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domingo, 8 de agosto de 2021

POEMA: LIRA DO AMOR ROMÂNTICO OU A ETERNA REPETIÇÃO - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

 Poema: Lira do amor romântico ou a eterna repetição

  Carlos Drummond de Andrade

Atirei um limão n’água
e fiquei vendo na margem.
Os peixinhos responderam:
Quem tem amor tem coragem.


[...]

 

Atirei um limão n’água
mas perdi a direção.
Os peixes, rindo, notaram:
Quanto dói uma paixão!

Atirei um limão n’água,
ele afundou um barquinho.
Não se espantaram os peixes:
faltava-me o teu carinho.

Atirei um limão n’água,
o rio logo amargou.
Os peixinhos repetiram:
É dor de quem muito amou.

Atirei um limão n’água,
o rio ficou vermelho
e cada peixinho viu
meu coração num espelho.

 

[...]


Atirei um limão n’água,
antes atirasse a vida.
Iria viver com os peixes
a minh’alma dolorida.

 

[...]


Atirei um limão n’água,
caiu certeiro: zás-trás.
Bem me avisou um peixinho:
Fui passado pra trás.

Atirei um limão n’água,
de clara ficou escura.
Até os peixes já sabem:
você não ama: tortura.

Atirei um limão n’água
e caí n’água também,
pois os peixes me avisaram,
que lá estava meu bem.

Atirei um limão n’água,
foi levado na corrente.
Senti que os peixes diziam:
Hás de amar eternamente.

              Carlos Drummond de Andrade. Amar se aprende amando. 24. Ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.

Fonte: Livro – Tecendo Linguagens – Língua Portuguesa – 9º ano – Ensino Fundamental – IBEP 5ª edição – São Paulo, 2018, p. 76-8.

Fonte da imagem -https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.mundodasmensagens.com%2Fmensagens-amor%2F&psig=AOvVaw1Y45ybOn9MXUqhs1DVCrQd&ust=1628537963942000&source=images&cd=vfe&ved=0CAsQjRxqFwoTCIDFuu-WovICFQAAAAAdAAAAABAD

Entendendo o poema:

01 – Nos versos do poema, ocorre a personificação de seres da natureza. Quais são eles?

      Os peixes, pois o eu poético diz que esses animais conversam com ele.

02 – De acordo com o texto, podemos atribuir sabedoria a elementos da natureza? Confirme sua resposta com versos do próprio poema.

      Sim, o eu poético reconhece que os peixes sabem várias coisas sobre o amor que ele sente e sobre as atitudes ou os sentimentos da pessoa amada. Exemplo: “Até os peixes já sabem: / você não ama: tortura.”

03 – Leia apenas o último verso de cada estrofe. O que podemos concluir sobre a condição do eu poético com base nesses versos?

      Em geral, os versos revelam que o eu poético vivia um amor não correspondido.

04 – Releia esta estrofe:

“Atirei um limão n’água,
o rio logo amargou.
Os peixinhos repetiram:
É dor de quem muito amou.”

a)   O que você entende por “o rio logo amargou”?

O rio ficou triste, amargurado.

b)   Nessa estrofe, o verbo amargar foi empregado no sentido de amargurar, entristecer. A amargura e a tristeza são qualidades comuns de atribuirmos ao substantivo rio?

Não. A amargura e a tristeza são faculdades próprias dos seres humanos.

05 – Na estrofe a seguir, nota-se certo exagero nas palavras do eu poético. Escreva o verso em que aparece esse exagero.

“Atirei um limão n’água,
foi levado na corrente.
Senti que os peixes diziam:
Hás de amar eternamente.”

      “Hás de amar eternamente.”

06 – Qual pode ter sido a intenção do poeta ao usar essa hipérbole?

      Expor todo o amor do eu poético, mostrar de forma intensa quanto ele se dedica ao seu amor.

07 – Observe esta estrofe:

“Atirei um limão n’água,
caiu certeiro: zás-trás.
Bem me avisou um peixinho:
Fui passado pra trás.”

a)   Para você, o que lembra a expressão “zás-trás”?

Resposta pessoal do aluno.

b)   Com que objetivo o poeta pode ter usado essa expressão na estrofe?

Resposta pessoal do aluno.

c)   Podemos afirmar que a expressão “zás-trás” é uma onomatopeia? Por quê?

Sim, porque é uma expressão que imita o som do deslocamento de ar quando ocorre uma ação rápida.

 

 



 

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