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domingo, 22 de outubro de 2023

CRÔNICA: NO MUNDO DAS LETRAS - MOACYR SCLIAR - COM GABARITO

 Crônica: No Mundo das Letras

                Moacyr Scliar

        Vem à livraria nas horas de maior movimento, mas isso, já se sabe, é de propósito: facilita-lhe o trabalho. Rouba livros. Faz isso há muitos anos, desde a infância, praticamente. Começou roubando um texto escolar que precisava para o colégio: foi tão fácil que gostou; e passou a roubar romances de aventura, livros de ficção científica, textos sobre arte, política, ciência, economia. Aperfeiçoou tanto a técnica que chegava a furtar quatro, cinco livros de uma vez. Roubou livros em todas as cidades por onde passou. Em Londres, uma vez, quase o pegaram; um incidente que recorda com divertida emoção.

Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaYHscdRocjtUib3dsdQHa0oN0Vl9iBUjSQLz0q_vDb2M9nZtIvutMM7Amcu5BU__eg9WjAasM8-fr3RQe9vfGQEbvfuDtrQ1FmgSe8kq0u7C6m4HHuSB_Xrm1Cr2CtU5aC37vk-c0jPleskHHhZBoifTHKdWIAU-cefDrvqKB-B54_a4AjUMtcq7Rq6g/s1600/LIVRARIA.jpg


        No início, lia os livros que roubava. Depois, a leitura deixou de lhe interessar. A coisa era roubar por roubar, por amor à arte; dava os livros de presente ou simplesmente os jogava fora. Mas cada vez tinha menos tempo para ir às livrarias; os negócios o absorviam demais. Além disso, não podia, como empresário, correr o risco de um flagrante. Um problema – que ele resolveu como resolve todos os problemas, com argúcia, com arrojo, com imaginação. Zás! Acabou de surrupiar um. Nada de espetacular nessa operação: simplesmente pegou um pequeno livro e o enfiou no bolso. Olha para os lados; aparentemente ninguém notou nada. Cumprimenta-me e se vai.

        Um minuto depois retorna. Como é que me saí, pergunta, não sem ansiedade. Perfeito, respondo, e ele sorri, agradecido. O que me deixa satisfeito; elogiá-lo é não apenas um ato de compaixão, é também uma medida de prudência. Afinal, ele é o dono da livraria.

SCLIAR, Moacyr. No Mundo das Letras. In: SCLIAR, Moacyr; FONSECA, Rubem; MIRANDA, Ana. Pipocas. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

Entendendo a crônica:

01 – Moacyr Scliar, autor da crônica “No Mundo das Letras”, é gaúcho e ganhou alguns prêmios, tais como Prêmio Jabuti e Prêmio José Lins do Rego. Atente para as seguintes afirmações sobre o autor:

 I. O estilo de Moacyr Scliar é leve e irônico.

II. O autor faz parte da literatura contemporânea.

III. Os textos de Moacyr Scliar são diretos e com escrita simples.

Está correto o que se afirma em:

A) I e II apenas.

B) I, II e III.

C) I e III apenas. 

D) II e III apenas.

      A correta é a letra B.

02 – Quem é o protagonista da crônica e qual é o seu hábito peculiar?

      O protagonista da crônica é um homem que frequenta uma livraria movimentada e tem o hábito de roubar livros.

03 – Como e quando o protagonista começou a roubar livros?

      O protagonista começou a roubar livros na infância, começando com um texto escolar que ele precisava para a escola.

04 – Por que o protagonista roubava livros?

      Inicialmente, o protagonista roubava livros para uso pessoal, mas com o tempo a leitura deixou de lhe interessar. Ele passou a roubar por amor à arte e dava os livros de presente ou simplesmente os jogava fora.

05 – Como o protagonista aprimorou suas habilidades de roubo de livros?

      O protagonista aprimorou suas habilidades a ponto de conseguir furtar quatro ou cinco livros de uma só vez.

06 – Onde o protagonista roubou livros ao longo de sua vida?

      O protagonista roubou livros em várias cidades por onde passou, incluindo Londres.

07 – Por que o protagonista parou de roubar livros da maneira convencional em livrarias?

      O protagonista parou de roubar livros de livrarias convencionais porque seu tempo se tornou escasso devido aos negócios, e ele não podia arriscar um flagrante como empresário.

08 – Qual é a reviravolta surpreendente no final da crônica?

      No final da crônica, o leitor descobre que o protagonista é o dono da livraria, surpreendendo o narrador e demonstrando sua habilidade de roubar um livro da própria loja sem ser notado.

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