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sexta-feira, 14 de junho de 2019

CRÔNICA: SOLIDÁRIOS NA PORTA - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO - COM GABARITO


Crônica: Solidários na porta   

              Luís Fernando Veríssimo

   Vivemos a civilização do automóvel, mas atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas. Antes da roda. Luta com seus semelhantes pelo espaço na rua como se fosse o último mamute. Usando as mesmas táticas de intimidação, apenas buzinando em vez de rosnar ou rosnando em vez de morder. 
        O trânsito em qualquer cidade do mundo é uma metáfora para a vida competitiva que a gente leva, cada um dentro do seu próprio pequeno mundo de metal tentando levar vantagem sobre o outro, ou pelo menos tentando não se intimidar. E provando que não há nada menos civilizado que a civilização. 
        Mas há uma exceção. Uma pequena clareira de solidariedade na jângal. É a porta aberta. Quando o carro ao seu lado emparelha com o seu e alguém põe a cabeça para fora, você se prepara para o pior. Prepara a resposta. “É a sua!” Mas pode ter uma surpresa.
        – Porta aberta.
        – O quê?
        Você custa a acreditar que nem você nem ninguém da sua família está sendo xingado. Mas não, o inimigo está sinceramente preocupado com a possibilidade da porta se abrir e você cair do carro. A porta aberta determina uma espécie de trégua tácita. Todos a apontam. Vão atrás, buzinando freneticamente, se por acaso você não ouviu o primeiro aviso. “Olha a porta aberta!” É como um código de honra, um intervalo nas hostilidades. Se a porta se abrir e você cair mesmo na rua, aí passam por cima. Mas avisaram.
        Quer dizer, ainda não voltamos ao estado animal.

                 Luís Fernando Veríssimo. In: O suicida e o computador.
Porto Alegre: L&PM, 1992
Entendendo a crônica:

01 – A crônica de Luiz Fernando Veríssimo baseia-se em que fato do cotidiano?
a) No trânsito, as pessoas tornam-se agressivas.
b) No trânsito, as pessoas tornam-se hospitaleiras.
c) A cada dia que passa, a máquina é mais valorizada que o homem.
d) O trânsito das grandes cidades é complicado.
e) O automóvel foi a grande descoberta da civilização.

02 – “Vivemos a civilização do automóvel, mas atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas. “Antes da roda.” O trecho grifado tem o seguinte sentido:
a) Mostrar a selvageria da pessoa que dirige um carro.
b) Mostrar que a roda foi uma importante descoberta do homem.          
c) Informar ao leitor que o texto vai estabelecer um paralelo, em caráter científico, entre o homem de hoje e o da Idade da Pedra.
d) Mostrar que muitas descobertas irão ainda acontecer.
e) Existem duas alternativas corretas.

03 – “... cada um dentro do seu próprio pequeno mundo de metal tentando levar vantagem sobre o outro...” O trecho destacado aponta a seguinte reflexão:
a) O homem usa o seu próximo como “degrau” para subir na vida.
b) O homem do século XXI é altamente materialista.  
c) Nos dias atuais é grande o sentimento de competitividade e individualismo. 
d) A ideia de civilização é reforçada.
e) É preciso disputar o “seu” espaço no mundo, custe o que custar.

04 – O título desta crônica refere-se à(ao):
a) Trânsito caótico das cidades grandes.
b) Solidariedade constante no trânsito.
c) Disciplina exigida, de acordo com o novo código de trânsito.
d) Porta de esperança que temos na mudança do comportamento humano.
e) Estranha atitude do homem em demonstrar solidariedade a respeito de um simples fato aparentemente.

05 – “Vivemos a civilização do automóvel, mas atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas.” A opção em que, apesar da alteração, o sentido do trecho não foi mudado é:
a) Vivemos a civilização do automóvel, porém atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas.    
b)   Vivemos a civilização do automóvel, ainda que atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas.    
c) Vivemos a civilização do automóvel, portanto atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas.    
d) Vivemos a civilização do automóvel, mesmo que atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas.    
e) Vivemos a civilização do automóvel, porque atrás do volante de um carro o homem se comporta como se ainda estivesse nas cavernas.    

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