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domingo, 4 de novembro de 2018

TEXTO: EU NÃO CONSIGO MAIS - JUCA KFOURI - COM QUESTÕES GABARITADAS


Texto: Eu não consigo mais
      
                                       Juca Kfouri

        “Eu não consigo mais”
        “Não é que eu não queira jogar mais, é que não consigo mais.”
        Mais claro, sincero, franco, impossível.
      Era Guga, se dirigindo aos torcedores depois de perder na estreia do Torneio Aberto do Brasil, na Costa do Sauípe, por 2 a 0, com parciais de 7/5 e 6/1.
        O nome do vencedor, um tenista argentino, sinceramente, e sem nenhum menosprezo, não interessa.
        Porque sem que tenha culpa disso, ele como é como o forasteiro que ganha o duelo com o velho xerife já sem forças, por mais que tenha sido o melhor do oeste, do sul e do norte e do leste.
       Guga não consegue mais, depois de ter conseguido ser o número 1 do mundo por quase uma temporada inteira.
        Não entender a dor de Guga, não entender o sofrimento de Guga, não entender o prazer de Guga, não entender o esforço de Guga e não entender a despedida de Guga não é só não entender de Guga, é não entender a vida que, como a de Guga, é repleta de altos e baixos.
        A de Guga, aliás, muito mais de altos do que baixos.

              Juca Kfouri. Disponível em: http://blogdofuca.blog.uol.com.br
                                                                                             Acesso em: 0 nov. 2011.
Entendendo o texto:
01 – Na crônica do dia anterior, o jogador argentino fora apresentado através de uma oração subordinada adjetiva explicativa. Já nesse segundo momento, o cronista refere-se a ele “como o forasteiro que ganha o duelo com o velho xerife já sem forças”. Essa oração subordinada adjetiva restritiva singulariza o jogador? Explique sua resposta.
      Não. Ela não singulariza o jogador, pois tem como antecedente “o forasteiro”. Assim, o adversário, que já não era valorizado na crônica anterior, é agora tratado como ainda menos importante.

02 – Por que se pode afirmar que a oração subordinada adjetiva restritiva “que ganha o duelo com o velho xerife já sem forças” tem sentido pejorativo?
      Porque ela remete a uma personagem dos filmes de faroeste que tem por característica ser um falso herói e, portanto, um herói desprezível: é aquele que constrói sua vitória sobre a fraqueza circunstancial do outro e não sabe sua própria força.

03 – Nesse texto, Guga não é qualificado mediante orações subordinadas adjetivas. Para explicar seu sofrimento, seu prazer, sua despedida, o que o cronista qualifica é a vida, que é repleta de altos e baixos. Qual é o efeito criado por essa oração subordinada adjetiva explicativa no texto?  
      Ela traz ao texto o senso comum: qualquer leitor já sentiu na pele que a vida tem momentos de alegria e de tristeza, de sucesso e de fracasso, de expansão e de recolhimento. O cronista, que no texto anterior exaltou Guga por ser mais talentoso, bem-sucedido, esforçado e competente do que a maioria das pessoas, agora desperta a compreensão e a simpatia do público ara com ele, exatamente por ser igual a todos naquilo que é inerente ao ser humano (estar exposto às contrariedades da vida).                               

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