Poema: Adormecida
Castro Alves
Uma noite, eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberta o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
‘Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, um pedaço do horizonte,
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras,
Iam na face trêmulos – beijá-la.
Era um quadro celeste!... A cada afago
Mesmo em sonhos a moça estremecia...
Quando ela serenava... a flor beijava-a...
Quando ela ia beijar-lhe... a flor fugia...
Dir-se-ia que naquele doce instante
Brincavam duas cândidas crianças...
A brisa, que agitava as folhas verdes,
Fazia-lhe ondear as negras tranças!
E o ramo ora chegava ora afastava-se...
Mas quando a via despeitada a meio,
P’ra não zangá-la... sacudia alegre
Uma chuva de pétalas no seio...
Eu, fitando esta cena, repetia
Naquela noite lânguida e sentida:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
“Virgem! – tu és a flor da minha vida!...”
Castro
Alves, Espumas Flutuantes.
Entendendo o poema:
01 – Em relação ao poema
“Adormecida”, explique de que modo se dá a identificação entre sujeito e
natureza, comum no Romantismo.
Ele se apaixonava
no lugar da flor.
02 – O poema descreve uma
cena presenciada pelo eu lírico: sua amada adormecida em uma rede. Como a jovem
é caracterizada?
Ela está
recostada “molemente” na rede, tem o roupão aberto, o cabelo solto e os pés
descalços roçam o tapete.
03 – Essa caraterização
sugere uma imagem de mulher mais sensual, diferente daquela apresentada pelos
poetas da segunda geração romântica. Justifique, exemplificando suas afirmações
com expressões do texto.
As referências ao
roupão “quase aberto”, aos cabelos soltos e aos pés descalços sugerem a
sensualidade dessa mulher. Além disso, o uso da expressão “molemente” para
caracterizar a maneira languidez que também denota sensualidade.
04 – Além da moça, outra
“personagem” aparece: o jasmineiro. Que papel ele desempenha?
O jasmineiro age
como um amante que, sorrateiramente, afaga a jovem, beija sua face e depois se
afasta quando ela tenta beijá-lo. Quando parece que a jovem vai se irritar com
suas ações, o jasmineiro derrama-lhe uma “chuva de pétalas no seio”.
05 – Transcreva as
expressões que indicam a personificação desse elemento da natureza.
As expressões usadas para qualificar os
galhos: “indiscretos”; “trêmulos”; “alegre”.
Os verbos que se referem às suas ações:
“beija-la”; “fugia”; “brincava”; “chegava”; “afastava-se”.
E a comparação da planta a uma criança
cândida: “Dir-se-ia [...] / Brincavam duas cândidas crianças...”.
06 – A personificação do
jasmineiro e as reações da jovem aos seus “beijos” contribuem para reforçar a
sensualidade da cena. Explique por quê?
Toda a descrição
que faz o eu lírico da cena sugere uma espécie de dança amorosa entre a jovem e
a natureza, repleta de sensualidade. Os estremecimentos da moça a cada “afago”
do jasmineiro, suas tentativas de retribuir os “beijos” e a chuva de pétalas
sobre o seu seio reforçam esse clima sensual.
07 – Releia:
“Ó flor! – tu és a virgem das campinas!
“Virgem! – tu és a flor da minha vida! ...”.
De que maneira, nesses
versos, o eu lírico estabelece uma relação de identificação entre a mulher e a
natureza?
No primeiro verso
transcrito, o eu lírico chama o jasmineiro de “flor”, caracterizando-o como a
“virgem das campinas”.
No seguinte, dirige-se a sua amada usando
a expressão “virgem” e a define como a flor de sua vida. A natureza e a jovem
são denominados pelas mesmas expressões, promovendo-se, dessa forma, a
identificação entre elas.
Muito bom super recomendo esse site as perguntas estão corretas e bem explicadas
ResponderExcluirperfeito
ResponderExcluirMuito obg gosteiuiti desse site e recomendo a todos
ResponderExcluirGostei
ResponderExcluiramei
ResponderExcluirEsse poema é bala, neguin.
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