Política de Privacidade

domingo, 31 de julho de 2022

POEMA: O QUE É QUE EU QUERO PARA A VIDA? GONÇALO M. TAVARES - COM GABARITO

 Poema: O que é que eu quero para a vida?

             Gonçalo M. Tavares

25.
O que é que eu quero para a vida?
Oh, essa pergunta.

Quando era novo queria ser mais velho.
Depois comecei a querer ser mais novo.
Se pudéssemos ficar na idade em que não queremos ser mais
novos nem mais velhos, seria o ideal.
Mas nem sequer me lembro se essa idade existiu, quanto mais.

O que é que eu quero para a vida?
Logo de manhã a fazerem-me essa pergunta.
Se ma fizessem de noite eu sabia o que responder:
— Quero dormir!
Mas, assim, a fazerem-me a pergunta logo pela manhã, fico
sem palavras.

Voltem logo à noite, está bem?
Eu logo vos respondo.

TAVARES, Gonçalo M. O homem ou é tonto ou é mulher. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2005. p. 47.

             Fonte: Livro Língua Portuguesa – Trilhas e Tramas – Volume 1 – Leya – São Paulo – 2ª edição – 2016. p. 198-9.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema do poema? 

      Dúvida e dificuldade em resolver questões existenciais; insatisfação do ser humano.

02 – De que forma o eu lírico trata o tema? 

      Com humor.

03 – Como você interpreta os versos a seguir? 

a)   "Oh, essa pergunta."

O eu lírico expressa que essa é uma pergunta recorrente. Pode expressar tédio, cansaço pela dificuldade em responde-la.

b)   "Mas nem sequer me lembro se essa idade existiu, quanto mais."

Expressa a dificuldade do eu lírico em se sentir satisfeito, pois nem consegue se lembrar de quando foi feliz.

04 – Qual é a diferença entre os poemas de José Craveirinha, Ondjaki e Gonçalo M. Tavares?

      Os poemas de José Craveirinha e Ondjaki apresentam dicção poética e temas africanos; o poema de Gonçalo M. Tavares tem caráter existencial/existencialista e, nesse sentido, reflete a dicção poética europeia, de Portugal.

05 – O poema apresenta marcas da literatura contemporânea? Justifique.

      Sim. A linguagem é prosaica, cotidiana, concisa; não há preocupação com a forma tradicional.

06 – Identifique características da língua portuguesa de Portugal no poema. 

      O uso do infinitivo: "Logo de manhã a fazerem-me essa pergunta."; "[...] a fazerem-me a pergunta logo pela manhã [...]". Emprego do pronome pessoal: "Se ma fizessem de noite eu sabia o que responder". 

07 – Você já fez esta pergunta: “O que é que eu quero para a vida?”.

      Resposta pessoal do aluno.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário