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terça-feira, 13 de novembro de 2018

CONTO: O CACHORRO ENGRAÇADINHO - CECÍLIA MEIRELLES - COM GABARITO

Conto: O cachorro engraçadinho
                        
                 Cecília Meirelles

        Há coisa mais triste que um menino sem irmãos nem companheiros, fechado num apartamento? Foi por isso que a família resolveu arranjar um cachorrinho para brincar com o filho único. Os brinquedos, afinal, são máquinas e acabam por enfastiar; o cachorrinho é um brinquedo vivo, quase humano, o melhor amigo do homem etc. E veio o cachorrinho, muito engraçadinho. Todos os cercaram, encantadíssimos. Dizem que os cães sempre se parecem com os seus donos: este parecia-se com os donos, com os amigos dos donos e até com os empregados da casa. Não se pode ser mais amável. Era pretinho, lustroso, com umas malhas cor de mel em certos lugares do focinho e do corpo. Orelhas sedosas e moles, e um rabinho que o menino logo descobriu poder funcionar como manivela. E assim o utilizou.
        O cachorrinho também parecia contentíssimo, e pulava para cá e para lá, e às vezes parecia um cavalinho em miniatura. Mas era uma miniatura Pinscher.
        Não era só engraçadíssimo; era inteligentíssimo. Se lhe ensinassem, creio que chegaria a atender o telefone. Instalou-se no apartamento como se fosse o seu principal habitante. A vida passou a girar em torno dele. Deram-lhe coleira, casaquinho, osso artificial para brincar, puseram-lhe nome, compraram-lhe biscoitos. Pensando bem, era muito mais feliz que o menino de cuja felicidade se cogitava. Talvez ele até entendesse o que diziam a seu respeito, pois a cozinheira reparou que sua inteligência excedia a das criaturas humanas. Via-o fitar um ponto no vazio, acompanhar uma presença invisível, para a qual latia, demonstrando ser um animal dotado de poderes sobrenaturais: um cãozinho vidente. Nessas condições, nem precisava entender a nossa linguagem: podia captar diretamente os pensamentos...
        O cachorrinho engraçadinho recebia as visitas com grande efusão. Mordia-as de brincadeira nas pernas e nos braços, às vezes puxava um fio de meia - mas era muito engraçadinho - dava saltos verticais que nem um bailarino, e, como estava na muda dos dentes, babava as pessoas com muito entusiasmo e de vez em quando deixava cair por cima delas um de seus dentinhos, tão brancos e primorosos que pareciam de matéria plástica.
        Além de receber as visitas, o cachorrinho engraçadinho sentava-se ao lado delas, acompanhava com os olhos as suas expressões, despedia-se delas com muita gentileza.
        Acostumou-se de tal modo à família que não quis mais dormir sozinho, passou a ocupar o melhor lugar das camas, como ocupava o das poltronas.
        E quis também comer à mesa, escolhendo uma cadeira e colocando as patinhas no lugar que a etiqueta recomenda, e que já bem poucas pessoas conhecem como se pode observar em qualquer restaurante.
        Até certo ponto o cachorrinho engraçadinho foi um divertimento, salvo quando molhava os tapetes ou as almofadas.

Vocabulário:

Artificial: Postiço, fabricado, não natural
Captar: entender, compreender
Cogitar: pensar, raciocinar, imaginar
Dotado: favorecido, beneficiado, que tem o dom natural
Efusão: fervor de amizade, com grande alegria
Enfastiar: entediar, aborrecer
Etiqueta: conjunto de cerimônias no trato de muitas pessoas, regra estilo
Exceder: superar, ultrapassar
Fitar: olhar, fixar a vista, o pensamento, a atenção em alguma coisa.
Lustroso: reluzente, brilhante, polido
Pinscher: raça de cachorro de baixa estatura e de porte pequeno.
Primoroso: perfeito, distinto, excelente
Salvo: exceto, afora
Sedosos: que tem seda, semelhante à seda, peludo, macio.
Sobrenatural: superior ao natural, excessivo, sobre-humano, que excede as forças da natureza, que não tem explicação.
Vidente: que profetiza, que tem a faculdade de visão sobrenatural de cenas futuras.

Entendendo o conto:
01 – Explique com suas palavras as frases abaixo, considerando que o sentido da palavra artificial é o mesmo do texto.
a) Sentia uma alegria artificial.
      Sentia uma alegria superficial.

b) Deram-lhe um osso artificial.
      Deram-lhe um osso falso.

c) Comprei flores artificiais na floricultura.
      Comprei flores de plásticos na floricultura.

d) O cachorrinho tinha uma vida artificial.
      O cachorrinho tinha uma vida não natural.

02 – Reescreva as frases, substituindo as palavras sublinhadas por sinônimos. Consulte o vocabulário do texto ou o dicionário.
a) "Os brinquedos, afinal, são máquinas e acabam por enfastiar".
      Os brinquedos, afinal, são máquinas e acabam por entediar-se

b) Pensando bem, era muito mais feliz que o menino de cuja felicidade se cogitava".
      Pensando bem, era muito mais feliz que o menino de cuja felicidade se refletia.

c) "Sua inteligência excedia a das criaturas humanas".
      Sua inteligência superava a das criaturas humanas.

d) "Nem precisava entender a nossa linguagem: podia captar diretamente os pensamentos".
      Nem precisava entender a nossa linguagem: podia compreender diretamente os pensamentos.

03 – “O cachorrinho engraçadinho recebia as visitas com efusão".
a) (  ) timidez
b) (X) fervor de amizade
c) (  ) balançando o rabinho.

04 – “O cachorrinho foi um divertimento, salvo quando molhava os tapetes ou as almofadas".
a) (  ) afora
b) (X) contrário
c) (  ) permitido

05 – “E quis também comer à mesa, escolhendo uma cadeira e colocando as patinhas no lugar que a etiqueta recomenda".
a) (  ) costume
b) (  ) selo de compra
c) (X) normas, regras.

06 – Numere os parênteses de acordo com a ordem dos acontecimentos no texto.
a) (2) Todos ficaram encantadíssimos com o cachorrinho.
b) (1) A família resolveu comprar um cachorrinho para o menino.
c) (4) À medida que o tempo passava, o cachorrinho foi se tornando um membro da família e até sentava-se à mesa.
d) (5) O único fato que contrastava com sua inteligência e o colocava na condição de animal era que molhava os tapetes e as almofadas.
e) (3) O animalzinho se adaptou facilmente ao convívio com a família.

07 – Retire do primeiro parágrafo a pergunta com a qual a autora se dirige ao leitor.
      “Há coisa mais triste que um menino sem irmãos nem companheiros, fechado num apartamento?”      

08 – De acordo com a descrição que a autora faz do cachorrinho, vamos fazer uma ficha com suas características.
a) raça: Pinscher.
b) tamanho: Miniatura.
c) cor: Preto.
d) pelo: Tinha umas malhas cor de mel.
e) focinho e corpo: Possui algumas manchas.
f) orelhas: Sedosas e moles.
g) rabo: Rabinho fino.

09 – Qual a diferença entre brinquedo mecânico e o cachorrinho, segundo o texto?
      O brinquedo mecânico, não tem vida e o menino acabava por enfastiar.
      O cachorrinho, é um brinquedo vivo, quase humano.

10 – A autora descreve muito pouco o ambiente e a família com a qual o cachorrinho foi morar. Observe com atenção todos os detalhes que o texto fornece e responda. Qual é a classe social da família? Por quê?
      Ele parecia contentíssimo, e pulava pra lá e pra cá.

11 – Quando o cachorrinho chegou, puseram-lhe nome. Que nome você daria a ele?
      Resposta pessoal do aluno.

12 – Você concorda que o cachorro é o melhor amigo do homem? Justifique.
      Resposta pessoal do aluno.

13 – Assinale a opção correta. Qual era o comportamento do animalzinho com as visitas?
a) (  ) raivoso, bravo
b) (  ) indiferente, não ligava para nada
c) (X) alegre, contente.

14 – Assinale a opção correta. O cachorrinho do texto é descrito:
a) (  ) pelo menino.
b) (  ) pelos pais.
c) (X) pelo descritor do texto.

15 – Explique a frase: "Os brinquedos, afinal, são máquinas e acabam por enfastiar."
      É que os brinquedos não possui movimento próprios.

16 – Você concorda que um cachorro possa ocupar, dentro de casa, o lugar de uma pessoa? Justifique sua resposta.
      Sim. Porque tem animal que só falta falar; mas, entende tudo o que você fala.

17 – Que outro título você daria ao texto?
      Resposta pessoal do aluno

3 comentários:

  1. Me ajudou muito estava estudando para uma prova ai vim nesse cite e sabia que na prova ia ter esse texto e todas essas perguntas estavao la entao super me ajudou muito obg

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