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terça-feira, 23 de agosto de 2022

POEMA: A ALMA - VERA DUARTE - COM GABARITO

 Poema: A alma

             Vera Duarte

Fiquei por aí plantada

À beira de um sábado prodigioso

Olhando a linha do horizonte

E um barco carregado de estrelas

Que não sei se partia

Não sei se chegava.

 

Ao meu lado

Em calor recente

Tu foste o centro e o tudo

E senti crescer em mim

O desejo d’eternidade.

Não quis mais partir!

 

Desvendando o segredo do amor

Quero permanecer na ilha

E navegar apenas em sonhos

Por caminhos redondos e concêntricos

Ao sabor de ti e do vento.

 

Não quero mais partir!

 

De malas desfeitas

Quebrarei na ilha

A prisão das ilhas

Com os pés fincados na areia

Que abrigou nossos corpos em tempos de festa.

                  DUARTE, Vera. Amanhã amadrugada. Lisboa: Veja; Praia: ICLD, 1993. p. 78-9. (Palavra Africana).

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 165-6.

Entendendo o poema:

01 – Você sabe quais são os países africanos em que o português é a língua oficial?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – Em Cabo Verde, o clima difícil, com muitos períodos de seca, a terra árida e pouco produtiva, entre outros problemas, fazem com que muitos habitantes do país optem pela emigração. Esse é contexto do poema.

a)   Com base nessas informações e na leitura do poema, o que é possível saber a respeito do eu lírico? Onde ele está e o que está fazendo?

É possível saber que o eu lírico é feminino e está parado (“plantada”) numa praia, em um sábado, observando um barco no mar, que pode estar chegando ou partindo.

b)   Pelo último verso da segunda estrofe, é possível inferir que o eu lírico tinha uma intenção, mas muda de ideia. Que intenção era essa? E o que o eu lírico decide fazer? Por que mudou de ideia?

Ele tinha a intenção de partir da ilha, mas decide ficar. Ele mudou de ideia porque resolveu viver o amor que sente pela pessoa a quem se dirige no poema (“tu”) ficando junto dela.

c)   Comente a diferença entre o verso “Não quis mais partir!”, da segunda estrofe, e o verso “Não quero mais partir!”, na quarta estrofe. O que essa diferença expressa?

No verso da segunda estrofe, o eu lírico expressa seu desejo naquele momento, quando sentiu crescer o desejo de eternidade por estar ao lado de quem ama; por isso o uso do tempo pretérito perfeito (“não quis”). Já no verso da quarta estrofe, o eu lírico reafirma o que já tinha sentido, mas com veemência, como uma decisão final e categórica, por isso o uso do tempo presente (“não quero”).

 

 

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