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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

CRÔNICA: VENDO COM OS OUVIDOS - JOSÉ ROBERTO TORERO - COM GABARITO

 

CRÔNICA: Vendo com os ouvidos



Sucesso que os rádios de todos os tipos fazem em Arapiraca tem motivos variados, inclusive o "vistal"


JOSÉ ROBERTO TORERO


VIAJADO LEITOR , rodada leitora, depois de andar 2.753 km pelas esburacadas estradas brasileiras, finalmente cheguei a Arapiraca para ver uma das partidas de abertura da Série C do Brasileiro. O jogo era ASA (Associação Sportiva Arapiraquense, para os íntimos) x Petrolina.


Eu poderia falar dos bons acarajés vendidos no estádio, da lama do gramado, do quase milagroso goleiro Genílson, do Petrolina, que defendeu até pênalti, do resultado de 1 a 0 para o time local, dos salários dos jogadores (entre R$ 1.500 e R$ 2.000, não tão ruins quanto eu esperava) ou dos torcedores-ciclistas que assistem ao jogo sobre suas bicicletas. Mas o que mais me impressionou foram os rádios. Muitos torcedores assistiram ao jogo com seus aparelhos grudados ao ouvido. Muitos mesmo. É uma mania local. Mania que já foi comum no Sul e no Sudeste, mas que hoje é exceção na parte de baixo do país.
Vi rádios de todos os tipos pelo estádio Coaracy da Mata Fonseca: pretos, prateados e coloridos, modernos e antigos, pequenos como um celular e grandes como um notebook. Alguns torcedores os escutavam bem colados ao ouvido, outros preferiam deixá-lo um tanto longe e com o volume no máximo. Mas os do lado não se incomodavam. Pegavam carona.
Os motivos para o sucesso do rádio em Arapiraca são variados. A resposta mais comum foi que, como os times mudam muito de jogador hoje em dia, só assim se pode saber o nome de quem está com a bola.
Mas houve outras, várias outras. Antonio Feliciano Sobrinho, 71, tem uma razão vital. Ou melhor, vistal. "É que os meus olhos andam meio ruins, só assim que eu sintonizo quem é quem."
Antonio Barbosa, que gastou R$ 45 num vistoso Motobras, diz que o rádio é bom porque assim ele fica sabendo o que está acontecendo nos outros jogos da rodada.
Cícero da Silva, 44, que está em seu oitavo rádio, escuta-o num tom altíssimo e grita para conversar com os que estão à sua volta. Sua explicação é que o rádio deixa o jogo mais animado, com mais emoção.
Valdir Francisco, 43, já é caso de "audiente fanaticus". É apaixonado por AM desde seu primeiro Motoradio. E mesmo agora, com um moderno aparelho, continua ouvindo rádio das 20h às 24h, todos os dias.
José Cavalcanti, 43, teoriza e diz que há dois tipos de torcedores: o que assiste aos jogos e o que acompanha futebol. Ele se considera do segundo grupo e por isso acha o rádio fundamental. Só assim ele pode acompanhar o entorno do futebol, as opiniões, quem está entrando na partida, quem está saindo, e por quê.
Em seu pequenino Livstar, Cavalcanti também gosta de ouvir entrevistas. "É para ver se os técnicos e os jogadores têm um bom retrato da partida." Porém, curiosamente, na hora daquele longo gooooool dos locutores brasileiros, ele não escuta seu aparelho. "Aí a gente está comemorando, até tira ele do ouvido."
Mas a resposta mais eloquente talvez tenha sido a de um senhor de uns 60 anos que nem quis escutar minha pergunta. Com o radinho colado ao ouvido, ele me disse: "Você me desculpe, mas agora não posso falar, viu? Tenho que escutar o que eu estou vendo".

São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008 Folha de S.Paulo Esportetorero@uol.com.br

ESTUDO DO TEXTO

1)   O texto inicia relatando uma viagem.    

      a)   Por que o autor do texto foi para Arapiraca?

     Para assistir a uma partida de futebol.

 b)   Essa cidade era distante de onde ele estava? Como o leitor fica sabendo disso?

     Sim. O autor utiliza o advérbio “finalmente” para dizer que andou 2753 Km.

 c)   Como o autor qualifica as estradas?

          O que ele deixa transparecer nesse modo de qualificar?  

             Qualifica como esburacadas. Ele faz uma crítica ao mau estado de conservação das estradas brasileiras.   

      2)   O jogo ocorreu no Estádio Coaracy da Mata Fonseca, na cidade de Arapiraca, e fazia parte do Campeonato Brasileiro da Série C.

a)   Que times estavam competindo? Você já ouviu falar deles?

ASA (Associação Sportiva Arapiraquense) x Petrolina.

Resposta pessoal.

 b)   Esses times estão entre os principais da cidade? Com base no texto, é possível afirmar que esses times têm torcida?

Sim, o narrador afirma que havia muitos torcedores no estádio.   

3)   Releia este trecho do segundo parágrafo.

“Eu poderia falar dos bons acarajés vendidos no estádio, da lama do gramado, do quase milagroso goleiro Genilson, do Petrolina, que defendeu até pênalti, do resultado de 1 a 0 para o time local, dos salários dos jogadores (entre R$1.500 e R$2.000, não tão ruins quanto eu esperava) ou dos torcedores ciclistas que assistem ao jogo sobre suas bicicletas.[...]

           a)   O que o autor considera curioso em relação ao uso da bicicleta pelos torcedores?

O fato de assistirem a partida em cima de suas bicicletas.

b)   Que outros detalhes são enumerados no trecho?

A venda de acarajé no estádio, a lama do gramado, a situação do goleiro do time do Petrolina, o resultado do jogo e o salário dos jogadores.    

4)   Qual o assunto principal do texto?

                O hábito de ir ao estádio com um rádio de pilha.

 5)   Conforme o autor, “os motivos para o sucesso do rádio em Arapiraca são variados”.

a)   Um dos espectadores adverte que há dois tipos de torcedores: “o que assiste aos jogos e o que acompanha futebol”. Qual é a diferença entre esses tipos?

O primeiro apenas se interessa pelas partidas em si, pelo que acontece dentro de campo, enquanto o segundo se interessa pelos bastidores, pelas notícias sobre o esporte, pela opinião dos técnicos, etc.

b)   Para outro torcedor, o rádio torna a partida mais animada e emocionante. Em sua opinião, por que isso ocorre?

Resposta pessoal.

c)   O que motivos tão diferentes revelam sobre o uso do rádio no estádio?

Revelam que o rádio tinha funções importantes, era essencial para aqueles torcedores, que o utilizavam por diferentes motivos.

d)    Qual seria a importância do rádio para os torcedores que não estão no estádio?

Ele permite acompanhar a narração do jogo e os comentários dos jornalistas e repórteres que estão no estádio.

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