Soneto: A uma ausência
Antônio Barbosa Bacelar
Sinto-me, sem sentir, todo
abrasado
No rigoroso fogo que me alenta;
O mal, que me consome, me
sustenta;
O bem, que me entretém, me dá
cuidado.
Ando sem me mover, falo calado;
O que mais perto vejo, se me
ausenta,
E o que estou sem ver, mais me
atormenta;
Alegro-me de ver-me atormentado.
Choro no mesmo ponto em que me
rio;
No mor risco me anima a
confiança;
Do que menos se espera estou
mais certo.
Mas se de confiado desconfio,
É porque, entre os receios da
mudança,
Ando perdido em mim como em
deserto.
António Barbosa Bacelar, in 'Fénix Renascida'.
Fonte: livro Língua e
Literatura – Faraco & Moura – vol. 1 – 2º grau – Edição reformulada 9ª
edição – Editora Ática – São Paulo – SP. p. 255.
Entendendo o soneto:
01 – Qual a principal emoção
expressa pelo eu lírico no soneto?
O eu lírico
expressa uma intensa angústia e confusão. Ele se sente dividido entre
sentimentos contraditórios, como prazer e dor, movimento e imobilidade. A
ausência parece ter criado um estado de perturbação interna que o impede de
encontrar paz.
02 – Como a ausência é
representada no poema?
A ausência não é
representada de forma concreta, mas sim como uma força que domina o eu lírico.
Ela é a causa do sofrimento e da perturbação interior, e parece estar presente
em todos os momentos da vida do poeta. A ausência é tanto física quanto
emocional, e se manifesta de diversas formas no poema.
03 – Quais os paradoxos
presentes no soneto?
O soneto é
repleto de paradoxos, como "sinto-me, sem sentir", "o mal, que
me consome, me sustenta" e "alegro-me de ver-me atormentado".
Esses paradoxos revelam a complexidade dos sentimentos do eu lírico e a
impossibilidade de encontrar uma explicação lógica para seu sofrimento.
04 – Qual o significado da
imagem do deserto no final do soneto?
O deserto
representa o estado de solidão e desorientação interior do eu lírico. Ele se
sente perdido em si mesmo, sem encontrar um caminho para sair daquela situação
de angústia. O deserto simboliza a vastidão e a aridez da sua alma.
05 – Como a linguagem do poema
contribui para a construção do sentido?
A linguagem do
poema é marcada por um alto grau de subjetividade e expressividade. O uso de
antíteses, paradoxos e imagens fortes cria um clima de tensão e intensifica a
experiência emocional do leitor. A linguagem poética permite que o eu lírico
expresse de forma intensa e complexa seus sentimentos de angústia e desespero.
Nenhum comentário:
Postar um comentário