Crônica: Uma surpresa para Daphne
Luís Fernando Veríssimo
Daphne mal podia acreditar nos seus
ouvidos. Ou no seu ouvido esquerdo, pois era neste que chegava a voz de Peter
Vest-Pocket, através do fone.
-- Daphne, você está ai? Sou eu, Peter.
Quando finalmente conseguiu se refazer
da surpresa, a pequena e vivaz Daphne – era assim que a legenda de sua foto
como debutante no Tattler a descrevera, anos atrás – esforçou-se para controlar
a sua voz.
-- Você quer dizer o sujo, tratante,
traidor, nojento desprovido de qualquer decência ou caráter, estupido e
desprezível Peter Vest-Pocket?
-- Esse mesmo. É bom saber que você ainda
me ama.
-- Seu, seu...
-- Tente porco.
-- Porco!
-- Foi por isso que deixei você,
Daphne. Você sempre faz o que eu mando. Era como viver com um perdigueiro.
Agora acalme-se.
-- Porco imundo!
-- Está bem. Agora acalme-se. Pergunte
por que é que estou telefonando para você depois de dois anos.
-- Não me interessa. E foram dois anos,
duas semanas e três dias.
-- Eu preciso de você, Daphne.
-- Peter...
-- Preciso mesmo. Eu sei que fui um
calhorda, mas não sou orgulhoso. Peço perdão.
-- Oh! Peter. Não brinque comigo...
-- Daphne você se lembra daquela semana
em Teormina?
-- Se me lembro.
-- Do jasmineiro no pátio do hotel? Das
azeitonas com vinho branco à tardinha no café da praça?
-- Peter, eu estou começando a chorar.
--
E daquela vez em que fomos nadar nus, ao luar, e veio um guarda muito sério
pedir nossos documentos, e depois os três começamos a rir e o guarda acabou
tirando a roupa também?
-- Não. Isso eu não me lembro.
-- Bom deve ter sido em outra ocasião.
E a pensão em Rapallo, Daphne.
-- A pensão! O velho do acordeão que só
tocava Torna a Sorriento e Tea for two.
-- E a festa de aniversário que nós
entramos por engano e eu acabei fazendo a imitação do Maurice Chevalier com
laringite.
-- Ah, Peter...
-- Lembra o pimentão recheado da Signora Lumbago,
na pensão?
-- Posso sentir o gosto agora.
-- Qual era mesmo o ingrediente secreto
que ela usava, e que só nos revelou depois que nós ameaçamos contar para o
marido do caso dela com o garçom?
-- Era... Deixa ver. Era manjericão.
-- Você tem certeza?
-- Tenho. Ah, Peter... Não consigo
ficar braba com você.
-- Ótimo, Daphne. Precisamos nos ver.
Tchau.
-- Tchau? TCHAU?! Você disse que
precisa de mim, Peter!
-- Precisava. Eu estou fazendo aquele
pimentão recheado para uma amiga e não me lembrava do ingrediente secreto. Você
me ajudou muito, Daphne, e...
-- Seu animal! Seu jumento insensível!
Seu filho...
-- Daphne, eu já pedi desculpas. Você quer que eu me humilhe?
Luís Fernando Veríssimo
Entendendo a crônica:
01 – Por que Daphne ficou
surpresa com a ligação do Peter? Qual foi a sua reação?
Porque fazia dois anos, duas semanas e três dias que não se
falavam. Sua reação foi xingá-lo bastante, a princípio.
02 – De qual forma Daphne se
lembrou de Peter? Cite algumas características.
Lembrou desta
forma: o sujo, o tratante, traidor, nojento desprovido de qualquer decência ou
caráter, estúpido e desprezível.
03 – Que estratégia Peter
usou para conseguir o que queria da Daphne?
Assumiu que foi um calhorda e pede perdão a
ela.
04 – Que fato gera o humor
da crônica?
O ato dele conseguir com que a Daphne o
perdoasse, usando a estratégia de relembrar os bons momentos vividos por eles,
até ela ajuda-lo a lembrar o ingrediente secreto que vai no pimentão recheado,
“manjericão”.
05 – Marque verdadeiro
ou falso as frases abaixo:
(F) A prosa poética é um texto de
caráter objetivo, linguagem padrão.
(V) A poesia é uma forma de expressão
presente nos poemas e músicas.
(F) A personificação é uma figura de
linguagem que destaca o exagero.
(V) A crônica humorística retrata
situações engraçadas do cotidiano e são veiculadas em jornais e revistas.
(F) As rimas preciosas são rimas que
possuem a mesma classe gramatical.
(V) A poesia é um gênero textual
presente em outros gêneros.
06 – Qual é o tema central
da crônica?
O tema central se
encontra no uso que Peter (o moço) faz do amor de Daphne.
07 – Mesmo sabendo da falta
de caráter de Peter e ter vivido o modo como ele a tratava, ela acreditou na
palavra dele. Copie um trecho do texto que comprove.
“Ah, Peter... Não
consigo ficar brava com você.
-- Ótimo, Daphne. Precisamos nos ver.
Tchau.”
08 – Ao ler a crônica nos
vem uma imensa sensação de surpresa, visto que, o final se contradiz totalmente
com o que realmente o leitor esperava. Por quê?
Pelo fato de que,
Peter não ligara para Daphne com o intuito de vê-la e reviver o seu amor
novamente e sim, por querer lembrar o nome de um ingrediente, pois estava
fazendo uma receita para receber uma amiga para jantar.
ta mas... se ela gosta do pimentao pq nao usou o raikiri? tipo na maioria das historias desse tipo o raikiri é apresentado nas respostas, nao sei com tu nao sabes de um fato desses mas nem julgo pq o raikiri é um verbo mais especifico e reto e dificilmete leitores acidos sabem, oque deveria ser uma barbaridade, sem contar o rinnegan, o mais conhecido verbo translaticidade sharingan. para mim uma professora nao conhecer esses verbos e sti-verbos é meio preocupante sabe, o rinnegan o raikiri e o sti- sharingan a e nao posso me esquecer do byacugan e da pre-verbo do byacugan a byacusharinga, é serio me desculpe, mas voce é blogueira como nao sabes disso, nenhum desse 4 foram citados em nenhum momento, isso é preocupante, a comunidade cronica e blogger precisa disso, procure se especializar mais sobre os 4 porfavor a professora e transolocutora a prof hentai ou a prof kaguya podem te ajudar, pesquise mais porfavor, obrigada.
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