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terça-feira, 23 de agosto de 2022

NOTÍCIA: ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL SERÁ MAIS CARA DO QUE A NÃO SAUDÁVEL A PARTIR DE 2026 (FRAGMENTO)- GUILHERME ZOCCHIO - COM GABARITO

 Notícia: Alimentação saudável será mais cara do que a não saudável a partir de 2026 – Fragmento

       O prognóstico assusta quem se preocupa com uma alimentação saudável. Carnes, frutas e verduras devem se tornar mais caras do que salsichas, doces e outras guloseimas de 2026 em diante. A constatação é de pesquisa conduzida por pesquisadores da Escola de Enfermagem que mediu e comparou a variação nos preços dos 102 tipos de alimentos mais consumidos no país no período entre 1995 e 2017.

        [...] Seis pesquisadores projetaram as oscilações no valor dos itens alimentares até 2030 com informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Eles encontraram um ponto de inversão no qual a comida saudável se torna mais cara do que a comida que também é conhecida como "porcaria".

        Em 2017, os alimentos saudáveis tinham preço médio de R$ 4,69 por quilograma e os não-saudáveis, de R$ 6,62 por quilo. Em 2026, o custo de ambos se tornaria igual, prevê a pesquisa. Em 2030, os cientistas calculam que a comida saudável teria valor de R$ 5,24 por quilo, enquanto a comida "porcaria" teria custo de R$ 4,34 por quilo.

        A carne, por exemplo, é um alimento que, segundo o estudo, tornou-se mais caro em relação à salsicha, considerada um substituto para proteínas de origem animal. No período entre 1995 e 2002, o embutido tinha um preço médio de R$ 10,30 por quilo, enquanto a carne, de R$ 9,08.

        No intervalo entre 2003 e 2010, o valor do quilo dos dois alimentos se aproxima. R$ 11,81 para as salsichas e R$ 11,28 para a carne. A pesquisa mostra que no período seguinte a posição dos dois itens se inverte. As salsichas passam a custar R$ 11,33 por quilo e as carnes, R$ 13,10 por quilo.

        [...]

        Os valores encontrados foram corrigidos de acordo com a inflação acumulada até 2017, último ano com dados disponíveis no estudo.

        [...]

        Na sequência, os pesquisadores dividiram e agruparam os 102 itens de maior consumo conforme a classificação do Guia Alimentar para a População Brasileira, um documento do Ministério da Saúde que oferece orientações sobre comer de forma adequada e saudável.

        O Guia Alimentar divide os alimentos em quatro grupos. Primeiro, in natura e/ou minimamente processados, como arroz, feijão, carnes frescas, frutas e verduras. Em segundo, os ingredientes culinários, como sal, açúcar e óleos usados para cozinhar. Depois, os processados, como pães frescos, massas, enlatados e geleias, que são tradicionalmente consumidos no Brasil e em outros países.

        Finalmente, há os ultraprocessados, como salsichas, salgadinhos, macarrões instantâneos e outras guloseimas também conhecidas como "porcaria". São itens obtidos a partir de fragmentos de outros alimentos, aditivos químicos e preparados com complexas técnicas industriais. Na prateleira, geralmente, são aqueles produtos com cinco ou mais ingredientes de nomes pouco familiares (maltodextrina, p.ex.) no rótulo.

        O documento do governo federal recomenda dar preferência aos alimentos in natura e/ou minimamente processados e diz para evitar os ultraprocessados.

        No estudo, essa foi a orientação que os pesquisadores utilizaram para dividir a comida entre saudável e não-saudável. Eles também se fundamentaram em evidências científicas que associam o consumo de ultraprocessados ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como câncer, diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares, etc.

        [...]

        Motivos desconhecidos

        Apesar do achado inédito, o estudo sobre a tendência de preços tem limitações, como ao não revelar os motivos que estão fomentando essas mudanças. Para explicar a tendência constatada, os pesquisadores fazem suposições. Os subsídios concedidos às empresas de refrigerantes em Manaus, segundo eles, pode ser uma das razões.

        Outra, o apoio que o governo federal oferece às produções de monoculturas como soja, milho e cana de açúcar, que servem de matéria-prima para os itens ultraprocessados. Os cientistas afirmam que a assistência governamental ao agronegócio é muito mais generosa da que à oferecida a agricultores familiares que produzem frutas e verduras.

        Uma última hipótese para explicar a variação dos preços tem relação com a otimização dos processos da fabricação de alimentos. O estudo começa em 1995, e de lá para cá, os avanços tecnológicos devem ter facilitado a produção de ultraprocessados.

        "A expansão das grandes redes de supermercado e da indústria tem colaborado para o acesso das pessoas aos ultraprocessados. A ausência de políticas públicas, também, permite o acesso sem qualquer tipo de regulação. São alimentos práticos, e no cotidiano as pessoas evitam gastar tempo na cozinha", declara Camila. [...]

        [...]

        O objetivo [dos pesquisadores] é ajudar a formular políticas públicas que possam reverter a tendência de preços e, assim, dar prioridade à comida saudável.

ZOCCHIO, Guilherme. Alimentação saudável será mais cara do que a não saudável a partir de 2026. Viva Bem. UOL, 29 jan. 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/01/29/alimentacao-saudavel-sera-mais-cara-do-que-a-nao-saudaavel-a-partir-de-2026.htm. Acesso em: 4 ago. 2020.

Fonte: Língua Portuguesa – Estações – Ensino Médio – Volume Único. 1ª edição, São Paulo, 2020 – editora Ática – p. 278-280.

Entendendo a notícia:

01 – Explique por que a primeira frase do texto diz que o prognóstico anunciado no título assusta quem se preocupa com uma alimentação saudável.

      O título anuncia que a partir de 2026 a alimentação saudável será mais cara que a não saudável, ou seja, é algo que prejudica diretamente aqueles que se preocupam em manter uma alimentação saudável.

02 – A pesquisa brasileira citada na notícia usa quais critérios para dividir os alimentos em saudáveis e não saudáveis?

      O nível de processamento. Quanto mais processados os alimentos, menos saudáveis eles são.

·        Que documento serviu como fonte de orientação para os pesquisadores na adoção desses critérios?

O documento que serviu como fonte de orientação para o estabelecimento desses critérios foi o Guia alimentar para a população brasileira, do Ministério da Saúde.

03 – Em seu dia a dia, você procura consumir alimentos mais saudáveis? Que critérios você utiliza para diferenciá-los dos não saudáveis? São os mesmos usados na pesquisa?

      Resposta pessoal do aluno.

04 – Na sua casa, quem é(são) a(s) pessoa(s) responsável(eis) pela compra de alimentos?

      Resposta pessoal do aluno.

·        Pergunte a ela(s) se foi possível perceber, nos últimos anos, uma tendência de aumento ou redução no preço dos alimentos consumidos em sua casa. A resposta confirma a análise da pesquisa ou se opõe a ela?

Resposta pessoal do aluno.

05 – O trecho final da notícia indica que os pesquisadores levantaram algumas hipóteses para explicar o que pode ter ocasionado a inversão entre os preços dos alimentos menos processados e os dos ultraprocessados. Quais são elas?

      Discuta com a turma todas as suposições, certificando-se de que eles compreenderam todas elas.

·        Quais outros aspectos você acredita que podem influir no preço dos alimentos processados e menos processados?

Contribua para que os estudantes levantem suposições a esse respeito.

 

 

 

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