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quarta-feira, 15 de julho de 2020

ARTIGO DE OPINIÃO : ONDE ESTÃO OS ETs? - MARCELO GLEISER - COM GABARITO

Artigo: Onde estão os ETs?

           Marcelo Gleiser

   São mais de 100 bilhões de estrelas apenas na nossa galáxia, a Via Láctea. Inúmeras observações recentes provaram que a existência de planetas não é um privilégio do nosso sistema solar, mas uma consequência corriqueira do processo de formação de estrelas.

   Na Terra, que tem em torno de 4,6 bilhões de anos, a vida surgiu bem cedo: amostras de rochas australianas contêm bactérias fossilizadas com 3,5 bilhões de anos. E, para chegar a essas bactérias, a evolução de seres vivos já devia ter começado bem antes, talvez 4 bilhões de anos atrás. Ou seja, a vida teve início por aqui tão logo as condições ambientais – temperatura, quantidade de água, nitrogênio e oxigênio – o permitiram. É difícil imaginar que o mesmo não tenha se repetido pela galáxia afora, em talvez milhões de planetas. A vida extraterrestre é, a meu ver, praticamente certa.

        E a vida inteligente? Aí já são outros quinhentos. Vários cientistas levam a possibilidade da existência de civilizações extraterrestres ultra-avançadas muito a sério. Programas como o Seti (do inglês, “Busca por Inteligência Extraterrestre”) vêm vasculhando os céus em busca de sinais de rádio gerados por outros seres inteligentes. A ideia é que outras civilizações também tenham desenvolvido tecnologias para transmitir e receber ondas de rádio, que poderiam ser captadas por antenas daqui. Dadas as absurdas distâncias interestelares, “ouvir” vida extraterrestre é uma solução muito mais em conta do que embarcar em explorações ao vivo de outros sistemas solares.

        Mesmo supondo que essas civilizações existam, estabelecer um diálogo seria muito frustrante. Imagine uma civilização em um planeta orbitando uma estrela em nossa vizinhança cósmica, a, digamos, 50 anos-luz daqui. (A Via Láctea tem um diâmetro aproximado de 100 mil anos-luz; um raio de luz – ou uma onda de rádio – demora 100 mil anos para atravessá-la, viajando a uma velocidade de 300 mil quilômetros por segundo). Se, um dia, recebermos uma transmissão de lá, ela saiu há 50 anos. Se nós a respondermos, sempre uma questão a ser considerada com muito cuidado, eles só a receberão em 50 anos. Não vai dar para muita conversa, pelo menos em uma geração.

        Até o momento, não ouvimos nada, Defensores do programa Seti argumentam que a galáxia é muito grande, que civilizações precisam de transmissores potentes para que seus sinais cheguem até nós ou que, talvez, essas civilizações não estejam interessadas em conversar conosco. Como dizia Carl Sagan, “a ausência de evidência não significa evidência de ausência”. Talvez. Muito possivelmente, a resposta está na raridade que é o desenvolvimento de inteligência dentro do processo evolucionário. Um cálculo simples mostra que, se inteligência fosse uma consequência automática da vida, nossa galáxia deveria ter milhões de civilizações, a maioria bem mais antiga e desenvolvida do que a nossa. Essas civilizações teriam tecnologias de exploração espacial que nós nem podemos ainda conceber, e a galáxia inteira já estaria colonizada por elas. A menos que nós mesmos sejamos uma criação dessas civilizações, uma possibilidade bastante absurda, não encontramos evidência da sua presença na Terra ou em outros planetas. Onde estão esses visitantes quase divinos de outros mundos?

        Se a vida não é tão rara, a inteligência, ao menos aqui na Terra, surgiu por acaso, consequência de uma série de eventos completamente aleatórios.

        É importante lembrar que os dinossauros reinaram sobre a Terra durante 150 milhões de anos. Nada indicava que essa situação fosse se alterar. Uma colisão com um asteroide ou cometa, há 65 milhões de anos, mudou o balanço da vida no planeta, criando condições para que os até então insignificantes mamíferos pudessem evoluir, enquanto os dinossauros foram extintos.

        Podemos mesmo dizer que, se a história da vida, ao menos a que podemos imaginar, é um experimento evolucionário que depende delicadamente de condições muito particulares, a história da vida inteligente depende de uma combinação de fatores que a torna extremamente rara. Quem sabe não seremos nós a civilização que irá colonizar a galáxia?

Folha de S. Paulo, Caderno Mais! São Paulo, 23 julho 2000, p. 29.

              Fonte: Português – Uma proposta para o letramento – Ensino fundamental – 8ª série – Magda Soares – Ed. Moderna, 2002 – p. 09/12.

 

Entendendo o artigo:

01 – O autor discute, no artigo, a possiblidade de existência:

·        De vida fora da Terra.

·        De vida inteligente fora da Terra. 

O que diferencia um ser que tem vida inteligente de um ser que tem apenas vida?

      Um ser que tem vida inteligente não só tem atividades e funções orgânicas, que caracterizam a vida, mas tem, além disso, capacidade de pensar, compreender, resolver problemas, atuar sobre o ambiente.

02 – O autor afirma: “Na Terra, a vida surgiu bem cedo”.

a)   Que fato revela que a vida surgiu na Terra há bilhões de anos?

A descoberta de bactérias fossilizadas com 3,5 bilhões de anos.

b)   Segundo o autor, a vida surgiu bem cedo, na Terra. Faça o cálculo, com base nos dados fornecidos pelo autor: A Terra tem em torno de 4,6 bilhões de anos; a evolução de seres vivos deve ter começado há 4 bilhões de anos.

·        Quantos anos depois da formação do planeta Terra começou a existir vida nele?

600 milhões de anos (4,6 bilhões menos 4 bilhões).

·        Explique por que o autor considera que esse número de anos indica que a vida surgiu bem cedo na Terra.

600 milhões de anos é pouco, em relação à idade da Terra, 4,6 bilhões de anos; portanto, a vida surgiu logo no início da existência da Terra.

03 – O autor diz que, em sua opinião, a vida extraterrestre é praticamente certa.

a)   A que seres vivos ele se refere, com a expressão vida extraterrestre?

A micro-organismos, micróbios, bactérias.

b)   Em que ele se baseia para afirmar que a vida extraterrestre é praticamente certa?

Se na Terra surgiram condições para o aparecimento da vida, o mesmo deve ter ocorrido em outros planetas.

04 – Segundo o autor “... ‘ouvir’ vida extraterrestre é uma solução muito mais em conta do que embarcar em explorações ao vivo de outros sistemas solares”.

a)   O que quer dizer “ouvir” vida extraterrestre?

Receber comunicação de seres extraterrestres através de som, transmitido por ondas de rádio.

b)   O que quer dizer embarcar em explorações ao vivo?

Enviar sondas, foguetes para explorar outros sistemas solares.

c)   Por que “ouvir” fica mais em conta que explorar ao vivo?

Como as distâncias entre os astros são enormes, fica muito dispendioso o envio de sondas ou foguetes para a exploração ao vivo.

05 – Por que um diálogo com extraterrestre por meio de sinais de rádio seria frustrante?

      Porque haveria um período de tempo muito longo entre a emissão e a recepção de cada mensagem.

06 – O autor constata: “Até o momento não ouvimos nada”.

a)   Que explicações os defensores do programa Seti apresentam, para justificar por que até hoje não nos chegou nenhum sinal de uma civilização extraterrestre?

A galáxia é muito grande; civilizações extraterrestres podem não ter transmissores suficientemente potentes para que suas mensagens cheguem até nós; essas civilizações podem não ter interesse em fazer contato conosco.

b)   Para o autor, qual é a provável explicação para não nos ter chegado nenhum sinal até hoje?

Não deve haver vida inteligente em outros planetas; se houvesse, seriam civilizações mais desenvolvidas que a nossa (porque em planeta mais antigos, em que a vida inteligente teria surgido mais cedo e, portanto, já estariam mais avançadas), com tecnologias de exploração espacial que já teriam possibilitado sua comunicação com a Terra.

07 – O autor cita uma frase de Carl Sagan: “A ausência de evidência não significa evidência de ausência”. Explique a aplicação dessa frase à dúvida sobre a existência, ou não, de civilizações extraterrestres:

a)   A ausência de evidência é ausência de quê?

Ausência de fatos que comprovem a existência de extraterrestres.

b)   A evidência de ausência seria evidência de quê?

Evidência de que não há civilizações extraterrestres.

08 – Em que argumento se baseia o autor para afirmar que inteligência não é consequência automática da vida?

      Se inteligência fosse consequência automática da vida, já teríamos recebido comunicação de civilizações extraterrestres, porque haveria muitas outras civilizações na nossa galáxia, em planetas em que a vida já teria evoluído para vida inteligente.

09 – Do texto, infere-se que a possibilidade de evolução dos mamíferos é que fez surgir vida inteligente na Terra.

a)   O que impediu durante milhões de anos essa evolução?

A presença dominante dos dinossauros.

b)   O autor cita o “evento aleatório” que possibilitou essa evolução. Qual foi?

Uma colisão entre a Terra e um asteroide ou cometa, que teve como consequência a extinção dos dinossauros.

10 – O autor afirma que a vida não é tão rara, mas que a vida inteligente é extremamente rara. O que faz com que a vida inteligente seja extremamente rara?

      A vida inteligente depende de uma combinação de fatores que ocorrem raramente.

11 – Após a interpretação do texto, conclua:

·        Para o autor, há ou não há vida fora da Terra?

Há vida fora da Terra.

·        Para o autor, há ou não há vida inteligente fora da Terra?

Não há evidências de que haja vida inteligente fora da Terra.


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