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terça-feira, 14 de agosto de 2018

CRÔNICA: DIÁLOGO DE TODO DIA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - COM GABARITO

Crônica: Diálogo de todo dia
    
                Carlos Drummond de Andrade 


        Alô, quem fala?
        -- Ninguém. Quem fala é você que está perguntando quem fala.
        -- Mas eu preciso saber com quem estou falando.
        -- E eu preciso saber antes a quem estou respondendo.
        -- Assim não dá. Me faz o obséquio de dizer quem fala?
        -- Todo mundo fala, meu amigo, desde que não seja mudo.
        -- Isso eu sei, não precisava me dizer como novidade. Eu queria saber é quem está no aparelho.
        -- Ah, sim. No aparelho não está ninguém...
        -- Como não está, se você está me respondendo?
        -- Eu estou fora do aparelho. Dentro do aparelho não cabe ninguém.
        -- Engraçadinho. Então, quem está fora do aparelho?
        -- Agora melhorou. Estou eu, para servi-lo.
        -- Não parece. Se fosse para me servir, já teria dito quem está falando.
        -- Bem, nós dois estamos falando. Eu de cá, você de lá. E um não conhece o outro.
        -- Se eu conhecesse não estava perguntando.
        -- Você é muito perguntador. Note que eu não lhe perguntei nada.
        -- Nem tinha que perguntar. Pois se fui eu que telefonei.
        -- Não perguntei nem vou perguntar. Não estou interessado em conhecer outras pessoas.
        -- Mas podia estar interessado pelo menos em responder a quem telefonou.
        -- Estou respondendo.
        -- Pela última vez, cavalheiro, e em nome de Deus: quem fala?
        -- Pela última vez, e em nome da segurança, por que eu sou obrigado a dar esta informação a um desconhecido?
        -- Bolas!
        -- Bolas digo eu. Bolas e carambolas. Por acaso você não pode dizer com quem deseja falar, para eu lhe responder se essa pessoa está ou não aqui, mora ou não mora neste endereço? Vamos, diga de uma vez por todas: com quem deseja falar?
        Silêncio.
        -- Vamos, diga: com quem deseja falar?
        -- Desculpe, a confusão é tanta que eu nem sei mais. Esqueci. Chau.
Fonte: Livro - Ler, entender, criar - Língua Portuguesa - 6ª série - Ed. Ática-2003 - p.216-17.

Entendendo a crônica:

01 – Qual é o assunto do texto? Quem e quantos são os personagens?
      Um diálogo através do telefone. São dois personagens: quem ligou e quem recebeu a ligação. 

02 – A função do telefone é facilitar a comunicação entre as pessoas. No texto, lido isso ocorreu? Por quê?
      Não. Porque os personagens não chegaram a um entendimento quanto a identificação.

03 – Qual elemento (palavra) do texto pode ser responsável pelo problema da comunicação entre os interlocutores da narrativa lida?
      “Ninguém”.

04 – A palavra “obséquio” poderia ser substituída sem perda de sentido por qual palavra? Por que provavelmente a pessoa utilizou esse termo e não uma expressão mais comum?
      “Favor”. Porque ele já estava aborrecido com aquela situação.

05 – Identifique no texto marcas de oralidade, ou seja, expressões que são utilizadas com frequência na fala.
        Aparelho”, “perguntas”, “respostas”.

06 – No texto lido, é comum marcas de oralidade? Por quê?
      Porque é um diálogo com muitas repetições.

07 – Retire do texto dois exemplos de emprego de pronomes de acordo com a norma padrão da língua.
      “... servi-lo” – (neste caso a terminação verbal é em R por isso o pronome assume a forma lo)
      “... não lhe perguntei” – (o pronome aqui tem função de objeto indireto).

08 – Sabendo que a crônica é uma narrativa curta com temas relacionados à situações ocorridas no cotidiano, podemos dizer que a linguagem empregada é adequada ao texto? Por quê?  
      Sim, porque a linguagem utilizada é caracterizada por informal, pois há uma proximidade entre o autor e as personagens, já que estas estão sendo analisadas sobre o ponto de vista do narrador que na maioria das vezes é observador.
    09 - O leitor percebe a presença de um narrador?
           Uma única vez, quando aparece a palavra "silêncio".
   
 10 - Como o leitor fica sabendo se os participantes do diálogo são homens ou mulheres?
        O leitor percebe que são homens porque um fala com o outro utilizando expressões como "engraçadinho". "perguntador", "meu amigo", "para servi-lo", evidenciando o gênero masculino.

  11- Ao ler o texto, o que o leitor pode concluir a respeito de cada personagem, do lugar em que elas estão e da ocasião em que esse diálogo acontece?
        Nada.

   12 - O leitor nota já nas duas primeiras falas do texto que um dos participantes do diálogo entende ao pé da letra o que o outro fala. Encontre no texto um exemplo dessa situação.
         Existem vários. Eis alguns: "Me faz o obséquio de dizer quem fala?, 'Todo mundo fala, meu amigo, desde que não seja mudo". "Eu queria saber é quem está no aparelho".

   13 - Compare o título do texto ao próprio texto. Qual é a principal oposição entre eles?
           O título sugere um diálogo comum, que todo mundo conhece, mas o que o leitor encontra é uma confusão entre as personagens que participam desse diálogo,



9 comentários:

  1. Qual é o espaço ? Tempo? Situação inicial? Conflito ? Clímax? Desfecho? E o resumo?

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    1. O local onde fica o telefone. Alguns minutos. Alô. Não havia resposta. Toda a conversa ficou em perguntas sem a resposta que ele queria. Uma conversa informal sem conclusão.

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  2. foi muito util ,pois eu estava estudando com inhas colegas por chamaDA DE VIDEO o texto tava no cll ,mais esse site me ajudou muito

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  3. Quais são os casos em que o emprego de pronomes retos do caso oblíquo aparece no texto e quais as palavras a que se referem?
    Justifique o título do texto.

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