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segunda-feira, 18 de março de 2019

HISTÓRIA: JECA TATUZINHO - MONTEIRO LOBATO - COM GABARITO

História: Jeca Tatuzinho
                   Monteiro Lobato

    Jeca morava no sítio. Era solteirão, por isso vivia só. Não totalmente, porque tinha um cão preto, sempre por perto. O apelido de Jeca-Tatu advém da maneira como vivia. Caipira assumido e sempre muito sujo. Daí o TATU, que é um animal que vive em buracos na terra.
        Morava em uma tapera cheia de buracos, onde a lua faz clarão. Também não consertava nada. No quintal só se viam um franguinho magricela, um patinho sem mãe e uma leitoazinha que corria por todos os lados em busca de alguma comida.
        Jeca, de cócoras, no quintal, tomava sol. Não calçava, pois não tinha sapatos. Um chapéu de palha, camisa xadrez e uma calça surrada.
        Plantar? Qual o que. Tinha muita preguiça. Meia dúzia de covas para o plantio de milho, e já entregava a rapadura. Buscar lenha no mato, era outra dificuldade. Vinha sempre com uns poucos gravetos nas costas.
        O melhor era descansar. Deitava-se embaixo de uma árvore e ferrava no sono. O cãozinho aderira à vida e ao caráter do dono. Estirado nas pernas do Jeca, dormia a sono solto.
        Ah! Mas marvada pinga, estava sempre por perto. Era o que atrapalhava e muito.
        Um dia passou por ali, um médico que, ao ver o Jeca naquele estado de penúria e amarelo de tanta debilidade física, compadeceu-se dele e pediu para que mostrasse a língua. Logo em seguida, disse: Você está com a língua muito suja. Com certeza está com estômago e intestinos em mau estado. Venha à cidade, em meu consultório, que vou providenciar uns exames e ver como está sua saúde.
        Jeca foi ao consultório do Doutor e depois de ter feito alguns exames, o médico concluiu que ele precisava fazer um bom tratamento, alimentar-se melhor e deixar a cachaça.
        — Além do mais, você precisava andar calçado, pois, pela sola dos pés, é que passam os micróbios que danificam a sua saúde. Mostrou, através de uma lente de aumento, a ação dos micróbios. Jeca ficou abismado com o que ficou sabendo. Até o cãozinho preto do caipira estava de testemunha do que o doutor falava.
        Na volta para casa, Jeca passou na farmácia e já mandou aviar a receita. Eram algumas vitaminas e Biotônico Fontoura, um fortificante porreta. Comprou também algumas frutas e legumes, ovos e leite, passando a se tratar melhor.
        E não deu outra. O nosso Jeca começou a ficar forte e, passando a mão em um machado, cortava lenha em abundância. Depois, quando ia ao mato buscar lenha, trazia um belo feixe na cabeça. Começou a tomar gosto pela coisa e a sua plantação de milho, feijão e mandioca começou a produzir.
        Saía para caçar e não tinha medo de nada. Ouvia a onça rugir e enfrentava a danada com socos e queda de braços. As feras corriam logo, embrenhavam-se pelo mato e Jeca ficava vitorioso no confronto. Sua fama alastrou-se na redondeza.
        Ficou gordo e bonitão. Arrumou até casamento.
        Fez uma casa maior e bem feita, com varanda e tudo mais. Andava de chapelão e botas. Teve filhos que ele também não deixava que andassem descalços, pois sabia agora quanto vale a saúde.
        Tão compenetrado era, com respeito a isso, que até seus porcos e galinhas tinham botina.
        Criava porcos em pocilgas bem construídas e, duas vezes por ano, levava-os em seu caminhão, para vendê-los no mercado da cidade. Comprou mais terras e formou uma pequena fazenda a quem deu o nome de Fazenda Feliz.
        A sua vida ficou totalmente modificada e para muito melhor. Tinha telefone, uma TV que via à noite, sentado em uma cadeira de balanço.
        A sua casa era bem arrumada, com um relógio que batia as horas. Enfim, o nosso antigo caipira era, hoje, homem de negócios e, aos domingos, ia à cidade, cavalgando um belo cavalo alazão, soltando boas baforadas de seu charuto.
        Conclusão: o Jeca de outros tempos, agora transformado em seu estado de saúde e progresso financeiro, era mesmo um vencedor na vida. Graças à modificação de sua conduta em relação à higiene, à saúde e ao trabalho.
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Entendendo o texto:

01 – Por que o caipira ganhou o apelido de Jeca Tatu?
      Porque vivia sempre muito sujo, igual ao tatu que vive no buraco.

02 – No 2°parágrafo, o que o autor quis dizer com a expressão “onde a luz faz clarão”?
      Porque sua tapera era toda furada, e a claridade da lua passava pelos buracos.

03 – Jeca Tatu levava uma vida acomodada. Cheio de preguiça e desanimado. O que motivou a mudança dos hábitos e atitudes do caipira?
      Foi um médico que passou pela casa dele e chamou pra ir ao consultório fazer uns exames.

04 – O que, em verdade, provocava o estado de abatimento de Jeca Tatu?
      Porque ele estava com anemia em estado bem avançado.

05 – A partir da visita do médico e após tratamento com fortificantes e alimentação saudável, como ficou a vida de Jeca Tatu?
      Ficou totalmente diferente. Ficou mais forte, animado, aumentou a produção da roça de milho, feijão e mandioca. Arrumou até um casamento.

06 – No 10°parágrafo, o que significa e expressão “fortificante porreta”?
      É um fortificante forte, que ajuda abrir o apetite.

07 – Jeca aprendeu a lição. Levou os conselhos do médico tão a sério que até exagerou. Retire do texto o trecho que comprova essa afirmativa.
      “Ficou tão compenetrado, com respeito a isso, que até seus porcos e galinhas tinham botinas.”

08 – Mudanças de conduta podem transformar a vida de uma pessoa. Você conhece algum caso parecido? Conte.
      Resposta pessoal do aluno.

09 – Quantas vezes por ano, ele levava os porcos para vender? Onde?
      Ele vendia duas vezes por ano. No mercado da cidade.

10 – O Jeca comprou mais terras e formou uma pequena fazenda. Qual o nome que ele colocou na propriedade?
      Ele deu o nome de Fazenda Feliz.

11 – A que o Jeca Tatu deve pela sua transformação?
      Deve a modificação de sua conduta em relação à higiene, à saúde e ao trabalho.




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