Política de Privacidade

sexta-feira, 14 de maio de 2021

SONETO - GREGÓRIO DE MATOS - COM GABARITO

 SONETO – (Descreve o que era naquele tempo a cidade da Bahia)


   Gregório de Matos

A cada canto um grande conselheiro,

Que nos quer governar cabana e vinha;

Não sabem governar sua cozinha,

E podem governar o mundo inteiro.

 

Em cada porta um frequente olheiro,

Que a vida do vizinho e da vizinha

Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha,

Para a levar à praça e ao terreiro.

 

Muitos mulatos desavergonhados,

Trazidos sob os pés os homens nobres1,

Posta nas palmas toda a picardia,

 

Estupendas usuras nos mercados,

Todos os que não furtam muito pobres:

E eis aqui a cidade da Bahia.

 

WISNIK, José Miguel (Org.). Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Cultrix, 1989. p. 41.

1. Na visão de Gregório de Matos, os mulatos em ascensão subjugam com esperteza os verdadeiros "homens nobres" [nota de José Miguel Wisnik].

Fonte: Livro: Língua Portuguesa: linguagem e interação/ Faraco, Moura, Maruxo Jr. – 3.ed. São Paulo: Ática, 2016. p.150-1. 

Glossário:

cabana e vinha: significa casa e trabalho; desfeita.

picardia: pirraça; desfeita.

usura: desejo exacerbado de poder e riqueza; cobiça.

FONTE: Mauricio Pierro/Arquivo da editora

Entendendo o texto

1.Há uma ironia na primeira estrofe. Que ironia é essa?

A ironia repousa no fato de o eu lírico falar na grande quantidade de conselheiros, querendo dizer que não se tratava de conselheiros, mas de fofoqueiros.

2.O que você consegue entender do segundo verso da última estrofe?

O eu lírico afirma que só quem furta consegue sair da condição de muito pobre.

3. Qual é a caracterização da Bahia feita pelo poeta Gregório de Matos?

A descrição feita por Gregório de Matos é satírica, tem o objetivo de criticar a cidade da Bahia, e seu enunciador se coloca como um conhecedor das pessoas e dos costumes do local.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário