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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

CONTO: O GATO DE BOTAS (CHARLES PERRAULT) - COM INTERPRETAÇÃO/GABARITO


Conto: O Gato de Botas
                         
                       (Charles Perrault)

        Era uma vez um moleiro muito pobre, que tinha três filhos. Os dois mais velhos eram preguiçosos e o caçula era muito trabalhador.
        Quando o moleiro morreu, só deixou como herança o moinho, um burrinho e um gato. O moinho ficou para o filho mais velho, o burrinho para o filho do meio e o gato para o caçula. Este último ficou muito descontente com a parte que lhe coube da herança, mas o gato lhe disse: 
        -- Meu querido amo, compra-me um par de botas e um saco e, em breve, te provarei que sou de mais utilidade que um moinho ou um asno. 
        Assim, pois, o rapaz converteu todo o dinheiro que possuía num lindo par de botas e num saco para o seu gatinho. Este calçou as botas e, pondo o saco às costas, encaminhou-se para um sítio onde havia uma coelheira. Quando ali chegou, abriu o saco, meteu-lhe uma porção de farelo miúdo e deitou-se no chão fingindo-se morto. 
        Excitado pelo cheiro do farelo, o coelho saiu de seu esconderijo e dirigiu-se para o saco. O gato apanhou-o logo e levou-o ao rei, dizendo-lhe:
        -- Senhor, o nobre marquês de Carabás mandou que lhe entregasse este coelho. Guisado com cebolinhas será um prato delicioso. 
        -- Coelho?! – exclamou o rei.
        -- Que bom! Gosto muito de coelho, mas o meu cozinheiro não consegue nunca apanhar nenhum. Diga ao teu amo que eu lhe mando os meus mais sinceros agradecimentos. 
        No dia seguinte, o gatinho apanhou duas perdizes e levou-as ao rei como presente do marquês de Carabás. 
        Durante um tempo, o gato continuou a levar ao palácio outros presente, todos dizia ser da parte do Marquês de Carabás. 
        Um dia o gato convidou seu amo para tomar um banho no rio. Ao chegarem ao local o gato disse ao jovem:
        -- De hoje em diante seu nome será Marquês de Carabás. Agora, por favor, tire sua roupa e entre na água.
        O rapaz não estava entendendo nada, mas como confiava no gato atendeu seu pedido. 
        O gato havia levado rapaz no local por onde devia passar a carruagem real. 
        O esperto gato ao ver uma carruagem se aproximando começou a gritar:
        -- Socorro! Socorro! 
        -- Que aconteceu? – perguntou o rei, descendo da sua carruagem. 
        -- Os ladrões roubaram a roupa do nobre marquês de Carabás! – disse o gato.
        -- Meu amo está dentro da água, ficará resfriado. 
        O rei mandou imediatamente uns servos ao palácio; voltaram daí a pouco com um magnífico vestuário feito para o próprio rei, quando jovem. 
        O dono do gato vestiu-se e ficou tão bonito que a princesa, assim que o viu, dele se enamorou. O rei também ficou encantado e murmurou: 
        -- Eu era exatamente assim, nos meus tempos de moço. 
        O rei convidou o falso marquês para subir em sua carruagem. 
        -- Será que a vossa majestade nos dá a honra de visitar o palácio do Marquês de Carabás? – perguntou o gato, diante do olhar aflito do rapaz.
        O rei aceitou o convite e o gato saiu na frente, para arrumar uma recepção para o rei e a princesa. 
        O gato estava radiante com o êxito do seu plano; e, correndo à frente da carruagem, chegou a uns campos e disse aos lavradores: 
        O rei está chegando; se não lhes disserem que todos estes campos pertencem ao marquês de Carabás, o rei mandará cortar-lhes a cabeça. 
        De forma que, quando o rei perguntou de quem eram aquelas searas, os lavradores responderam-lhe:
        -- Do muito nobre marquês de Carabás. 
        -- Que lindas propriedades tens tu! – elogiou o rei ao jovem.
        O moço sorriu perturbado, e o rei murmurou ao ouvido da filha: 
        -- Eu também era assim, nos meus tempos de moço. 
        Mais adiante, o gato encontrou uns camponeses ceifando trigo e lhes fez a mesma ameaça: – Se não disserem que todo este trigo pertence ao marquês de Carabás, faço picadinho de vocês.
        Assim, quando chegou a carruagem real e o rei perguntou de quem era todo aquele trigo, responderam: 
        -- Do mui nobre marquês de Carabás. 
        O rei ficou muito entusiasmado e disse ao moço:
        -- Ó marquês! Tens muitas propriedades! 
        O gato continuava a correr à frente da carruagem; atravessando um espesso bosque, chegou à porta de um magnífico palácio, no qual vivia um ogro muito malvado que era o verdadeiro dono dos campos semeados. O gatinho bateu à porta e disse ao ogro que a abriu: 
        Meu querido ogro, tenho ouvido por aí umas histórias a teu respeito. Dizei-me lá: é certo que te podes transformar no que quiseres? 
        -- Certíssimo – respondeu o ogro, e transformou-se num leão. 
        -- Isso não vale nada – disse o gatinho. – Qualquer um pode inchar e aparecer maior do que realmente é. Toda a arte está em se tornar menor. Poderias, por exemplo, transformar-te em rato? 
        -- É fácil – respondeu o ogro, e transformou-se num rato.
        O gatinho deitou-lhe logo as unhas, comeu-o e desceu logo a abrir a porta, pois naquele momento chegava a carruagem real. E disse:
        -- Bem-vindo seja, senhor, ao palácio do marquês de Carabás. 
        -- Olá! – disse o rei.
        -- Que formoso palácio tens tu! Peço-te a fineza de ajudar a princesa a descer da carruagem. 
        O rapaz, timidamente, ofereceu o braço à princesa e o rei murmurou-lhe ao ouvido:
        -- Eu também era assim tímido, nos meus tempos de moço. 
        Entretanto, o gatinho meteu-se na cozinha e mandou preparar um esplêndido almoço, pondo na mesa os melhores vinhos que havia na adega; e quando o rei, a princesa e o amo entraram na sala de jantar e se sentaram à mesa, tudo estava pronto.
Depois do magnífico almoço, o rei voltou-se para o rapaz e disse-lhe: 
        -- Jovem, és tão tímido como eu era nos meus tempos de moço. Mas percebo que gostas muito da princesa, assim como ela gosta de ti. Por que não a pedes em casamento? 
        Então, o moço pediu a mão da princesa, e o casamento foi celebrado com a maior pompa. O gato assistiu, calçando um novo par de botas com cordões encarnados e bordados a ouro e preciosos diamantes. 
        E daí em diante, passaram a viver muito felizes. E se o gato às vezes ainda se metia a correr atrás dos ratos, era apenas por divertimento; porque absolutamente não mais precisava de ratos para matar a fome... 

Entendendo o conto:
01 – Quando o moleiro morreu, como sua herança foi dividida entre seus três filhos?
      O mais velho ficou com o moinho; o burrinho ficou com o filho do meio; e para o caçula ficou o gato.

02 – Qual foi a preocupação do filho mais novo? Por quê?
      A preocupação foi a herança que recebeu, como ele iria conseguir sobreviver.

03 – Quais os objetos que o gato pediu a seu amo?
      Ele pediu um saco e um par de botas.

04 – Entre as três herança, qual delas você escolheria?
      Resposta pessoal do aluno.

05 – Qual foi o título que o gato inventou para o seu amo?
      Marquês de Carabás.

06 – Que animal o gato caçava para presentear o rei?
      Ele caçava coelhos.

07 – Onde o rei conheceu o dono do gato?
      No rio, onde o gato inventou que tinha sido assaltado e o amo tinha ficado sem roupas.

08 – Procure no dicionário o que significa Marquês.
      É um título que acompanha a posse de um marquesado.
      Senhor ou chefe militar a quem estava confiada a guarda das marcas ou fronteiras de um Estado.

09 – Em qual animal pequeno o bruxo ogro, se transformou?
       Ele se transformou num rato.

10 – E como o gato de botas se livrou do bruxo ogro?
       O gatinho deitou-lhe logo as unhas, comeu-o.

11 – Qual foi a fala do rei, para poder encorajar o rapaz a pedir sua filha em casamento? 
      “-- Jovem, és tão tímido como eu era nos meus tempos de moço. Mas percebo que gostas muito da princesa, assim como ela gosta de ti. Por que não a pedes em casamento?” 





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