importância da cidade de Quirmã na narrativa?

      A cidade de Quirmã é mencionada como o ponto de partida para as viagens à região de Ormuz e como o local para onde se retorna após as expedições. Ela serve como um ponto de referência geográfica e narrativa.

07 – Qual é o tom geral do texto?

      O tom geral do texto é descritivo e informativo. O autor busca apresentar um retrato detalhado da região de Ormuz, com foco em seus aspectos geográficos, culturais e econômicos. A linguagem é clara e objetiva, transportando o leitor para um mundo exótico e distante.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário