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sábado, 7 de julho de 2018

TEXTO: A CRIAÇÃO DA HUMANIDADE - LUIS DONIZETE GRUPIONI - COM GABARITO

Texto: A Criação da Humanidade

   Ana Carolina é uma menina inquieta, sempre querendo aprender mais sobre as coisas. “Como? – por quê? – quem? – pra quê?” são perguntas que ela vive repetindo. Seu pai não tem muita paciência para ficar respondendo a tantas perguntas. A mãe acredita que ela será uma cientista quando crescer. A professora gosta das perguntas, mas fica brava quando a Ana não dá qualquer chance para seus amigos também perguntarem.
        Um dia a professora estava falando sobre a origem do mundo, do universo e das pessoas. E contou a teoria científica do início de todas as coisas: “Uma grande explosão ocorreu no céu e surgiram muitos planetas, astros e estrelas. A Terra, que ardia em brasa, foi resfriado e apareceram os primeiros sinais de vida. Estes foram se tornando complexos e se diferenciando. Milhares de anos depois surgiram os macacos, que foram evoluindo e que teriam dado origem aos homens. Por isso, eles são tão parecidos conosco”.
        Ana Carolina, maravilhada com o que tinha acabado de ouvir, lembrava dos macacos que vira no zoológico e que poderiam ser seus parentes ancestrais.
        Mal a professora terminou de falar, ela se ergueu e disse que sabia de uma outra história sobre a origem de tudo. Contou que sua avó tinha lido para ela uma história que estava na Bíblia e que era mais ou menos assim: “No início só havia Deus. Então ele resolveu criar o mundo todo com todas as coisas que existem. Fez isso em poucos dias. Aí Deus criou, com barro, o primeiro homem e deu a ele o nome de Adão. Mas Adão vivia triste pelo Paraíso e então Deus tirou uma costela dele e fez uma mulher para ficar com ele. Era Eva. Eles se casaram e tiveram filhos e então surgiu toda a humanidade”.
        A professora elogiou a prontidão da menina e perguntou se alguém mais sabia sobre outras histórias a respeito da origem do mundo e das coisas. Lá no fundo da sala, uma outra menina levantou o braço e gritou: “Minha mãe me contou uma história bem diferente”. A professora logo adivinhou que devia se tratar de uma história sobre os índios, pois a mãe de Juliana era antropóloga. Os antropólogos são pesquisadores que durante vários meses vão morar junto com os índios para aprender suas línguas, suas culturas, suas tradições. Dito e feito: a pequena Juliana se levantou e contou uma história dos índios Waiãpi, que segundo ela moram em várias aldeias lá nas florestas do Amapá, bem perto da fronteira do Brasil com a Guiana Francesa.
        “Minha mãe aprendeu esta história com uma amiga dela que foi morar um tempo junto com os índios Waiãpi. A história é assim: no início o criador, que se chama Ianejar, estava sozinho. Ele não gostava de estar sozinho. Então um dia ele foi apanhar mel e resolveu fazer uma mulher. Ele soprou e o mel virou uma mulher. Aí ele falou para a mulher ir na roça e buscar mandioca. O sol foi esquentando e a mulher de mel derreteu. Ianejar estranhou a demora da mulher e foi ver o que tinha acontecido. Chegou na roça e só viu o cesto que ela tinha levado. Então Ianejar foi buscar arumã, que é um tipo de palmeira. Ele soprou e o arumã virou uma mulher. “Vai lá na roça buscar mandioca”, disse Ianejar. A mulher foi, voltou e fez uma bebida com a mandioca ralada, chamada caxiri. Ianejar disse que o caxiri estava azedo e muito ruim. Depois a mulher foi na mata buscar imbaúba e fez duas flautas: uma pequena e a outra grande. Ianejar soprou a flauta grande e saíram muitas pessoas. A mulher de arumã soprou na outra flauta e saíram muitas mulheres. Naquele tempo, não havia pessoas, só Ianejar e sua mulher. Mas, depois disso, a Terra ficou cheia de Waiãpi.”
        Juliana já estava quase sem fôlego quando terminou de contar a história. Disse que os índios têm muitas histórias que nós não conhecemos e que eles vivem de forma diferente. Disse também que nós podemos aprender muitas coisas com eles e que devemos respeitá-los. Mesmo assim, alguns meninos riram da história de Juliana, mas Ana Carolina estava séria. Ela tinha prestado atenção em tudo. Diferentemente de outras vezes, não veio com o seu “Como? – por quê? – quem? – pra quê?”. Quieta e pensativa, tomou uma decisão: queria aprender mais coisas sobre os índios. Afinal, eles fazem parte da nossa mesma humanidade.
                              Luís Donizete Grupioni. Revista Nova Escola.
                                São Paulo: Abril, novembro, 1992.
Entendendo o texto:

01 – Quem é a personagem central do enredo maior o texto?
      Ana Carolina.

        Explique como ela é caracterizada:
a)   Pela professora;
Interessada, atenciosa.

b)   Por seus pais;
Perguntona, curiosa.

c)   Pelo narrador;
Inquieta, curiosa, interessada, maravilhada com os conhecimentos.

d)   Por você.
Resposta pessoal do aluno.

02 – Como se chama a personagem que conta a história aprendida com os índios? Identifique o único adjetivo usado pelo narrador para caracterizá-la.
      Juliana – pequena.

03 – Que outros adjetivos você usaria para caracterizá-la?
      Resposta pessoal do aluno.

04 – Explique o sentido das frases abaixo:
a)   “A professora elogiou a prontidão da menina...”.
A professora ficou satisfeita com a boa vontade, a presteza da menina.

b)   “Estes foram se tornando complexos e se diferenciando.”
Estes foram se tornando diversificados e diferentes. (Estes foram se transformando, se diversificando, se diferenciando.)

05 – Qual das histórias você achou mais interessante? Por quê?
      Resposta pessoal do aluno.

06 – O que significa dizer que os índios “fazem parte da nossa mesma humanidade”?
      Todos os seres humanos têm uma origem comum, traços comuns.

07 – Por que alguns meninos riram da história contada por Juliana?
      Porque ela contou uma história de índios, que têm uma maneira muito diferente da nossa de explicar os fatos.

08 – Qual foi a reação de Ana Carolina depois de ouvir a história de Juliana? Por quê?
      Ela ficou pensativa, quieta, séria: queria aprender mais sobre o assunto.

09 – Juliana demonstrou que tem admiração e respeito pelos indígenas. Por que você imagina que ela tem esse comportamento diante de uma outra cultura, ou seja, de outro modo de pensar, de crer, de agir, de viver?
      Resposta pessoal do aluno.

10 – Será que todas as pessoas pensam como Juliana? Que trecho do texto pode comprovar a sua resposta?
      As pessoas têm opiniões diferentes. “Alguns meninos riram da história”; “Ana Carolina estava séria.”

11 -  Qual seria a sua reação se estivesse na classe de Juliana ouvindo a história dela?
      Resposta pessoal do aluno.


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