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segunda-feira, 6 de abril de 2020

TEXTO: A FOME ESPREITA CADA VEZ MAIS PERTO - NELSON FRANCO JOBIM - COM GABARITO

Texto: A fome espreita cada vez mais perto
          
 Banco Mundial faz alerta alarmante a líderes reunidos em conferência da FAO
                                                      Nelson Franco Jobim

      LONDRES – O mundo atravessa uma crise na produção de alimentos e a humanidade corre o risco de enfrentar o “pesadelo inimaginável” de uma fome universal se não forem tomadas medidas urgentes, adverte um relatório do Banco Mundial a ser divulgado na conferência de cúpula mundial sobre alimentos, promovida pela Organização de Agricultura e Alimentos da Nações Unidas (FAO), que começa hoje em Roma.
        Ao fazer a previsão bombástica, os cientistas da maior agência de desenvolvimento do planeta admitem que o Banco Mundial agiu com “complacência” ao não dar mais ajuda à agricultura no passado recente. A ajuda ao desenvolvimento rural e à produção agrícola caiu em menos de uma década de US$ 6 bilhões para US$ 2,6 bilhões anuais. O relatório, revelado pelo jornal inglês The Independent on Sunday, marca uma mudança de posição do banco.
        A declaração final e o plano de ação já estão aprovados. São muito mais modestos que os sonhos de 1974, quando governos do mundo inteiro anunciaram em Roma que “dentro de uma década nenhuma criança irá dormir com fome, nenhuma família terá medo de não ter pão amanhã e o futuro e a capacidade de nenhum ser humano serão afetados pela desnutrição". A declaração deste ano admite que mais de 800 milhões de pessoas vão para a cama com fome todas as noites. Em 82 países, metade deles na África negra, a produção agrícola não basta para alimentar. O documento deve ser limitar a pedir aos países que “mantenham os esforços tendo em vista uma redução (do problema da fome) à metade nas próximas duas décadas”.
        Mais incisivo, o relatório do Banco Mundial alerta que será preciso dobrar a produção mundial de alimentos nos próximos 30 anos para atender ao aumento da demanda provocado pelo crescimento populacional e o desenvolvimento econômico, especialmente do Leste e do Sudeste da Ásia, onde vive quase um terço da humanidade. “É um desafio gigantesco”, diz o relatório. Até agora, o Banco Mundial afirmava que o planeta tinha capacidade de produzir alimentos além do consumo. Mas a colheita de grãos em 1995 ficou 225 milhões de toneladas abaixo da previsão do Banco Mundial. Foi o terceiro ano seguido com sucesso superior à produção. Os estoques caíram a níveis baixíssimos. A famosa montanha de alimentos da União Europeia – que subsidia pesadamente a agricultura, com metade do seu orçamento – foi reduzida a um morrinho.
        A longo prazo, o Banco Mundial tem ainda mais receios. A disponibilidade de água e terra é cada vez menor. Para produzir um quilo de trigo gastam-se mil litros de água. Para cada quilo de carne, o gado come sete quilos de grãos e os porcos quatro. Os lençóis subterrâneos no Meio-Oeste dos Estados Unidos, na China e na Índia estão secando. “De modo geral, as fontes baratas, limpas e renováveis de água já estão sendo exploradas”, observa o relatório. Pelo menos 20 países não têm água suficiente para sua população. Há uma grande preocupação de que a escassez de água provoque guerras no Oriente Médio, uma região predominantemente árida cuja população deve dobrar nos próximos 20 anos.
        Uma das mudanças de orientação do banco deve ser aumentar o financiamento de pequenos agricultores em países em desenvolvimento. Segundo pesquisas do Banco Mundial, pequenos agricultores são mais eficientes que grandes.
·        As regiões mais afetadas pela falta de alimento são a África subsaariana (principalmente a região dos Grandes Lagos, o Sudão e a Libéria), o Afeganistão, a Mongólia, o Laos, a Coréia do Norte, o Iraque e o Lêmen. Na América Latina, os países mais atingidos são o Peru, o Haiti e a Bolívia.
·        Um dos principais empecilhos ao aumento da produção alimentar é a falta de água para a agricultura. Pelo menos 20 países, com população de 230 milhões de pessoas, têm déficit de água. A situação é pior no Norte da África e no Oriente Médio. A água é farta na América Latina e no Sul da Ásia.
·        Os objetivos da FAO esbarram também na tendência mundial para a concentração de renda: desde 1961, a renda dos 20% mais ricos aumentou 61 vezes em relação aos 20% mais pobres.
·        A cada minuto, 47 pessoas cruzam a linha da pobreza, formada pelas pessoas que recebem menos de US$ 370 por ano. São 70 mil novos pobres por dia.
·        Hoje, 60% da população mundial vive com dois dólares por dia e 1,3 bilhão de pessoas, ou um quinto da população do planeta, sobrevivem com menos de 1 dólar por dia.
·        13 milhões de crianças morrem anualmente antes de completar 5 anos, por doenças ligadas à desnutrição.
                        Nelson Franco Jobim, in Jornal do Brasil, 13 nov. 1996.
                                    Fonte: Livro – Oficina de Redação – Leila Lauar Sarmento, 7ª Série. Editora Moderna, 1ª edição,1998. p. 134-7.
Entendendo o texto:

01 – Por que a fome vem se tornando um dos mais graves problemas no mundo?
      Devido à queda da produção agrícola e ao aumento das populações que passaram a consumir mais alimento.

02 – O que causou a crise na produção de alimentos, segundo o texto?
      O Banco Mundial retirou a sua ajuda à agricultura, e isso prejudicou o desenvolvimento da produção de alimentos.

03 – Que consequências mais imediatas a ameaça da fome traz para a humanidade?
      Com a desnutrição, muitas crianças são prejudicadas em seu desenvolvimento, o que contribui também para a diminuição da capacidade e da inteligência. Torna-se mais fácil contrair doenças e isso reduz o tempo de vida do homem.

04 – Diante do que se anunciou em 1974, podemos dizer que nós, brasileiros, estamos bem distantes desse sonho? Por quê?
      Sim. Apesar de algumas campanhas contra a fome, ela cresce, principalmente nas regiões mais pobres, como o Norte e o Nordeste.

05 – No texto, há um apelo aos países (terceiro parágrafo) visando à redução da fome no futuro. A seu ver, que medidas devem ser tomadas, para se evitar uma fome universal?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Ajuda aos países mais pobres e aos pequenos agricultores, melhor distribuição de renda, mais empregos e assistência aos desempregados.

06 – Segundo o texto, que fatos vêm exigindo uma maior produção de alimentos?
      O aumento demográfico e o desenvolvimento econômico, que proporciona o aumento do poder aquisitivo de várias pessoas, que passam a consumir mais.

07 – O que aconteceu com a “montanha de alimentos” da União Europeia? Por quê?
      Reduziu consideravelmente, devido à baixa produção e ao alto consumo dos produtos agrícolas.

08 – Por que é preocupante a utilização da água no planeta?
      Porque a disponibilidade de água é cada vez menor; os lençóis subterrâneos estão desaparecendo.

09 – Qual é a importância da água na produção de alimentos?
      Além da irrigação necessária às plantações, o gado precisa ser bem alimentado com grãos de trigo cujo cultivo consome muita água.

10 – Em que regiões do planeta o problema da fome é mais grave? Por quê?
      No Norte da África e no Oriente Médio em virtude principalmente da carência de água para a agricultura. Na América Latina, os países onde a fome ocorre com índices mais alarmantes são Peru, Haiti e Bolívia.

11 – Por que a concentração de renda agrava a fome?
      Há um aumento de consumo por parte das pessoas mais favorecidas, tirando do outro o alimento necessário à sua sobrevivência.

12 – Como se pode perceber, pelo texto, o grau de pobreza no mundo? O que você pensa sobre isso?
      Maior número de crianças morrem devido a doenças como a desnutrição; grande número de pessoas que ganham pouco ou estão desempregadas alimentam-se mal e vivem menos tempo.

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