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sábado, 22 de junho de 2019

POEMA: PROCURAR O QUÊ - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: PROCURAR O QUÊ      

    Carlos Drummond de Andrade

        O que a gente procura muito e sempre não é isto nem aquilo.
        É outra coisa.
        Se me perguntam que coisa é essa, não respondo,
        Porque não é da conta de ninguém o que estou procurando.
        Mesmo que quisesse responder, eu não podia. Não sei o que procuro.
        Deve ser por isso mesmo que procuro.
        Me chamam de bobo porque vivo olhando aqui e ali, nos ninhos, nos caramujos, nas panelas, nas folhas de bananeira, nas gretas do muro, nos espaços vazios.
        Até agora não encontrei nada. Ou, encontrei coisas que não eram a coisa procurada sem saber, e desejada.
        Meu irmão diz que não tenho mesmo jeito, porque não sinto o prazer dos outros na água do açude, na comida, na manja, e procuro inventar um prazer que ninguém sentiu ainda. 
        Ele tem experiência de mato e de cidade, sabe explorar os mundos, as horas. Eu tropeço no possível, e não desisto de fazer a descoberta do que tem dentro da casca do impossível.
        Um dia descubro. Vai ser fácil, existente, de pegar na mão e sentir. Não sei o que é. Não imagino forma, cor, tamanho. Nesse dia vou rir de todos. 
        Ou não. A coisa que me espera, não poderei mostrar a ninguém. Há de ser invisível para todo mundo, menos para mim, que de tanto procurar fiquei com merecimento de achar e direito de esconder.

                                                      Carlos Drummond de Andrade 
Entendendo o poema:

01 – Como o eu lírico entende o significado da palavra PROCURAR?
      Como um ato de buscar por alguma coisa, tentar encontrar, embora não tem tanta certeza do que busca.

02 – É possível caracterizar a pessoa que nos fala no poema?
      Sim, ele está na infância, época de grandes descobertas, de grandes aventuras para o conhecimento do mundo.

03 – Como é caracterizada a coisa que a gente procura muito?
      O que a gente procura muito não é isto nem aquilo. É outra coisa.

04 – Qual a atitude em relação às perguntas das pessoas?
        Não respondo, porque não é da conta de ninguém o que estou procurando.

05 – O que nosso herói acaba admitindo sobre o que tanto procura?
      Ele admite que mesmo que quisesse responder, não podia porque não sabia o que procurava.

06 – Por que nosso eterno investigador é chamado de bobo?
      Porque vive olhando aqui e ali, nos ninhos, nos caramujos, nas panelas, nas folhas de bananeira, nas gretas do muro, nos espaços vazios.

07 – O que pensa o irmão do nosso herói?
      Diz que ele não tem jeito mesmo, pois procura inventar um prazer que ninguém sentiu antes.

08 – Retire do texto a passagem em que nosso herói afirma não se dar bem com o que o mundo oferece, sentindo necessidade de procurar coisas novas.
      “...porque não sinto o prazer dos outros na água do açude, na comida, na manja, e procuro inventar um prazer que ninguém sentiu ainda.”    

09 – Qual o contraste estabelecido entre nosso herói e seu irmão?
        O irmão tem experiência de mato e de cidade, sabe explorar os mundos, as horas, e ele tropeça no possível.

10 – Que certeza tem nosso herói?
      Tem certeza que um dia irá descobrir.

11 – Por que o nosso herói constata que não poderá rir de todos?
      Porque a coisa que busca, não poderá mostrar a ninguém, haverá de ser invisível para todo mundo, menos para ele.

12 – E você? Já terminou essa eterna busca? Já resolveu essa insatisfação, já encontrou a eterna outra coisa?
      Resposta pessoal do aluno.



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