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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

POEMA: AMOR E MEDO - CASIMIRO DE ABREU - COM QUESTÕES GABARITADAS

Poema: Amor e Medo
           
                Casimiro de Abreu

Quando eu te vejo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
— "Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!"
Como te enganas! meu amor, é chama 


Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco...
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo...
Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.
O véu da noite me atormenta em dores
A luz da aurora me enternece os seios,
E ao vento fresco do cair das tardes,
Eu me estremece de cruéis receios.
É que esse vento que na várzea — ao longe,
Do colmo o fumo caprichoso ondeia,
Soprando um dia tornaria incêndio
A chama viva que teu riso ateia!
Ai! se abrasado crepitasse o cedro,
Cedendo ao raio que a tormenta envia:
Diz: — que seria da plantinha humilde,
Que à sombra dela tão feliz crescia?
A labareda que se enrosca ao tronco
Torrara a planta qual queimara o galho
E a pobre nunca reviver pudera.
Chovesse embora paternal orvalho!
Ai! se te visse no calor da sesta,
A mão tremente no calor das tuas,
Amarrotado o teu vestido branco,
Soltos cabelos nas espáduas nuas! ...
Ai! se eu te visse, Madalena pura,
Sobre o veludo reclinada a meio,
Olhos cerrados na volúpia doce,
Os braços frouxos — palpitante o seio!...
Ai! se eu te visse em languidez sublime,
Na face as rosas virginais do pejo,
Trêmula a fala, a protestar baixinho...
Vermelha a boca, soluçando um beijo!...
Diz: — que seria da pureza de anjo,
Das vestes alvas, do candor das asas?
Tu te queimaras, a pisar descalça,
Criança louca — sobre um chão de brasas!
No fogo vivo eu me abrasara inteiro!
Ébrio e sedento na fugaz vertigem,
Vil, machucara com meu dedo impuro
As pobres flores da grinalda virgem!
Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço,
Anjo enlodado nos pauis da terra.
Depois... desperta no febril delírio,
— Olhos pisados — como um vão lamento,
Tu perguntaras: que é da minha coroa?...
Eu te diria: desfolhou-a o vento!...
Oh! não me chames coração de gelo!
Bem vês: traí-me no fatal segredo.
Se de ti fujo é que te adoro e muito!
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo!...

                                                                          Casimiro de Abreu
Entendendo o poema:
01 – Do que trata o poema?
      O poema fala do amor que o eu lírico sente por sua amada, porém, ele tem medo de ceder à tentação desse amor, pois isto, poderia causar um mal à ela.

02 – A amada pelo eu lírico sabe do amor do poeta por ela?
      Não, ela não sabe e acha que o eu lírico não gosta dela, porque sempre a trata com frieza.

03 – Como o eu lírico revela seu medo?
      Ele vai revelando o motivo de seu medo através de um desabafo.

04 – Quais as imagens presentes no poema?
      As imagens presentes são a do eu lírico, do seu medo e do seu secreto sentimento de amor por sua amada.

05 – Quem é o eu lírico?
      Um homem que ama secretamente e tem medo de ceder a esse amor.

06 – Quais as características do eu lírico?
      Psicologicamente, é forte por resistir à tentação, também é triste.

07 – Em "Amor e medo", Casimiro de Abreu;
a) recomenda cautela à amada para que a luz de fogo que a cerca não revele a terceiros os segredos do casal.
b) evita os encantos da amada justamente por desejar a moça em excesso, respondendo ao amor dela com seu medo.
c) nota que a amada engana-se ao julgá-lo ardente e amoroso, pois se trata apenas de uma impressão causada pela distância que os separa.
d) evita aproximar-se da amada porque as horas longas a correr velozes em breve prejudicarão a intensidade do desejo que os une.
e) discorda da amada que afirma que ele foge dela para evitar a intensidade do amor que se alimenta no voraz segredo.

08 – Cite características do romantismo no poema.
·        Subjetivismo.
·        Egocentrismo.
·        Evasão (fuga da realidade).
·        Idealização da mulher.


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