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domingo, 26 de junho de 2022

POEMA: PAISAGENS DE INVERNO II - CAMILO PESSANHA - COM GABARITO

 Poema: PAISAGENS DE INVERNO II

              Camilo Pessanha       

Passou o Outono já, já torna o frio...
— Outono de seu riso magoado.
Álgido Inverno! Oblíquo o sol, gelado...
— O sol, e as águas límpidas do rio.

Águas claras do rio! Águas do rio, 
Fugindo sob o meu olhar cansado, 
Para onde me levais meu vão cuidado? 
Aonde vais, meu coração vazio?

Ficai, cabelos dela, flutuando, 
E, debaixo das águas fugidias, 
Os seus olhos abertos e cismando...

Onde ides a correr, melancolias?
— E, refratadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...

Camilo Pessanha. Paisagem de inverno II. In: Clepsidra. Instituto português do livro e da leitura. Biblioteca Ulisseia de autores portugueses, p. 45, s/d.

Fonte: Língua portuguesa 2 – Projeto ECO – Ensino médio – Editora Positivo – 1ª edição – Curitiba – 2010. p. 252-3.

Entendendo o poema:

01 – Qual é o tema do texto?

      A passagem do tempo e, de modo mais amplo, o envelhecimento e a morte.

02 – Quais os símbolos centrais usados no texto para trabalhar o tema? Que interpretação é possível dar a eles?

      O inverno e o rio, ou a água de forma ampla, são os símbolos centrais trabalhados no texto. Por meio deles, o eu lírico discute a passagem do tempo que conduz ao envelhecimento e à morte.

03 – Nos dois tercetos do texto, surge uma imagem feminina. O que o poema sugere que ocorreu com ela? Comprove sua resposta com elementos do próprio texto.

      O poema sugere que ela morreu, pois seus cabelos flutuam, seus olhos estão abertos e suas mãos, translúcidas e frias. Parece ser a descrição de um cadáver. Por outro lado, pode-se tomar a descrição como uma metáfora: o rio leva a lembrança da amada, que estaria “morta” para o eu lírico em sua memória e em seu coração.

04 – Após a leitura do texto, é possível apontar um diálogo intertextual? Por quê? Explique seu ponto de vista.

      Sim. Porque o texto trabalha a passagem do tempo representada a partir da imagem do escoar de águas. No poema, o rio leva a amada, morta metafórica ou literalmente.

 

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