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quinta-feira, 14 de abril de 2022

HISTÓRIA: O POVO QUE INVENTOU O A B C - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

 História: O povo que inventou o A B C

            Monteiro Lobato

  De Salomão, Dona Benta pulou para a Fenícia.

        -- No tempo em que ninguém sabia escrever – disse Dona Benta – porque o alfabeto ainda não fora inventado, vivia numa aldeia um carpinteiro de nome Cadmo. Era fenício, isto é, natural da Fenícia, uma nação de comerciantes muito espertos, estabelecida nas costas do Mediterrâneo. Cadmo estava um dia trabalhando no seu banco de carpinteiro, a certa distância de casa. Súbito notou a falta duma ferramenta qualquer, que esquecera de trazer. Fez então uns rabiscos num cavaco de madeira e disse a um escravo: “Fulano, leve isto à minha esposa e traga o que ela der.” O escravo levou o cavaco. A mulher de Cadmo leu o sinal escrito, tomou a ferramenta pedida e disse: “Aqui está o que ele pede”. O escravo abriu a boca, e ainda mais quando ao entregar a ferramenta ouviu o patrão dizer que era aquilo mesmo. Seu assombro diante do cavaco mágico foi tamanho que pediu licença a Cadmo para o trazer pendurado ao peito, como bentinho.

        -- Coitado! – exclamou a menina.

        -- O que há de verdade nisto, não sei. Mas o fato é que o alfabeto nos veio da Fenícia, inventado por esse Cadmo ou por quem quer que seja. Em grego as duas primeiras letras chamavam-se Alfa e Beta – daí o nome de alfabeto que ficou para o conjunto de todos os sinais ou letras. Já pensaram vocês, por um minuto, na invenção maravilhosa que foi o alfabeto?

        -- Ainda não – disse Pedrinho. – Vamos começar a pensar nisso de hoje em diante, porque só agora vovó nos abriu os olhos.

        -- Pois pensem. Se não fossem os fenícios, ou melhor, se o alfabeto não tivesse sido inventado, estaríamos hoje num grande atraso, talvez ainda usando os hieróglifos ou os caracteres cuneiformes dos babilônios. Vejam que desgraça.

        -- Estou compreendendo, vovó. Estou compreendendo muito bem a importância da invenção do alfabeto – disse Pedrinho. – Mas as letras, ou sinais adotados pelos fenícios, eram as mesmas que usamos hoje?

        -- Algumas letras não sofreram mudança, como o A, o E, o O e o Z. Mesmo assim o A era deitado e o E tinha a abertura voltada para a esquerda. As outras letras mudaram. Mas isto da forma dos sinais não tem a mínima importância. O que importa é haver um sinal para cada som, de modo que possamos escrever milhares de palavras com alguns sinais apenas.

        -- Como na música, vovó! – sugeriu Narizinho.

        -- Exatamente. Na música temos set notas, ou sete sinais. Com esse bocadinho de elementos, os músicos compõem maravilhosas músicas, desde o “Vem cá, Bitu” até as célebres sonatas de Beethoven. As sete notas são o alfabeto da música.

        -- Quem eram esses tais fenícios, vovó? Da mesma raça dos gregos?

        -- Eram um ramo da raça semita, localizado perto dos judeus, ao norte. Tiveram um grande rei de nome Hirã que viveu no tempo de Salomão, do qual foi amigo. Hirã chegou a mandar para Jerusalém muitos dos melhores operários da Fenícia a fim de trabalharem na construção do grande templo, apesar de não crer no deus de Salomão.

História do mundo para crianças. São Paulo, Brasiliense, p. 28-9.

Fonte: Português – Linguagem & Participação, 5ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 2ª ed. 1999, p. 61-3.

Entendendo a história:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Salomão: filho do rei Davi e também rei de Israel, citado na Bíblia, tornou-se um exemplo de sabedoria.

·        Mediterrâneo: mar que banha o sul da Europa e o norte da África.

·        Súbito: repentino, inesperado.

·        Babilônio: povo antigo da Babilônia.

·    Cuneiforme: em forma de cunha; escrita dos assírios, caracterizada por elementos em forma de cunha.

·        Beethoven: Ludwig Van Beethoven (1770-1827), músico e compositor alemão.

·        Hieróglifo: designação de cada um dos caracteres de uma escrita dos antigos egípcios, ainda conservada em inscrições.

·        Sonata: no conceito clássico, forma musical que consiste em três tempos, distintos no andamento e condicionados entre si pela tonalidade.

02 – Em que sentido as palavras destacadas nas frases estão sendo empregadas?

a)   Isto para mim é grego. Não entendo nada.

Língua grega.

b)   Meu vizinho é grego. Nasceu na ilha de Lesbos.

Nascido na Grécia.

c)   Estou sem dinheiro, preciso ir ao banco.

Lugar onde se guarda dinheiro.

d)   O diretor da escola disse que é nos bancos escolares que se constrói o futuro do Brasil.

Lugar onde se senta.

e)   Meu pai trabalha no ramo de calçados.

Área de atividade humana.

f)    Veja que belo ramo carregado de frutas.

Parte de uma árvore.

g)   Sou um Rivas do ramo de Granada.

Parte de uma família.

03 – Em geral, ao fazer uma leitura, não vamos ao dicionário à procura de cada palavra que desconhecemos. Primeiramente tentamos entender seu significado pelo contexto em que ela se encontra. Vejamos como está a sua habilidade de leitor para fazer esse reconhecimento. Procure descobrir os significados das palavras retiradas do texto que você leu, discuta-os com os colegas e depois confirme-os no dicionário.

a)   Fez então uns rabiscos num cavaco de madeira.

No dicionário o aluno vai encontrar dois significados diferentes: lasca de madeira e bate-papo, conversa. A resposta é lasca de madeira.

b)   Seu assombro diante do cavaco mágico foi tamanho...

Espanto, admiração.

04 – Encontre no texto palavras cognatas, ou seja, que pertencem à mesma família destas. Dizemos que isso ocorre quando, como os humanos, elas derivam de um mesmo tronco (exemplo: pedra, pedreira, pedreiro, pedrada).

·        Escrita: escrever.

·        Ferro: ferramenta.

·        Analfabeto: alfabeto.

·        Escravidão: escravo.

·        Comércio: comerciantes.

·        Abertura: abriu.

05 – Apesar da narrativa, o texto desta unidade tem também o propósito de transmitir informações ao público leitor. Que informação ele nos transmite por meio da conversa de Dona Benta com seus netos?

      A informação refere-se à invenção do alfabeto.

06 – De que nacionalidade era Cadmo, o homem que surpreendeu o escravo com seus “rabiscos mágicos”?

      Ele era fenício, isto é, natural da Fenícia.

07 – Que características tinha esse povo ao qual Cadmo pertencia?

      Os fenícios eram um povo de comerciantes estabelecidos nas costas do Mediterrâneo.

08 – A que se deve o nome “alfabeto”?

      O nome alfabeto se deve ao fato de as primeiras letras do alfabeto grego serem Alfa e Beta.

09 – Qual é a grande vantagem do alfabeto em relação a outros tipos de registros anteriormente inventados?

      A grande vantagem é a economia de caracteres, pois com a combinação de algumas letras podemos formar todos os sons que precisamos reproduzir e em diversas línguas. Essas letras não reproduzem exatamente o som que falamos, mas chegam bem perto.

10 – Dona Benta compara o alfabeto com outro tipo de registro. Que comparação é essa?

      O alfabeto é comparado à escrita musical, cuja combinação de sete notas permite escrever todas as músicas.

 

 

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