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domingo, 18 de novembro de 2018

REPORTAGEM: A INFÂNCIA NÃO PODE ESPERAR - MÁRCIA LOPES

Reportagem: A infância não pode esperar


       O trabalho infantil vem caindo em nosso país, como resultado da redução da pobreza, mas há desafios importantes a superar                                                
                                                                            Márcia Lopes

        A meta, fixada pela ONU, é um dos nossos compromissos do milênio: erradicação das piores formas de trabalho infantil até 2016. Durante a 2ª Conferência Global sobre o Trabalho Infantil, em Haia (Holanda), da qual participamos, relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelou a complexidade do desafio para todo o mundo. O cenário mundial inspira muito cuidado: são 215 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, obrigadas a trabalhar, a maioria exercendo algum trabalho considerado "perigoso" ou com jornada extensa. A voz daqueles a quem se dirige nosso compromisso dá cor dramática às estatísticas, como o apelo do indiano Kinsu Kumar, 14, há seis livre do trabalho da rua, no encerramento do evento: "Vocês são aqueles que podem acabar com o trabalho infantil, porque têm dinheiro, têm as leis, vocês têm que agir rápido". Ao mesmo tempo, temos chamas de esperanças que se acendem pelo mundo, e o Brasil faz parte dessa empreitada, pois o mesmo relatório indica que conseguiremos erradicar as piores formas de trabalho infantil na meta fixada.
        Como conseguir isso? Por meio da proteção social integrada, educação universalizada, Assistência Social, fortalecimento do mercado de trabalho para os adultos e garantia de renda básica, como o programa Bolsa Família. O reconhecimento da atuação do governo brasileiro resultou no convite para que o Brasil sedie a próxima Conferência Global, em 2013. A proteção e o cuidado com as crianças e adolescentes são política de Estado no Brasil, sendo um dos pilares centrais de nossa Constituição. A partir de 2003, o combate ao trabalho infantil é elevado à condição de meta presidencial. Essa decisão política se concretizou no Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil, de 2004, como resultado de intenso trabalho entre governo e sociedade civil. Mas estamos seguros de que não vamos erradicar essa mazela pela atuação de um plano ou de seus defensores.
        É preciso incorporá-la de forma determinada, no cotidiano, como meta prioritária e compromisso ético e político dos Estados, municípios e Distrito Federal, da sociedade organizada, de empregadores, trabalhadores e das famílias. Nesse sentido, temos enfrentado as duas graves consequências da nossa formação social e econômica ao longo da história, desde a colonização: a pobreza e a desigualdade social, responsabilizando o Estado como o provedor de políticas públicas garantidoras de direitos, de caráter universal, de qualidade e respeitando a diversidade étnica, racial e de gênero presente no território brasileiro.
        O trabalho infantil vem caindo em nosso país, como resultado da redução da pobreza e da desigualdade e das ações específicas para seu enfrentamento. Contudo, ainda temos desafios importantes a superar, como o trabalho doméstico e rural, além da exploração sexual. É necessário reconhecer especificidades do país e desenvolver estratégias de gestão integradas para cada situação concreta. É preciso ainda romper com a visão conservadora de que o trabalho infantil é possibilidade de aprendizado e ascensão social e continuar fomentando o pacto nacional em defesa dos direitos das crianças e da Erradicação do Trabalho infantil. Temos também de manter os olhos abertos ao nosso redor, pois esse combate é nosso, de todos os homens e mulheres do mundo. Tudo para que nosso novo tempo seja o tempo de crianças que tenham o direito de serem crianças. E que a voz do jovem Kumar não nos permita esquecer: temos pressa.

Márcia Lopes é ministra do Desenvolvimento Social e combate à fome
Artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, de 06 de julho de 2010
Entendendo o texto:
01 – O texto que você acabou de ler é um artigo de opinião, O que significa isso?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Artigo de opinião tem o propósito de apresentar a opinião do autor sobre um tema polêmico, sendo sua fundamentação feita com base em argumentos.

02 – Você acha importante que textos desse gênero sejam publicados? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Os artigos de opinião são importantes porque apresentam diversos pontos de vista e podem esclarecer o leitor sobre determinados assuntos.

03 – Você considera necessário discutir a questão do trabalho infantil? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: Todos os temas sociais devem ser discutidos com frequência a fim de expor as atuais condições em que o país se encontra, e procurar encontrar as soluções necessárias.

04 – Nesse texto, qual é a opinião, isto é, o ponto de vista defendido pela autora em relação ao trabalho infantil?
a)   É preciso aumentar a fiscalização em relação ao trabalho infantil.
b)   É preciso cumprir a meta de erradicar o trabalho infantil até 2016.
c)   É preciso que a Constituição do Brasil tenha como um dos pilares centrais a proibição do trabalho infantil.

05 – Segundo a autora, de que modo será possível acabar com o trabalho infantil até 2016?
      Por meio da proteção social integrada, da educação universalizada, da assistência social, do fortalecimento do mercado de trabalho para os adultos e da garantia de renda básica.

06 – Complete o trecho do texto com os dados estatísticos que ele informa.
        “O cenário mundial inspira muito cuidado: são 215 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, obrigadas a trabalhar, a maioria exercendo algum trabalho considerado "perigoso" ou com jornada extensa.”

07 – Explique, qual é a função de dados estatísticos em um texto.
      Os dados estatísticos servem para confirmar a veracidade do que está sendo dito e para reforçar a opinião do autor do texto. Os dados estatísticos constituem, portanto, um dos argumentos utilizados pela autora para defender seu ponto de vista.

08 – Releia um dos argumentos utilizados pela autora para defender a ideia de que criança não pode trabalhar.
        “A voz daqueles a quem se dirige nosso compromisso dá cor dramática às estatísticas [...]”
A quem o termo em destaque se refere? Assinale a alternativa correta.
a)   Aos membros presentes no encontro.
b)   Às crianças vítimas do trabalho infantil.

09 – Com que intenção a autora reproduziu a fala do menino indiano que foi vítima do trabalho infantil?
      Dar mais veracidade à matéria e também comprovar que existe trabalho infantil.

10 – A autora, na ocasião em que escreveu esse texto, era ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. De que maneira um cargo público pode influir na opinião da autora do artigo?
      Esse cargo faz com que ela fale do ponto de vista dos governantes. Isso faz com que a autora, além de apresentar o problema, proponha uma solução para ele.

11 – Para você, esse texto apresenta uma visão otimista ou pessimista em relação à erradicação do trabalho infantil? Explique como você chegou a essa conclusão.
      Resposta pessoal do aluno. Sugestão: O texto apresenta uma visão otimista, pois mostra que o trabalho infantil ainda existe, mas tem diminuído e muitas coisas têm sido feitas para erradica-lo. Ou seja, é um grave problema social, mas pode ser combatido com medidas adequadas.


     


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