Conto: Homem
ao mar
Olhando o filho na praia, o pai diz
você parece eu com meu pai na primeira vez que vim à praia pulava pra lá e para
cá feito cabrito. Se tem diferença é que naquele tempo pai não falava tanto com
filho. O filho mal ouve, corre peitar as ondas, volta correndo. [...]
Você está começando a virar homem, diz
o pai quando ele volta a andar junto.
O filho olha sério o rochedo, e acerta
o passo com o pai até a areia encontrar com a rocha. Amarre bem o tênis, o pai
manda e o menino amarra justo e firme cada cordão. Sobem no rochedo e o pai diz
cuidado, hem, muito cuidado, senão tua mãe me mata. Agacham no rochedo olhando
o mar que bate lá adiante nas rochas cobertas de mariscos. O pai tira do bolso
uma lata de cerveja com linha enrolada; e, enquanto fica arrumando o anzol e a
chumbada, o filho começa com as perguntas.
Por que camarão tem tanta perna se vive
na água? O que é que faz as ondas e por que tem umas maiores que as outras? Marisco
come o que se não tem boca? Quando é que o bicho do caramujo sai lá de dentro?
Por que siri anda de lado? Por que o mar é salgado?
O pai diz que existiu um tempo quando o
mar não era salgado, os continentes eram de rocha coberta de sal e as chuvas
levaram o sal pro mar. O filho pergunta se antes de ser salgado o mar já era
mar, e antes do pai responder pergunta se o mar salgou antes ou depois do tempo
dos dinossauros.
O tempo, pai resmunga arrumando a
chumbada, o tempo perguntou pro tempo quanto tempo o tempo tem, enfia o camarão
no anzol, e o tempo respondeu pro tempo que o tempo tem tanto tempo quanto
tempo o tempo tem. Gira a linhada acima da cabeça, com a mão direita, a
esquerda segurando a lata. Lança o corpo pra frente quando lança a linhada lá
adiante das rochas; olha se o filho prestou atenção. O filho pergunta por que
os continentes eram de rocha salgada, e quem é que salgou?
Estão ali faz hora dando banho nos
camarões, o anzol sempre volta vazio mas o pai diz que não são os peixes
comendo, não estão nem beliscando, os camarões ficam presos nos mariscos. Cada
vez que puxa a linha o pai fala ainda bem que não enroscou, até que enrosca e o
filho diz puxa, pensei que nunca fosse enroscar. Riem a mesma risada, o pai
corta a linha nos dentes, tira mais um anzol do bolso das bermudas, embrulhado
num papelzinho; e só tem mais um camarão no saquinho plástico.
Começa a ventar e lá na vila dos
pescadores os homens vão amarrar os barcos, as mulheres recolhem roupa de
varal; o pai vê tudo isso, mas tão longe que não liga. O filho pergunta por que
se chama Praia da Saudade. Porque antigamente, o pai chupa o dedo picado pelo
anzol, diz que morria muito pescador no mar, deixava saudade, esse mar aí é
bravo.
Na varanda, o mar deixa ver mariscos
grandes nas rochas, e o pai avança pra jogar a linha dizendo fica aí, aquilo
ali corta que nem navalha, cair lá é o mesmo que passar um tomate num ralador.
Avança devagar pra lançar a linhada e volta com cuidado, vendo que tem menos de
uma hora de claridade, quase ninguém na praia, os últimos surfistas lagarteando
na arrebentação. O filho pergunta que hora um peixe vai morder o anzol.
O pai senta no rochedo com a lata no
meio das pernas, diz que peixe não tem relógio, vai morder na hora que quiser,
geralmente quando a gente menos espera. Então, o filho vira de costas pro mar,
não vou esperar mais.
O pai olha a praia deserta, no mar só
dois surfistas, e já venta bem. Uma onda lambe um castelo de areia. Nas rochas
já não aparecem os mariscos grandes; o mar está enchendo, diz o pai, quem sabe
traz um peixe. Ficam olhando o mar escurecer, as ondas batendo e espirrando
espuma até ali, e de repente a lata quase pula das mãos do pai. Fisgou, ele diz
com uma voz que o filho não conhece, fisgou, e o filho começa a gritar você
pegou, pai, você pegou!
Ainda não, guri, ainda não – o pai geme
lutando com o peixe, dando linha com cuidado para não folgar demais nem esticar
muito. Deve ser um sargo dos grandes, fala com voz saindo do peito, a puxada é
de sargo. O menino pergunta se sargo tem muita espinha. O peixe leva a linha
pra lá, pra cá, e o pai diz desse jeito vai cortar a linha nos mariscos; mas aí
o mar ajuda com uma onda que traz o peixe e bate água no rochedo até ali onde
eles estão, o filho assusta. O pai grita cuidado, mas o vento já limpa a
espumarada do ar e veem que o peixe está ali perto se debatendo, prateado e
grande de três palmos, maior que todos que o filho já viu e o pai já pescou. A
boca é maior que uma maçã, abrindo e fechando pra roer o girador do anzol. A
linha está ali solta pelas rochas.
O filho olha aflito o pai. Vamos
esperar outra onda pra puxar ele, o pai sussurra e o filho pergunta por que ele
está falando assim, peixe escuta fora d’água? O pai quase ri mas vê a onda
vindo, crescendo e espumando, e manda o filho ir pra trás, o mar está enchendo,
mas o menino continua ali e a onda bate nas rochas, o pai agarra o filho com um
braço e agacha debaixo duma concha enorme de espumas borrificadas. A água
escorre pelo rochedo e veem que ainda estão ali e o peixe agora está mais
perto, brilhando na última claridade do dia, um peixe lindo de dar dó.
Dá pra pegar, grita o filho, e o pai
diz você fica aqui. Enfia a lata numa fenda do rochedo, olha se vem vindo onda,
vem mais ainda longe, então vai pé ante pé, agachando um pouco mais a cada
passo, até quase tocar no peixe, esquecido da onda – e então, ao ouvir a onda
quebrando nas rochas, olha a parede de água quase ali e volta correndo, vendo
que o filho vem ao encontro. É daquelas ondas maiores que vem depois duma série
de ondas, arrebenta nas rochas e invade o rochedo espumante e pegando o menino
pela cintura, enquanto o pai perde a visão com tanta água esborrifando pelo ar.
Quando consegue enxergar de novo, a água está escorrendo de volta para o mar,
com a força de um riacho bravo, e ele sente alguma coisa bater na barriga, é o
peixe também voltando para o mar.
Só aí vê que a onda levou também o
filho, lá está ele se batendo no meio das rochas, por onde o mar recua entre
paredes de mariscos. O filho grita pai, aqui, pai, começando a nadar de peito
pra voltar ao rochedo. Ele grita que não, não volte, nada em frente! O filho
para, com a cabeça acima da água, e o pai dá graças por ter ensinado o filho a
nadar desde criancinha; mas vê a estranheza e o medo aparecendo no olhar do
menino, e sabe que em seguida pode vir o pânico. Depois vai explicar ao filho
que não se deve voltar a um rochedo na arrebentação, para não acabar jogado nas
rochas e navalhado pelos mariscos. Agora, o pai sabe que não tem tempo de
explicar nada, sabe o que deve fazer e faz: dá alguns passos até a borda do
rochedo e ali se descalça, pulando no mar e deixando as sandálias.
Pulou de ponta, sai perto do filho, vê
que outra onda já vem vindo lá atrás. Nada pra frente! – grita apontando –
Vamos furar a onda! Lê o pensamento no olhar do filho: será que ficou louco? O
pai aponta a onda e berra – Nada! – e o filho olha a onda, abre a boca
entendendo e respirando, e começam a nadar de peito encarando a onda que
cresce. A última onda que arrebentamos ainda está recuando e eles vão rápidos
levados por ela, de encontro à onda que vem. Já fizeram isso muitas vezes
brincando, e o menino não vacila, continua nadando firme e encarando a onda,
que agora se curva levantando, e chegam ao pé dela quando começa a espumar na
crista. Mergulham juntos, passam por baixo do turbilhão para não ser arrastados
de volta, e então o pai, bracejando de olhos fechados e ouvindo o ribombo da
onda, pensa nos tênis do filho.
Quando aflora a cabeça e vê o filho,
fala tira os tênis, e agora o menino obedece logo, a cabeça afunda enquanto
arranca um tênis, aflora, respira com um olhar onde o pai lê: você mesmo quem
me mandou amarrar bem, pai; e afunda de novo para arrancar o outro tênis. A
cabeça volta e o pai diz fique calmo, temos de nadar em frente e depois até a
praia, entendeu? O filho balança a cabeça e o pai diz então vamos.
Lá já vem outra onda, e vão nadando
contra ela. Calma, fala o pai, não se canse. Essa já alcançam antes de começar
a espumar, a parede curva de água azul escura, com reflexos dourados do poente
atrás deles. Mergulham, a onda passa e voltam a encarar o céu já escuro
adiante. Voltando a nadar o pai pergunta se o filho está cansado, e o menino
diz não, o pai diz não canse, vá com calma.
Furam mais uma onda e, ao aflorar o pai
não vê o filho. Gira o corpo na água, e o filho aflora, o pergunta tudo bem, o
filho balança a cabeça olhando a próxima onda. Furam mais uma, duas, três,
perdem a conta. Chegam a um ponto em que não precisam mais furar as ondas
mergulhando, são ondas sem crista, mansas, água que passa subindo e descendo, e
então o pai diz pronto – arfando – daqui voltamos pra praia – toma fôlego –
nadando de viés, entende? O filho diz tá, mas antes que comece a nadar, o pai
vê o medo no olhar dele.
Nadam olhando as luzes das casas lá
adiante, e conforme estão no alto duma onda ou no baixio entre duas ondas, ou
veem as casas e até a praia ou apenas céu dourado no horizonte. Mas de repente
o pai não vê mais o filho. Grita. Ouve gritos do filho. Quando voltam a se
achar, estão arfando assustados, e o pai quase não consegue pedir calma. O
filho olha as luzes, diz é muito longe, pai. Você tem de aguentar, diz o pai se
esforçando pra não arfar, você não nada mil metros na piscina?
Na piscina, diz o filho, com um olhar
de medo e dor.
Já mal se veem na quase escuridão entre
as ondas, mas o pai procura os olhos do filho para dizer calma, continua com
calma. O menino continua a nadar, agora nado livre, e o pai continua em nado de
peito, para não perder o filho de vista. Às vezes perde, na passagem duma onda,
mas logo voltam a nadar juntos, o pai arfando tanto que pensa meu Deus, eu é
que não vou aguentar, e começa a repetir mentalmente meu Deus, meu Deus, meu
Deus. Nunca esteve tão fora de forma na vida, tanto vinho, tanta cerveja; então
promete que, se saírem dessa, não bebe durante um ano. Passa mais uma onda, o
menino para, respira olhando para ele com um olhar que é um borrão, a boca
aberta é outro borrão, e o pai promete nunca mais beber na vida. Fala
arquejando, quase sem voz – Estamos quase na arrebentação! – e voltam a nadar
na escuridão. Quanto mais cansado fica, mais o pai pensa em tirar as bermudas,
os bolsos enchem de água, até que decide e grita pro filho esperar, afunda
lutando com a roupa. Quando se livra das bermudas, a bunda toca na areia e leva
um susto, firma as pernas e se lança para cima, aflora sem fôlego ao lado do
filho, continuam a nadar.
O filho vai com braçadas moles, lentas,
cada uma parece que vai ser a última, e de vez em quando geme ai, pai, e ele
fala vai, vai! Na arrebentação se perdem, uma onda arrastando o menino, e
depois o pai se vê sozinho com os pés na areia e água pelo peito. A onda
vazante puxa de volta para o mar e ele sabe que tem de nadar forte agora pra
sair logo dali, não tem outra coisa a fazer, então enfia a cabeça na água e vai
em nado livre, batendo no mar com braçadas duras. Nada até não aguentar mais e
aí fica de pé, seja o que Deus quiser, se o mar quiser levar agora, que leve,
ele não tem mais força pra nada; mas se vê com água pela cintura, está salvo.
Olha em volta, só água e espuma, vira-se para o mar mas sabe que não vai
conseguir voltar pra buscar o filho. Grita o nome do filho contra o vento,
grita sabendo que o filho não pode se agarrar num grito, mas grita até ficar
rouco e aí vai pra praia.
Mal consegue chegar na praia,
arrastando as pernas, os braços caídos, e vê o menino deitado na areia,
tossindo; deita junto. Ficam ali tossindo enquanto as ondas vêm lamber as
pernas. Depois o pai perguntará como ele chegou tão depressa ali, e o filho
dirá que pegou jacaré numa onda, ué, e rirão muito disso, mas agora o pai só
pergunta se ele está bem, e uma onda cobre os dois deitados, o menino corre
engatinhando até a areia seca. O pai diz bem, pra uma coisa valeu: finalmente
você pegou medo do mar.
Andam meio se arrastando na direção das
casas.
Um homem de bermudas floridas rega a
grama – e uma mulher, varrendo folhas secas, quando vê os dois, fala meu Deus!
Só aí o pai lembra que está pelado.
No dia seguinte, de noitinha, o médico
diz que amanhã já podem ir pra casa, e depois eles ficam no quarto ouvindo os
grilos no jardim do hospital. Então o filho começa de novo a fazer perguntas.
Por que não tem sanduiche em hospital? Não era bom se em casa também tivesse
cama com manivela? Não podia ter ao menos mostarda em hospital? E grilo canta
só de noitinha por que, e por que é que falam que grilo canta se só faz
cri-cri?
O pai fala que não vai responder porque
o médico falou que ele tem de descansar. Isso foi ontem, diz o menino, hoje ele
disse que você está muito bem. Chega de pergunta por um tempo, tá, o pai pede
mandando. Uma copeira deixa na mesinha a bandeja com dois pratos e a sopeira, o
menino destampa e diz hum, que nojo, é canja. O pai diz hum, que bom, é canja,
e enche os dois pratos. O filho mexe que mexe no prato com colher, mas começa a
comer e o pai diz que pra isso também valeu aquele passeio no mar, só mesmo em
hospital pro filho comer sopa. Comem, e o filho pergunta se ele vai contar pra
mãe. O pai diz que é melhor não contar, ela se preocupa demais.
O filho pergunta e você, pai, ficou preocupado?
O pai pensa um pouco e diz que ficou
preocupado sim, quando a mulher começou a bater com a vassoura.
Riem, depois o pai fala que vai ligar
pra mãe, dizendo que está no hotel, e depois vão dormir. E se ela ligar pro
hotel? – o filho pergunta e o pai diz que não quer nem pensar, e chega de tanta
pergunta.
O filho pergunta se pode fazer só mais
uma pergunta, e pergunta por que você falou que eu estou começando a virar
homem? Quando cresce pelo na gente é que vira homem? Então homem sem pelo não é
homem?
O pai diz você disse que ia ser uma
pergunta só. Pena que a gente perdeu o peixe, diz o filho com o olhar perdido
na sopa. Mas a gente sempre ganha alguma coisa, o pai também olha a sopa.
E o que é que a gente ganhou, pai?
O pai diz você já é um homem, meu
filho, você é um homem já.
Domingos Pellegrini.
Homem ao mar. In: José Paulo Paes (coord.) Histórias de aventuras. São Paulo:
Ática. 1998. p. 57-60. v. 25.
Entendendo o conto:
01 – De acordo com o texto,
de o significado das palavras abaixo:
·
Chumbada: linha de pesca.
·
Sargo: tipo de peixe.
·
Borrificadas: irrigados, molhados.
·
Ribombo: estrondo, barulho.
·
Aflorar: emergir, vir à superfície.
·
Arquejando: ofegante.
02 – A aventura está
presente em nossas vidas e ela nos ajuda a conhecer novas situações e aprender
a lidar com fatos inusitados. Que aventuras os personagens do conto
vivenciaram?
Durante uma
pescaria, o filho foi arrastado para dentro do mar e o pai tenta salvá-lo.
03 – O narrador dessa história
exerce um papel muito importante no texto, pois é ele quem apresenta os fatos
para o leitor. Nesse conto, o narrador participa da história ou ele apenas a
observa e expõe os fatos? Explique.
O narrador expõe
os fatos que observa; trata-se do foco narrativo de 3ª pessoa.
04 – O elemento espaço é
sempre muito importante em uma narrativa, pois permite que o leitor se localize
e imagine a ação com mais facilidade. Qual é o espaço principal utilizado nesse
conto e qual é a importância dele no texto?
O espaço
principal é o mar, lugar onde as aventuras se desenrolam.
05 – Após a calmaria da
pesca, pai e filho passaram por apuros no mar que os levaram a ter problemas.
a)
O que aconteceu com eles?
Eles acabaram sendo arrastados pelo mar e tiveram que enfrenta-lo
para sobreviver.
b)
De que forma eles conseguiram sair dessa
situação?
Por meio da superação do medo, buscando manter a calma.
c)
Essa situação pode ser considerada o clímax
do conto? Explique.
Sim, pois é o momento em que acontece algo fora da normalidade no
texto, fazendo a história passar por uma transformação.
06 – Assim que conseguiram
sair salvos do mar, os dois passaram por uma situação vexatória.
a)
Que situação foi essa?
O pai estava nu e assustou uma mulher na praia.
b)
Por que em uma situação como essa as pessoas
são capazes de esquecer que estão nus?
Porque as pessoas passam por um estresse tão grande que só conseguem
preocupar-se em saírem ilesas das situações de perigo.
07 – Quando estavam no
hospital, o filho perguntou ao pai se em algum momento ele teve medo.
a)
O que o pai respondeu?
Que teve medo quando a mulher começou a correr atrás dele com a
vassoura.
b)
Você acha que a resposta do pai foi sincera?
Com que intenção ele deu essa resposta ao filho?
Não, o pai teve muito medo quando estava no mar, no entanto, ao
falar para o filho que teve medo da mulher que corria atrás dele com a
vassoura, encontrou uma forma de suavizar os perigos pelos quais haviam
passado.
08 – No início do texto, o
pai diz que o filho estava virando homem e, no final, afirma que ele já é um
homem. Interprete a fala do pai em relação às mudanças do filho.
No início, o filho demonstrava mudanças
físicas, ao passo que, por meio do problema enfrentado, ele adquiriu também
maturidade, tendo um comportamento e uma atitude mais responsável.
09 – Enquanto enfrentavam o
mar, pai e filho estavam aflitos e com medo. No entanto, o pai não queria
demonstrar isso para o filho. Por que ele agiu dessa forma?
Porque não queria
que o filho entendesse que eles estavam passando por uma situação muito
perigosa, conseguindo, assim, que o filho não ficasse nervoso e entrasse em
desespero.
10 – As aventuras pelas
quais o filho passou acabaram sendo um marco na vida dele: tornou-se “homem”,
isto é, passou a ter maturidade, responsabilidade.
a)
Em sua opinião, que outras situações vividas
pelo ser humano podem representar uma transformação tão significativa?
Resposta pessoal do aluno.
b)
E você, já viveu alguma aventura que
representou uma transformação significativa? Conte para seus colegas.
Resposta pessoal do aluno.
11 – Ao falar da relação
entre pai e filho, o narrador diz que há diferenças entre antigamente e hoje em
dia.
a)
Em sua opinião, de que diferenças o narrador
estava falando?
As diferenças referem-se ao fato de que a aproximação e o diálogo
entre pais e filhos sofreram mudanças ao longo dos tempos.
b)
Por que você acha que esse comportamento
mudou? Discuta com os colegas.
Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Porque a educação de
antigamente era muito diferente de hoje. Não havia diálogo entre pais e filhos.
12 – Em vários momentos do
texto, o narrador expõe as falas dos personagens de forma direta, sem indicar
as marcações do discurso, como as aspas ou os travessões.
a)
Retire do texto exemplos que comprovem essa
afirmação?
“Olhando o filho na praia, o pai diz você parece eu com meu pai na
primeira vez que vim à praia pulava pra lá e para cá feito cabrito.”; “Você
está começando a virar homem...”.
b)
Como é possível identificar de quem são essas
falas? Explique.
Por meio da leitura atenta do texto, que permite conhecer o contexto
e saber quem é o personagem que fala.
c)
Que efeito essa ausência de marcações do
discurso acarreta na narrativa?
A narrativa torna-se mais dinâmica e envolvente, com menos pausas.
13 – No trecho “Se tem
diferença é que naquele tempo pai não falava tanto com filho.”, há um marcação
de tempo. Identifique-a e explique que sentido ela adquire ao ser empregada
dessa maneira.
Naquele
tempo. A expressão dá ideia de passado, de algo que já aconteceu em um outro
momento.
14 – O texto apresenta um
registro oral, mas especificamente no 3° parágrafo, em que há uma expressão
típica e característica da oralidade. Identifique-a e explique o sentido dessa
expressão.
Hem,
que apresenta a função de testar a comunicação, de modo a indagar alguém se
entendeu o que se estava falando.
15 – Releia os seguintes
trechos, atentando para as palavras em destaque.
“Sobem
no rochedo e o pai diz cuidado, hem, muito cuidado, senão tua mãe me
mata.”
“Marisco come o que se não tem
boca?”
Mesmo sendo semelhantes na
pronúncia, os termos destacados nos trechos são escritos de formas diferentes.
Explique por que isso ocorre.
Senão significa “do
contrário”, podendo ser substituído pelas expressões caso contrário, de outro
modo. Já a expressão se não é a junção da conjunção se
mais o advérbio não, e indica uma condição, uma alternativa, incerteza,
dúvida.
16 – Ao falar dos mariscos,
o pai faz duas comparações. Identifique-as e explique com que intenção elas
foram criadas.
O pai compara os
ferimentos feitos pelos mariscos com os feitos por uma navalha e por um ralador
de tomate. A intenção do pai foi alertar o filho do perigo, pois os mariscos
podiam causar graves machucados.
17 – Quando algum navegante
cai no mar, a tripulação costuma usar a expressão homem ao mar para que todos a
bordo ajudem a efetuar o resgate. Correlacione essa informação ao título da
narrativa e à última fala do pai, comentando o efeito de sentido do uso dessa
expressão.
O título “Homem
ao mar” na narrativa condiz com a expressão usada pelos navegantes, pois o
filho cai no mar, e depois o pai pula para salvá-lo. A expressão usada no
título também pode ser interpretada no sentido de o menino tornar-se homem, na
opinião do pai, pois, ao cair no mar e enfrenta-lo sem medo, por isso,
tornou-se homem ao mar.
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