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sábado, 3 de outubro de 2020

REPORTAGEM: O BRASIL DE CENTRAL DO BRASIL - FÁBIO ALTMAN - COM GABARITO

 Reportagem: O Brasil de Central do Brasil

                     As histórias e os personagens reais que estão por trás do filme mais premiado da história do cinema nacional

Fábio Altman

        “Menina, ganhamos mais uma!” O telefone tocou na casa da comerciante Socorro Nobre, em Itabuna, na Bahia, em todas as 28 vezes em que Central do Brasil levou o prêmio. Do outro lado da linha estava o diretor, Walter Salles. Na semana passada a ligação veio de Los Angeles para o celular de Socorro, alcançada em Tiradentes (MG) – Central ganhar outra láurea: o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. No próximo dia 9, tudo indica que ele será uma das cinco produções selecionadas para o Oscar. Socorro Nobre é o primeiro rosto a aparecer em Central do Brasil. Ela dita uma carta para a escrevedora Dora (Fernanda Montenegro). "Foi uma homenagem a Socorro", diz Walter Salles. Dora é a própria Socorro. Em 1986, ela foi acusada e condenada como cúmplice no assassinato do próprio irmão, morto a tiros por um amante dela. Socorro passou sete de seus 46 anos na cadeia, em Ilhéus, Itabuna e Salvador. Ali ela ajudava as detentas analfabetas a escrever cartas. Em 1993, leu uma reportagem numa revista sobre o escultor polonês radicado no Brasil Frans Krajcberg. Enviou a ele uma carta. Trocaram intensa correspondência. Uma dessas missivas caiu nas mãos de Walter Salles. O diretor decidiu transformar a história num documentário – Socorro Nobre, de 1995.

        Era o relato de como algumas linhas de uma escrevedora podem mudar uma vida. Foi a gênese de Central do Brasil. "Minha carta criou asas. Uma simples carta teve o valor de um bilhete premiado na Mega-Sena. Fico até assustada em perceber tudo o que essa carta fez. Ela abriu minhas portas, salvou minha vida - o Walter diz que mudou a vida dele também." A trajetória de Socorro Nobre, hoje em liberdade condicional, e a de Dora de Fernanda Montenegro lembram um trecho de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa: "Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas vão sempre mudando".

                                    ALTMAN, Fábio. O Brasil de Central do Brasil, Época, Globo, São Paulo, ano 1, p. 76-8, 1° fev. 1999. Cultura.

       Fonte: Língua Portuguesa. Linguagens no Século XXI. 5ª série. Heloísa Harue Takazaki. Ed. IBEP. 1ª edição, 2002. p. 42, 43 e 45.

Entendendo a reportagem:

01 – Esse texto é parte da reportagem. Verifique em que veículo foi publicado. Você conhece essa publicação?

      Resposta pessoal do aluno.

02 – O texto fala sobre filme inspirado em história real.

a)   Cite o nome do filme a que esse trecho se refere.

“Central do Brasil”.

b)   Quando o texto foi escrito, o filme já tinha sido lançado? Explique.

Sim.

c)   Quem é o diretor do filme?

Walter Salles.

d)   Quem é a pessoal real que inspira esse filme? Cite o nome, a profissão, o estado e a cidade do Brasil onde mora?

Socorro Nobre – ex-presidiária – Itabuna. BA.

e)   Como essa história real chegou ao conhecimento do diretor de cinema?

Walter Salles conheceu a história de Socorro através de uma carta escrita ao escultor polonês Frans Krajeberg.

03 – Como e por que Socorro começou a escrever cartas?

      Na prisão. Socorro escrevia para as colegas analfabetas. Mais tarde, começou a se corresponder com um escultor sobre o qual leu numa revista.

04 – Quanto ao filme Central do Brasil, por que se pode afirmar que a trajetória das duas (Socorro e Dora) é semelhante?

      As duas passaram por grandes transformações interiores: Socorro, segundo ela mesma, diz que a carta encontrada por Walter salvou a vida dela. Dora, também, ao longo do filme, vai aos poucos se transformando à medida que sua relação com o menino órfão se estreita.

05 – Atente para o lugar de onde saiu a carta de Socorro, e qual a função que ela teve?

      Socorro estava num presídio. E a função foi comunicar-se com o mundo.

 

       

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